sábado, 1 de novembro de 2008

RIBEIRA - 170

LINDA BLAIR

Quem não viu O Exorcista, na verdade é uma grande pena. É um clássico do cinema no sobrenatural. Seu ano de produção foi 1973 e, depois, em 2003, foi posta uma nova versão com onze minutos de acrescimos de cenas que dá primeira vez foram suprimidas. No elenco do filme está Linda Blair que nasceu em Saint Louis, Missouri, no dia 22 de janeiro de 1959. Linda tem o nome completo: Linda Denise Blair. Antes de estrear em O Exorcista, sua grande performance aos 14 anos, Linda participou, aos 9 anos de idade de uma série da TV americana que foi um grande passo para o início do seu estrelato. Linda participou também de vários comerciais para tv, o que chamou a atenção dos executivos da Warner Brothers.
Em 1973, aos quatorze anos interpretou a menina de doze anos Regan McNeil. Na versão para o público, Regan é a filha da atriz Chris McNeil, interpretada por Ellen Burstyn. No filme, Regan é uma jovem possessa que é incitada pelo demônio a se masturbar com um crucifixo, falar palavrões, usar o idioma latim, movimentar objetos e móveis com a mente, provocar o padre Damien Karas e Merrin. Regan dobra a cara em 360 graus C., faz aparecer a mãe do padre Damien, que está morta e levita ante o olhar perpléxo de sua mãe e os dois padres. Um deles, Damien, se projeta para fora, caindo escada a baixo e morrendo na rua. Foi um verdadeiro turbilhão na vida de Linda Blair. Com este papel ela foi indicada para o Oscar na categoria de atriz coadjuvante e também para o Globo de Ouro, cuja estatueta Linda exibe em sua casa na cidade de Los Angeles. Logo depois de O Exorcista, ela fez vários outros filmes, trabalhando com atores e atrizes de muito talento. Para ela tudo isso estava sendo como uma escola, trabalhar com pessoas como Richard Burton era a realização de um sonho. Hoje, atua como atriz e produtora. Em 2007, Linda fez uma participação especial na segunda temporada da série Supernatural.
Desconhecida por ter apenas em O EXORCISTA o reconhecimento do público e da crítica, que não conseguiu mais vê-la em outra produção sem associá-la ao seu grande sucesso e que com o passar dos anos, teve uma carreira sepultada com filmes de péssima categoria. Aos 49 anos, o rosto de Linda ainda lembra o da garota Regan de O Exorcista e será desta forma que a atriz será sempre recordada.Linda era uma criança prodígio e já aos 12 anos somava mais de 75 aparições em comerciais de televisão e participação em uma série de tv, em 1968, além de dois filmes onde fazia personagens pequenos, em 1970 e 1971. O papel em O Exorcista veio em 1973, depois que Linda foi selecionada entre mais de 600 candidatos, O seu diretor, William Friedkin, foi aclamado como o melhor do ano com a estatueta do Globo de Ouro, valendo também para a melhor atriz Ellen Burstyn, Melho Ator coadjuvante para Jason Miller, Melhor Atriz Coadjuvante para Linda Blair, alem de melhor Edição, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Segundo circulou na imprensa, na época, Linda Blair realmente estava cotada como favorita para ganhar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu desempenho em O Exorcista, porém,quando os membros do júri descobriram que em várias cenas do filme foi usada uma dublê, além de um boneco em tamanho real e que a atriz Mercedes McCambridge fez a voz da garota possuída, mudaram de idéia.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

RIBEIRA - 169 A


RIBEIRA - 169

O EXORCISTA
O Dia das Bruxas é um evento tradicional e cultural, que ocorre nos países anglo-saxônicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e orígem as celebrações pagãs dos antigos povos celtas. A origem do Halloween remonta as tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcadas diferenças em relação às atuais abóboras ou da famosa frase "Gostosuras ou travessuras", exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o halloween nao tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão. (Samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta. A celebração do halloween tem duas origens que no transcurso da História foram se misturando:
Origem Pagã
A origem tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objetivo dar culto aos mortos. A invasão das Ilhas Britânicas pelos Romanos (46 a.C.) acabou mesclando a cultura latina com a celta, sendo que esta última acabou minguando com o tempo. Em fins do século II, com a evangelização desses territórios, a religião dos Celtas, chamada drudismo, já tinha desaparecido na maioria das comunidades. Pouco sabemos sobre a religião dos druidas, pois não se escreveu nada sobre ela; tudo era transmitido oralmente de geração para geração. Sabe-se que as festividades do Samhain eram celebradas muito possívelmente entre os dias 5 e 7 de novembro. Eram precedidas por uma série de festejos que duravam uma semana, e davam início ao ano novo celta. A "festa dos mortos" era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para nós seriam "o céu e a terra". Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. A festa era celebrada com ritos presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como "médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.
Origem Cristã
Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar "Todos os Mártires". Três séculos mais tarde a Igreja Católica transformou um templo romano dedicado a todos os deuses num templo cristão e o dedicou a "Todos os Santos"., a todos os que nos precederam na fé. A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas a Igreja mudou a data para 1º de novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Na tradução para o inglês, a vigilia era chamada All Hallow's Een (Vigilia de Todos os Santos). Com o passar do tempo ficou sendo chamada de Halloween.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

RIBEIRA - 168

JOANA D'ARC
Joana d'Arc por vezes chamada a donzela de Orleans, é também santa padroeira da França e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos Armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva. Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo. Shakespeare tratou-a como uma bruxa. Voltaire escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a ridicularizava, intitulado "A Donzela de Orléans". A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha. O gesto do Papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, Joana deixou de ser uma heroína da Direita. O Parlamento francês estabeleceu uma festa nacional em sua honra no segundo domingo de maio. Em 9 de maio de 1920, cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente reabilitada, sendo canonizada pelo Papa Bento XV - era a Santa Joana d'Arc. Em 1922 foi declarada padroeira da França.
Joana nasceu em Domrémy, na região de Lorena, na França. A data de seu nascimento é imprecisa, de acordo com seu interrogatório em 24 de fevereiro de 1431, Joana teria dito que na época tinha 19 anos portanto teria provavelmente nascido em 1412. Filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée, tinha mais quatro irmãos: Jacques, Catherine, Jean e Pierre, sendo ela a mais nova dos irmãos. Seu pai era agricultor e sua mãe lhe ensinou todos os afazeres de uma menina da época. Em seu julgamento Joana d'Arc afirmou que desde os 16 anos ouvia vozes divinas. Segundo ela em seu julgamento, a primeira vez que escutou a voz, ela vinha da direção da igreja e acompanhada de claridade e uma sensação de medo. Dizia que às vezes não a entendia muito bem e que as ouvia duas ou três vezes por semana. Entre as mensagens que ela entendeu estavam conselhos para frequentar a igreja, que deveria ir a Paris e que deveria levantar o domínio que havia na cidade de Orléans. Posteriormente ela indentificaria as vozes como sendo do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margaret. O arcanjo São Miguel é o líder dos exércitos celestiais. Santa Catarina é definida as vezes como uma figura apócrifa a cavalo dos séculos III e IV que morreu com uma idade similar a de Joana, também erudita, persuadiu o imperador Maximiliano II que deixasse de perseguir os cristãos. Foi condenada a morrer na roda - um sistema de tortura que fraturava os ossos -.
Aos 16 anos, Joana foi a Vaucouleurs onde recorreu para que o Exercito lhe cedesse uma escolta até Chinon, para assim não temer enfrentar o território hostil dominado pelos ingleses. Quase um anos depois ela foi enviada. Portando roupas masculinas até a sua morte, Joana chegou a Chinon. Sozinha, na presença do Rei, ela o convenceu a lhe entregar um exercito com o intuito de libertar Orléans. Convencidodo que ouvira de Joana, o rei entregou-lhe às mãos uma espada, um estandarte e o comando das tropas francesas, para seguir rumo à libertação da cidade de Orléans que há oito meses era governada pelas tropas inglesas. Munida de uma bandeira branca, Joana chegou a Orléans em 29 de abril de 1429. Comandando um exército de 4000 homens ela consegue a vitória sobre os invasores.
Cerca de um mês após a sua vitória sobre os ingleses em Orléans, ela conduziu o rei Carlos VII à cidade de Reims onde este foi coroado. Joana assistiu a consagração de uma posição privilegiada, acompanhada de seu estandarte. Teoricamente Joana já não tinha nada mais a fazer no Exército já que havia cumprido sua promessa que as vozes lhe haviam dado. No entanto, os ingleses dominavam Paris e enquanto fosse assim o Rei Carlos não teria domínio sobre à França. E a luta continuava. Joana foi ferida por uma flecha durante a tentativa de entrar em Paris. Na primavera de 1430, Joana d'Arc foi presa. Enquanto se decidia quem ficaria com a prisioneira - se ingleses ou franceses - o tempo foi passando. Em Ruão, para onde foi mandada ficou presa em uma cela escura vigiada por cinco homens. Joana vivia seus piores tempos. O processo contra Joana começou em janeiro de 1431 e ela se converteria um heroína nacional. Dez sessões foram feitas sem a presença da acusada, apenas com a apresentação de provas, que resultaram na acusação de heresia e assassinato. Joana foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas 19 anos na Praça do Mercado , às 9 horas, em Ruão. Antes da execução ela se confessou e foi administrado o sacramento da Comunhão. Entrou, vestida de branco, na praça cheia de gente. Após lerem o veredicto, Joana foi queimada viva. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena para que não se tornassem objeto de veneração pública. Era o fim da heroína francesa.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

RIBEIRA - 167

SANTA INQUISIÇÃO
Inquisição é um termo que deriva do ato judicial de inquirir, o que se traduz e significa perguntar, averiguar, pesquisar, interrogar. No contexto histórico europeu, conforme alguns entendimentos filosóficos atuais, a Inquisição foi uma operação oficial conduzida pela Igreja Católica a fim de apurar e punir pessoas por heresia. É a inspiradora dos tribunais, do direito à defesa do réu e da averiguação dos fatos. Só funcionava para cristãos (católicos) e apenas em assuntos de fé e de moral. A Inquisição ganhou mais relevo na época da Reforma (para os católicos) ou Contra-Reforma (chamada assim pelos protestantes) com as crescentes suspeitas populares.. Portanto, trata-se de uma inquirição, em assuntos de fé, evitando a condenação de alguém sem investigação prévia. Tecnicamente, Inquisição é confundida com "Tribunal do Santo Ofício". O segundo é uma entidade que tem por função fazer inquisições. Ao contrário do que é comum pensar. o "Tribunal do Santo Oficio" é uma entidade juridica e não tinha forma de executar penas. O resultado da inquisição, feita a um réu, era entregue ao poder régio, muitas vezes com o pedido de que não houvesse danos nem derramamento de sangue. Este tribunal era muito comum na Europa a pedido dos poderes religiosos, pois queriam evitar condenações por mão popular.
As origens da Inquisição remontam a 1183, na averiguação dos cátaros de Albi, no sul da França por parte de delegados pontificios, enviados pelo Papa. A instituição da Inquisição se deu no Concilio de Verona. Numa época em que o poder religioso se confundia com o poder real. o Papa Gregório IX, em 20 de Abril de 1233, editou duas bulas que marcam o reinício da Inquisição. Nos séculos seguintes, ela julgou, absolveu ou condenou e entregou ao Estado - que aplicava a pena capital, como era comum na época - vários de seus inimigos propagadores de heresias. Convém lembrar que ser cristão era entendido para lá de uma religião. Ser cristão era a maneira comum de ser e pensar. Um inimigo do cristianismo era entendido como inimigo do pensar comum e da identidade nacional.
Já em pleno século XV, os reis da Espanha solicitam e obtém do Papa a autorização para a introdução de um Tribunal do Santo Oficio: a Inquisição. Tal instituição afigurava-se necessaria para garantir a coesão num país em unifficação e que recentemente conquistara terras aos mouros muçulmanos na Peninsula Iberica e expulsara alguns dos judeus, por forma a obter a unidade nacional que até alí nunca existira. A ação do Tribunal do Santo Oficio tratou de mais casos depois da conversão de alguns judeus e mouros que integravam o novo reino. Alguns judeus e mouros preferiram renegar as suas religiões, e abraçar o cristianismo, a abandonar a nova terra conquistada. A estes é dado o nome de "cristãos-novos". Alguns esqueciam de fato a religião dos seus antepassados, outros continuavam a praticar secretamente a antiga religião. O Tribunal da Santa Inquisição, em Espanha católica tornou-se no imaginário coletivo, uma das mais tenebrosas realizações da humanidade. Mais tarde, n Itália e em Portugal o Papa autorizou a introdução de instituições similares. Em Portugal o rei tomou como alternativa ameaçar com a criação de uma inquisiçao régia. A Inquisição Portuguesa tinha de dar cobrimento a todos os territórios do Império. No Brasil, a Inquisição predominounos Estados da Bahia, Pernambuco, Maranhão e no Pará. Seu fim só veio acontecer por volta do ano de 1820. Mas a Igreja Católica permaneceu com uma nova congregação: a Congregação para a Doutrina da Fé, que, no passado. era o Tribunal da Santa Inquisição.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

RIBEIRA 166

MEL VERDE
Este é o significado em tupy-guarani do
Trio Yrakitan
Nessa foto se vê o trio em sua formação original, com os três rapazes, Gilvan Bezerril, Edinho e João Costa, quando fazia uma ponta em um filme nacional, depois que eles voltaram da viagem que fizeram pelo norte do pais, América Central, indo parar na cidade do México. Muito já se tem dito sobre o cancioneiro do Nordeste e a sua contribuição para a música popular brasileira. Desta forma, qualquer coisa que se disser, se está fazendo um retrospécto do que, um dia, foi dito, desde o xaxado, o xote ou mesmo o baião, criação de Luis Gonzaga e Humberto Texeira. E, ao se falar no nordeste, não se deve esquecer do Rio Grande do Norte, lugar de onde saíram vertentes da música popular, como Núbia Lafayete, Francisco Elion, Mirabô para não se dizer do Trio Maraya e mesmo o Trio Yrakitan, este, o grupo de maior expressão da região e um dos mais respeitados e admirados do país. Quem falar em Natal, hoje, com Marina Elale, há de se lembrar também do Trio Yrakitan.
Surgido em Natal (Rn) em 1948 - alguns dizem que foi em 1947 - o grupo era formado por Edilson Reis de França - Edinho -, que tocava violão, Paulo Gilvan Duarte Bezerril, no afoxé e João da Costa Neto, no tantã. Até 1950, o conjunto era tímido, fazendo apresentação fora de Natal, somente no Recife. Quando o conjunto resolveu viajar pelo norte do pais, pegando a América Cental e depois chegando ao México, viu-se deslumbrado com a aparelhagem sonora do país, fazendo televisão e chegando ao cinema, interpretando uma cena em "Leva-me em Teus Braços", estrelado por Ninon Sevilha. Nesse filme, o trio deixou gravado entre outras canções, o êxito de Dorival Caymmi, "O Vento". Depois do sucesso no México, os tres rapazes retornaram a Natal, onde foram recebidos com entusiasmo pela população, desfilando em carro aberto, onde se estampava a alegria do que eles eram contemplados. Depois de alguns dias em Natal, o trio viajou para o Rio de Janeiro, onde, na Radio Nacional, assinou contrato e então, trabalhou em uma duzia de filmes e gravou seu primeiro disco, em 1955, na Gravadora Odeon. Muitos consideram o Trio Yrakitan uma espécie de versão nacional do famoso grupo mexicano Trio Los Panchos, pelo seu repertório e estilo de interpretação. De um jeito o de outro, ainda hoje, o Trio Yrakitan é um refrigério para a alma brasileira.

RIBEIRA - 165

TRIO YRAKITAN
O Trio Irakinta, que significa na língua tupi "Mel Verde" é um conjunto vocal originalmente formado por Gilvan Bezerril, Edinho e João Costa. O Trio foi formado no ano de 1948 e se apresentava nos programas de auditório da Rádio Poty, fazendo relativo sucesso, até porque era um conjunto novo e só conhecido em Natal. O início foi uma época difícil para os tres rapazes, bem novos, por sinal. Com o tempo passando, o trio teve a oportunidade de conhecer Recife, onde fez grande sucesso. É bom lembrar que Gilvan Bezerril é de Pernambuco, o único da história que ainda hoje está vivo e cantando no seu conjunto. No ano de 1950, o trio iniciou um novo trajeto, partindo para Fortaleza (Ce), Maranhão, Belém, Amazonas e dai seguiu para terras mais distantes, percorrendo toda a América Central. As vezes cantando, outras, não. Foi uma viagem árdua quando Gilvan, Edinho e João Costa, para sobreviver, foram obrigados a comer farinha seca que parecia ter sido misturada com querosene. Não era obrigadoa isso. Mas foi tudo o que acharam em um vagão de trem para comer. Esse trem era de carga e ele pediram passagem ao motorneiro que os colocou em um dos tais vagões. Vida dificil para quem estava acostumado a fazer uma talvez boa refeição, aqui, em Natal (Rn). É bom lembrar que Edinho morava em uma casa de taipa, no centro da cidade, o que mostra que a vida não era lá essas coisas. Era uma casinha, pequena, por sinal. João Costa morava no bairro de Petrópolis, na avenida Hermes da Fonseca, logo no seu inicio. A casa era feita de tijolos, porém, não era tão grande assim. Gilvan, seguia a mesma rotina dos dois amigos.
Na viagem pela América Latina, eles visitaram a Venezuela, Colômbia, Caribe e o México. Com pouco ou nenhum dinheiro, no México eles procuraram uma Rádio e disseram ser brasileiros. Apesar de esperar uns bons momentos, alí, assimilaram toda a cultura méxicana, e passaram a cantar a música popular do Mexico: o bolero. Foi então que o trio formou sucesso: Perfídia, Santa, Amor, Frenezi e tantas outras músicas de que a plateia gostava. Foi então que o Trio Yrakitan desenvolveu a sua técnica de vocalizar que se tornou um conjunto vocal. De volta ao Brasil, em 1954, o Trio veio para Natal, onde foi recebido com estrondoso sucesso, com caminhada em carro aberto desde o Aeroporto de Parnamirim. Por várias vezes, eles deram entrevista na Radio e no Jornal contando o´êxito que tiveram no Mexico, chegando a se apresentar em programas de televisão e fazer pontas em alguns filmes. Eles lamentavam não terem podido trazer nenhuma cópia dos filmes.
De Natal. o grupo seguiu para o Rio de Janeiro, tendo sido contratado pela Radio Nacional. Oseu repertorio era basicamente samba-canções, boleros e músicas que traziam do México. no gênero dos "mariachis". Então, na capital federal, concorrendo com outros conjuntos musicais, o trio chegou a se apresentar em 12 filmes nacionais e fazer sua primeira gravação em disco. Obras importantes, algumas imortais, como "A Velha das Ervas Bentas", composta por Edinho e Gilvan (Paulo Gilvan Duarte Bezerril) em 1956 gravada com outros êxitos populares , como "Negrinho do Pastoreio". Se formos resgatar o que o trio fez na época de sua juventude, iremos encontrar temas memoráveis. "A Velha das Ervas Bentas" é um deles. Edinho soube capitar o que aquela mulher, baixa, de tes não muito clara, conduzindo dois cestos, sendo um na cabeça e o outro no braço, proclamava com a sua voz rouca, o que estava a vender. Juá, jucá, quina-angélica, mutamba, pau-d'alho, marmeleiro, cumaru, mulungu, semente de imbira, amesca, ipepaconha, contra-erva, velame, pião, pimenta, limão. Em tudo isso, feito em verso, despertava Edinho de seu sono quando o dia quase nem clareava. A velha, na rua, vindo ou indo pelas artérias próximas, como a Rua Felipe Camarão, saía a oferecer aquelas ervas bentas para quem quisesse comprar.
Em 1965, Edinho (Edison Reis França) se suicidou. Foi uma lacuna terrivel. Choros e mais prantos derramaram-se. No entanto, o trio sobreviveu com algumas modificações. Houve um tempo que dois conjuntos chegaram a disputar a propriedade do nome. Porem, depois de uma extensa luta na Justiça, Gilvan Bezerril venceu e hoje, ainda, o conjuto se apresenta nas capitais brasileiras
Gilvan - Paulo Gilvan Duarte Bezerril, nascido em Recife, Pe, a 20/10/1930
Edinho - Edison Reis de França, nascido em Natal, Rn, a 14/2/1930
João Costa ou Joaozinho - nascido em Natal, Rn, a 6/2/1930
O trio formou-se com Edinho, no violão; Gilvan, no afoxé, e João Costa, no tantã. O primeiro nome dado ao trio foi Muirakitan, escolhido por Câmara Cascudo. Como na época já havia um trio com o mesmo nome, Câmara Cascudo resolveu criar um neologismo, rebatizando o grupo de Trio Irakitan, que, segundo Gilvan Bezerril, significa mel verde.