sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 11

- DALILA -

CONTO

Dalila chegou naquela pensão havia alguns meses. Mulher esbelta, cabelos lisos e castanhos, busto proeminente, pernas de coxas torneadas. Era o encanto do salão nas noites da semana e, principalmente aos sábados. Logo que Dalila chegou à capital, foi um murmúrio por parte dos assiduos frequentadores do bordel, algo em torno de muito luxo. Todos queriam dormir com Dalila, porém nem todos teriam esse direito. Coberta de jóias e roupa de cetim, tecido de seda macio e brilhante, era ela o êxtase de quantos frequentavam o bordel. Com o seu jeito próprio de ser, olhos de amêndoas, largos e brilhantes, nariz afilado e boca extensa como uma tâmara madura, Dalila tinha em todo o seu porte o prazer natural das divas do além. Braços longos e bem toneados, mãos cujos dedos eram um feitiço de prazer. tudo isso tornava a dama na mulher inebriante para quem a que pudesse ver. Entre as mulheres, Dalila era a mais bonita. Entre as formosas, Dalila era a favorita. E todos os frequentadores do bordel diziam a uma só voz que aquela ninfa era de fazer o comércio fechar. Quando Dalila falava ao ouvido do seu parceiro, ele se punha a sorrir incontinente. E se falasse de amor, era o simbolo da inocência virginal. Tudo enfim que Dalila pedisse era um prazer em satisfazê-la, mesmo que o ilustre homem de negócio tivesse que buscar nos horizontes do encantamento. A seiva amor no saber da meiga, pura e extasiante Dalila era algo divino e incontido. As meigas ilusões da qual Dalila era fatal eram para deixar os augustos ébrios enlouquecidos de eternos devaneios. A ilusão dos falsos carinhos que brotavam da dama era uma seta mortal que acertava em cheio o coração do ser apaixonado. Na frigidez dos encantos da dama, mal sentia o homem a imortal falta de um calor desejado. Por momentos fulgurantes e profanos o homem não sabia que alí havia falta de ternura e ausência de desejo. Contudo, era assim o fortuito prazer que lhe oferecia a eterna mulher dos sonhos do ardor. Mesmo assim, enloquecido pelos incontidos desejos, o magistral senhor estava preso aqueles encantos e sedução da senhora dama. Entre as novas mentiras soltas no falar sorrateiro da mulher amada, o enigmático ser lhe daria toda a atenção sem se impotar com a contradição das palavras cheirando a rosas. E a saudade, aquele que teria a ventura de amar por instantes aquela dama dos eternos sonhos não buscava esquecer, pois não faria para não empobrecer o seu temido coração lancetado. Assim, a mulher era capaz de iludir os amargos corações abstratos por não encontrar em outro lar o seu verdadeiro aconchego. Dalila, deslumbrante de bela tecia a teia das quimeras e ilusões incontidas como que o prazer lanceado ficasse no eterno dom de amar. Buscando o sofisma de que o amar era sempre nos lábios trazer, baixando as quimeras perdidas, ela conduzia o seu amante para o feitiço da inoportuna vida. A rosea cruz pregada entre sombrios desejos, não se fazia divina ou magestosa aquela dama que ao discerrar a cortina de sua vida como era a sua ilusão verdadeira cheia de amargor e travo. Do fundo do peito de Dalila vinha um sonho desfeito como herança de amor. Ela estava ali obrigada pelo oficio a amar dentro do vício aquele pobre amado das desilusões perdidas. Um dia, ela era apenas um amargo fim. Tudo fora ilusão de um sonho que obrigava a dama, baixinho, começar a chorar.

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