quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

RIBEIRA - 418

- GIVALDO -
Hoje, eu tive um sonho com Givaldo. Creio que bem poucos sabem quem foi Givaldo. Eu e ele trabalhamos juntos em uma emissora de rádio de Natal - Rn - e depois estavamos juntos em redações de jornais e tvs lutando pela vida. Givaldo Batista de Moura foi da Marinha do Brasil onde entrou na marra. No seu tempo era assim. Pegava-se o menino que não estava fazendo nada e se punha na Marinha. Lá, o menino se fazia rapaz e continuava a vida de Marinheiro por um tempo imenso. Com Givaldo foi assim. Porém, a vida lhe reservava surpresas. E em uma delas, Givaldo deixou a farda. Ele voltou para Natal sem eira nem beira. E então me procurou em uma rádio onde eu trabalhava. Depois dos choros, lá estava Givaldo comigo, a trabalhar. No Rio de Janeiro, ele experimento fazer também cinema. Em um dos filmes, - um filme de Tarzan, ele era um chefe indígena. Para saber falar ingles, isso nem importava. Apenas ele trabalhava como um nativo e tudo bem. Givaldo trabalhou, quando ainda estava no Rio, na redação da Radio Globo. Mas, as agruras da vida fizeram com que ele voltasse para Natal. Um fato que ocorreu quando ele era repórter na rádio que eu trabalhava deu o maior escândalo que já se viu.Foi em um incendio em uma sapataria. Givaldo estava escalado para cobrir o fato. Foi então que o Delegado falou que havia dois suspeitos: Pepe dos Santos e Paulo Saulo. Givaldo pegou a entrevista gravada de que esses dois - repórteres do Diário de Natal - eram os princiais suspeitos. E divulgou a informação. Pra que!!!! Foi um tumulto. Lá estava João Neto, chefe de redação, vindo mordendo os bofes e exigindo que Givaldo desmentisse o que foi dito. Eu, com chefe de redação da rádio, disse a João Neto que não desmentia o reporter, pois a matéria foi gravada. Então, depois de muita arenga, eu coloquei uma resalva do Diário de Natal onde dizia que seus dois funcionários não eram suspeitos. E lá se foi o caso. O Coronel da PM se zangou e ordenou que a rádio fizesse uma nova matéria pois Pepe e Paulo eram os dois responsáveis pelo fogo da sapataria. Lá foi Givaldo para a Polícia pegar a entrevista - gravada - do Coronel. Mas, conversa vai, conversa vem e tudo acabou em pizza. Quando nós estavamos em um jornal da cidade, veio outra matéria.Um médico foi assassinado a mando de sua mulher. Matéria "quente", de primeira mão, com exclusividade. Givaldo era do novo o repórter. Mas, a matéria não saiu porque a mulher que teve seu nome envolvido era a irmã de outro redator desse mesmo jornal. Foi um balde dágua na cabeça de Givaldo. Matéria "quente" que não pode ser divulgada. Então, ele mudou de endereço; Rádio Poti. Eu estava lá. Novamente Givaldo e eu. Nós fizemos um chafurdo e tanto. A Rádio Poti era a mais famosa da cidade. E assim ficamos nós na mesma casa. Em 1990, Givaldo foi para a TV Ponta Negra. Eu estava lá, também. Fizemos um estardalhao com matérias envolvendo casos terriveis de se divulgar. Fizemos de tudo em matéras policiais. Eu era o chefe de redação e Givaldo era o repórter. Chega 1995. Givaldo, ao meio dia, se despede e vai para a sua casa. Um sábado. Givaldo no almoço. Foi então que o coração de velho repórter parou. Comoção total na cidade. Morre Givaldo de Moura. Assim é a vida. Givaldo se foi para sempre mas ficou a sua memória. Hoje, eu sonhei com ele: revólver na cintura e o bolso da camisa cheio de umas plantas de cheiro suave como era a vida de alguém que um dia se mostrou competente para ser reporter.

2 comentários:

Walter Medeiros disse...

Givaldo era um vivedor. Foi Rei Momo do Caranval de Natal. Na redação da República, uma vez, ele ligou para uma delegacia e o soldado perguntou quem queria falar com o delegado. Ele disse que era o Capitão Gay. O soldado se enquadrou todo: sim senhor, capitão. Doutor, é o Capitão Gay. E Givaldo deu boas gargalhadas com o delegado e os colegas de redação que assistiam a ligação. Era a época em que Jô Soares fazia o personagem que tinha aquele nome, na TV.

Gilsuly Moura disse...

É com grande emoção que hoje por acaso do destino venho encontrar esta bela homenagen ao meu pai, realmente foi um grande homem, grande vivedor muito obrigado senhor Alderico Leandro, não tenho palavras para expressar minha emoção.