terça-feira, 26 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 8

- OTOMAR -
Eu conheci Otomar bem antes de ser inaugurada a Emissora de Educação Rural, de Natal. A emissora foi inaugurada em 1958 e nós já estavamos unidos em movimentos católicos na cidade. Otomar era presidente da JEC - Juventude Estudantil Católica -e eu, juntamente com Arlindo Freire, João Batista de Oliveira, Alda Leda Freire, Aline, Déusa e outros mais, intregavamos a JOC - Juventude Operária Católica. Nesse tempo Otomar Lopes Cardoso era magrinho assim como eu e Arlindo. Ele era um entusiasta da JEC, junto com Jardelino e outros jovens estudantis da época. Nós trabalhavamos no Jornal A ORDEM que funcionava no prédio do que seria a Nova Catedral. Nós viviamos fazendo artigos de jornal, onde era o chefe de redação Manoel Chaparro, um jovem português, além de outros redatores também ligados a JEC, como Marcos Guerra e Ney Lopes. Eu lembro que no ano de 1956, o ano que eu entrei na JOC, Otomar, Arlindo e vários outros membros da JEC e da JOC, inclusive eu, fomos com o Dom Eugênio Sales para um encontro de jovens na praia de Ponta Negra, em uma pousada mantida pela Igreja naquele lugar. Foi uma festa e tanto entre horas de estudos, com participação das moças dos dois movimento e também do movimento JIC e JUC. A JAC - Juventude Agraria Católica - não tinha ainda nascido por esse tempo. A JIC era dos moços Independentes e a Juc era dos moços universitários. - moços e moças, para bem dizer. Otomar e Arlindo eram os presidentes da JEC e da JOC. Passado o tempo, veio a inauguração da Emissora de Educação Rural, em 1958. O seu diretor era então Otomar Lopes Cardoso. Com ele, Arlindo Freire, Nadja Lopes, prima de Otomar, e mais Ney Lopes, Marcos Guerra e Manoel Chaparro inaugurou-se o primeiro jornal que havia no Estado: o Mesa Redonda. Esse jornal radiofônico era o máximo dos jornais. Cada um trazia a sua materia para ler, dabater, discutir, coisa que hoje se faz em canal de televisão. Porém, Otomar e seus amigos já faziam esse jornalismo em 1958 e durante mais tempo.
Eu ingressei na Emissora em 1960. Otomar era o seu diretor. Como de costume, tudo era festa. Sem a participação de Otomar eu estreiava um programa de cinema que muito tempo depois eu soube que um outro apresentador estava começando a fazer da Tv Clube de Pernambuco. Isso, já nos idos de 1970, muito tempo depois. Todos os dias eu estava reunido com Otomar e outros dirigentes da Radio Rural. A emissora guardava seus rádios cativos em uma sala vizinha a nossa, no prédio da Igreja onde mais tarde se construiu a Catedral. Era uma sala até bem espaçosa e cheia de rádios cativos. Esses rádios só pegavam o sinal da Radio Rural e eram distribuidos pelo interior do Estado onde a Igreja desenvolvia o ensino do primeiro grau: as chamadas "Escolas Radiofônicas" e que depois foi encampada pelo Governo Federal através do MOBRAL. Em Natal e no interior do Estado, Dom Eugênio, o mentor do programa, então Arcebispo de Natal, continuaria por mais tempo com Escolas Radiofônicas. Era por isso que a Radio era Emissora de Educação Rural, destinada ao homem do campo no seu ensino. Tendo à frente Otomar Lopes Cardoso, a estação continuava em seu ritmo sempre voltado para o camponês. Praticamente, a Rádio não fazia programas patrocinados. Quando Otomar teve que deixar a direção da emissora, por conseguir emprego mais promissor, a Rádio Rural continuou a sua marcha. Esse tempo foi mais ou menos o mesmo que eu saía da emissora. Como jovem destemido ele foi assesssor da presidencia da Petrobras, no Rio de Janeiro, e presidente da Álcalis - Companhia Nacional de Álcalis onde esteve até se aposentar há quatro anos passados. Em Natal, ele, quando era jovem, morava na rua Afonso Pena, perto da esquina da Rua Jundiaí. Seu pai, Omar, não era tão rico como demonstrava ser. Otomar estudou no Colégio Marista de Natal. O seu falecimento ocorreu no domingo passado, dia 24/01/2010 após ter sido internado durante 117 dias devido a uma enfermidade no sistema neurológico. Otomar era casado com Déa Lopes Cardoso e deixou quatro filhos.

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