sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 259



CARLOS GOMES


A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano, inspirado basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu. Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas, Sp, em 11 de julho de 1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o Hino Acadêmico e com a modinha "Quem Sabe?" ("Tão longe, de mim distante"), de 1860. Continuou os estudos no Conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: "A Noite do Castelo", em 1861, com libreto de Fernandes dos Reis, e "Joana Flandres", em 1863, com libreto de Salvador de Mendonça. Com uma bolsa do Conservatório, estudou em Milão, It, com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866. Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala, de Milão sua ópera mais conhecida, O Guarani, com libreto de Antonio Scalvini e baseado no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais européias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época. O sucesso europeu do O Guarani repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retornar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro II, para iniciar a composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do Leitmotiv, técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scala. Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras. Depois de "Salvatore Rosa" (1874) e "Maria Tudor" (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente. Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montágem do "O Guarany" e de "Salvatore Rosa". Ainda na Bahia apresentou Hino a Camões e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de O Guarany no estado natal. A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou " O Escravo", em 1889, de tema brasileiro. Com a Proclamação da República, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retornou então a Milão e estreou "O Condor", em 1891, no Scala. Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho: "Colombo", oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou de poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em 1895 Carlos Gomes dirigiu O Guarany, no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo Carlos I. No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupara diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas - "Bela Ninfa de Minh'Alma", "Suspiro D'Alma", "Quem Sabe?" -, a parte mais autenticamente nacional de sua obra, e a abertura de "O Guarany". Em 1993 essa ópera, meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Werner Herzog, na ópera de Bonn, com Placido Domingo no papel de Pery. Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 258

ZÉ DA CARROÇA
Eu conheci José Moura quando ainda eu era um menino, seis anos de idade. Ele era mais velho que eu. Não sei quantos anos. Talvez 9. Talvez. Eu lembro quando Zé passava na frente de minha casa para buscar a "chepa" no Quartel do Exército que ficava na rua Trairy, em Natal (Rn), detardezinha. Ele e um mundão de gente vindos do Morro Alto do Juruá. Era gente demais. Gente muita. E Zé com o pessoal. Eu me lembro que Zé era de uma família que se chamava "As Caboclas" ou mesmo "Cabocas". Um pessoal fino de natureza, tão magro como um risco. Não raro, depois de uma bebedeira, eles, os caboclos, começavam uma "briga" que durava da tarde à noite. Era uma lenga-lenga tamanha que, quase não tinha fim. Quando era para pegar a chepa, um resto de comida que os soldados não queriam mais, o comandante do Quartel mandava entregar por cima do muro. Era arroz, feijão, carne, jerimum, tomade e outras coisas mais, tudo misturado, que "as caboclas" juntavam tudo em uma lata para cada família, se formando aquela ruma de gente que caminhavam de volta para as suas casas ou taperas. Quando passavam de ída, iam todos cantando, batendo nas latas. Quando voltavam, era tudo cantando modas que eu não sabia o que eles diziam. Às vezes, lá por volta de 2 horas da tarde, lá se iam eles, "os caboclos", um busca de madeira no morro do Estrondo. Entravam de morro a dentro e ficavam por lá até quando ía anoitecer. Assim, voltavam para as suas taperas feitas de taipa, cobertas de palha de coqueiro. Em outros dias, o pessoal - e Zé também - ía buscar pó de serra numa serraria de Plínio Saraiva, no cruzamento das ruas Mossoró com a Afonso Pena, no Tirol. Era a mesma cantoria de todos faziam, indo e vindo. Tinha tempo que "as caboclas" íam buscar água no xafariz de seu Artur Marinho que tinha uma vacaria na rua sem nome e que é hoje rua Tuiutí. O baticum era terrivel, com as latas em fileiras, para ver a que chegava primeiro. Depois disso, eles apanhavam água no Xafariz do Governo, existente no início da rua Teófilo Brandão. Porém, ali pagava um centavo por cada lata. Não valia a pena. Era melhor buscar no outro xafariz, onde seu Artur não conbrava nadica e nada. Assim se passou o tempo. Terminada a chepa, terminado o pó de serra, terminada a lenha do morro, Ze da Carroça só tinha um meio de vida: pegar mesmo a carroça, que era de aluguel, deixar o material do depósito do seu Levino nas casas que compravam, não raro, fiado. Levino punha fé em quem vendia, pois no final do mês ele tinha somado as compras e recebia o dinheiro. Se não passem tudo, pelo menos, uma parte. E Levino foi levando o seu negócio com Zé da Carroça, todo dia alí, pronto para fazer a entrega. E o tempo foi passando. De 1946 m diante estava o Zé tocando o burro para fazer entrega de madeira, tal como o caibro, linha, ripas, pregos, tijolos, telhas, cal, cimento, barro e tudo que o cliente comprasse. Era luta e tanto para Zé que, depois viu chegar, no "armazem" de Levino outros companheiros que chegavam para fazer entrega de material, como ele e o seu pai faziam. Teve um dia que Zé da Carroça cassou. A moça era também filha das "caboclas". Crinaura, era o seu nome Com um casamento, filho para nascer, Zé procurou construir um casebre de alto do morro de Mãe Luiza. E assim, fez. Vieram os filhos, todos raquiticos como ele e a sua mulher. E foi um, dois, tres, quatro e não sei quantos mais. Agora, por volta de 1970, já não havia mais briga como acontecia no tempo dos seus avós. Apenas discussão, e pronto. O tempo passou, os meninos creceram e veio um dia que Crinaura morreu. Foi sofrimento atroz para Zé e seus filhos, irmãos, sobrinhos e alguem mais. De um xafariz que Crinaura tomava conta, em frente à sua casa, na rua João XXIII, pouco ou nada restou. Tão logo depois veio a água encanada. E Zé da Carroça continuava o seu labor, de vez em quando tomando pinga, já um tanto alquebrado, evergado pelo jeito que lhe dava a sua carroça. Quando os trocados ajudavam, ele fazia outra morada, vendendo a casa que lhe sobrara do tempo de Crinaura. E foi passando os dias, José Moura arranjou outra mulher com quem vivia. Ela, em casa dela. Ele, em casa dele. Não brigavam por nada, nem discutia por coisa alguma. Só uma coisa restava para fazer: a carroça. Todos os dias, lá estava ele rumando com a sua carroça, levando as madeiras, a cal, tijolo, barro e telha para a freguezia do depósito. Levino já havia morrido. Ficou o filho. E Zé, para fazer de conta. Certa vez, em um mes de final de ano ele teve outro desgosto. A sua segunda companheira morreu. Era janeiro de 2009. Zé não suportou tamanha solidão. Para ele, era chegado oseu fim. Perdeu o apetite, não mais comeu e em uma noite de fevereiro, José Moura, escambichou. Morreu de morte morrida. Era o fim de um caboclo que nunca teve nada a contar. Nem mesmo do seu afazer.

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 257

DALVA DE OLIVEIRA
Dalva nasceu no dia 5 de maio de 1917 na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. Intérprete de música popular brasileira, tinha uma extensão de voz que ía do contralto ao soprano. Dalva marcou época como intérprete e uma das grandes estrelas dos anos 40 e 50. Filha de um carpinteiro e clarinetista, nas horas vagas, Mário Antônio de Oliveira, e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira, teve mais três irmãs, Nair, Margarida e Lila. As três filhas entraram para um Internato das Irmãs e Caridade, o Internato Tamandaré, onde Dalva teve aulas de piano, órgão e canto. Devido a uma séria infecção nos olhos, ela saiu do Internato bem moça, uma menina, em 1928. Aos 14 anos começou a trabalhar como arrumadeira, como babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Logo depois conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano e, dona de uma poderosa voz, iniciou asua carreira. Passou a usar o nome de Dalva, sugerido por sua mãe, pois um seu amigo empresário nao achava que seu nome, Vicentina de Paula Oliveira, não era bom para uma cantora. Dalva foi aconselhada para ir para o Rio de Janeiro, pois na Capital Federal teria mais chances, e transferiu-se para o Rio com a sua família, em 1934, na tentativa de deslanchar artísticamente como cantora. Empregou-se como costureira numa fabrica de chinelos, da qual um dos proprietários, Milton Guita era diretor da Rádio Ipanema, a atual Mauá, e este convidou-a para um teste na emissora. Aprovada, logo depois transferiu-se para as Rádios Sociedade e Cruzeiro do Sul, onde cantou ao lado de Noel Rosa. Depois, passou pela Rádio Phillips e finalmente conseguiu trabalho na Rádio Mayrink Veiga. Dalva de Oliveira trabalhou, em 1936, na temporada popular da Casa de Caboclo, do Teatro Fênix, onde atuou o lado de Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema D'Ávila e muitos outros artistas da época que faziam sucesso. Já no mesmo período, trabalhou na Cancela, em São Cristóvão, num teatro regional onde ela apresentava números imitando a atriz Dorothy Lamour, e lá conheceu Herivelto Martins, com que formou o Trio de Ouro, de maior sucesso, com sua voz de soprano se sobresaindo no grupo, haja vista "Ave Maria", "Ave Maria no Morro". Em 1937, Dalva se casou com Herivelto com quem teve seus dois filhos, o cantor Pery Ribeiro e o produtor de tv, Ubiratã. O trio gravou seu primeiro disco em 1937 na RCA Victor, com as músicas "Itaguaí" e "Ceci e Peri", razao do nome do seu primeiro filho, Pery Ribeiro. Logo então, o Trio transferiu-se para a Radio Tupy e para a gravadora Odeon. Dalva de Oliveira participou do filme "Barlim na Batucada", em 1944, quando o Brasil lutava no front e Berlim era um inimigoe no filme "Caídos do Céu, em 1946, depois da II Grande Guerra Mundial. Veio o ano de 1947, e Dalva de Oliveira se separou de Herivelto Martins, depois de calorosa briga familiar, porém nunca esqueceu de cantar em suas músicas o amor que sentia por ele, notando-se "Errei, sim", "Segredo" e tantos outros êxitos de sua espinhosa carreira. Somente dois anos depois dessa separação, Dalva de Oliveira veio a conhecer o argentino Tito Clement, com quem casou e foram morar em Buenos Ayres. Porém, como disse em uma de suas melódias, "A Bahia te espera", e, com ceteza Dalva retornou ao Brasil, em 1950. Na sua terra, ela cantou inúmeras canções, sempre de grande êxito, como "Fim de Comédia", "Tudo Acabado" e "Que será" deixando por dentro à sombra de um grande amor que um dia teve fim. O casamento com Tito Clement durou até 1963, quando Dalva se separou. Em sua vida, veio Manoel Carpinteiro e também um grave acidente de automovel, em 1965, que há fez abandonar a carreira por um bom período. Foi Max Nunes e Laércio Alves, em 1970, que compuseram sua última canção e que ez voltar ao verdadeiro sucesso até hoje lembrada: "Bandeira Branca" que não deixa de ser uma evocação ao seu velho e primeiro amor. Morando em uma confortável casa no bairro carioca de Jacarepeguá, no Rio de Janeiro, Dalva de Oliveira fez apresentações no Teatro Tereza Raquel e em vários programas de televisão e em shows, vindo a falecer dois anos depois, em 31 de agosto de 1972, vítima de hemorragia do esôfago. Dalva de Oliveira deixou como herança o fascínio que exerceu sobre o seu público e a influência sobre cantoras do porte de Elizeth Cardoso, Angela Maria e Elis Regina, as quais reconheciam admirá-la e tê-la ouvido muitas vezes antes de definir o seu próprio estilo. Dalva foi proclamada a Raínha do Rádio.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 256

DEIXA PRA LÁ
Hoje é o segundo dia de carnaval no Brasil. O segundo por assim dizer. Pois o carnaval começou mesmo na quinta-feira. Sendo assim, esse segundo vai mesmo virar sexto dia com o pessoal brincando e pulando noite e dia, como está acontecendo em Salvador (Ba) e Recife-Olinda (Pe), só para citar os mais quentes dias de folia do Carnaval 2009 que se vive. Se for contar, na verdade, a folia impera no interior do País, como Ouro Preto (Mg) e mesmo no norte do Brasil. Em Natal, a folia começou, hoje, logo cedo com o chamado bloco "dos Cão", no bairro - antes vila - da Redinha. Não eram ainda 8h quando os primeiros integrantes do tradicional bloco "Os Cão" começaram a se melar de mangue e abrir, oficialmente, a terça-feira do Carnaval na Redinha. O medo maior era se a chuva não fosse parar. Porém, nesta terça-feira o sol brilhou e a chuva não veio, motivando ainda mais os participantes a mergulhar no mangue. A fantasia é a mesma, mas a criatividade fazia a diferença nos corpos enlameados. Tinha "Cão" de chifre, de peruca rosa, montado a cavalo e até o Rei Momo foi lá se melar na lama. A desconcentração mais uma vez foi o quesito marcante do bloco "Os Cão", que arrastou centenas de foliões pelas ruas da Redinha, como faz há mais de 40 anos. Mesmo grávida, Arlete Feitosa Alves, 21 anos, não se intimidou e mergulhou na lama para seguir nos "Cão". "É muito bom. O divertimento desse bloco é incomparavel", afirmou Arlete, carregando uma barriga de cinco meses. Como acontece todos os anos, quem chega perto do bloco vira um "Cão". E foi um dia de cão, pode-se dizer, com a lama do rio Potengi não dando espaço para nenhum outro limpo, pois aquele que era limpo, "era"! Pois virou "Cão". E na folia, estavam crianças, jovens, adultos e idosos em um encontro de gerações com o simples objetivo de curtir o mela-mela. Alguns anos antes, o bloco saía com paus e latas para animar a folia. Contudo, o negócio começou quando um folião se meteu no mangue e sair pela rua. Foi ele Zé Lambreta e contagiou os demais foliões que se meteram no mangue e acompanharam o da frente, invadiram as casas da gente nobre que alí fazia o seu carnaval bem alinhado e nunca mais pararam. E essa tradição vem durando até os dias de hoje. "Os Cão" já é tradição e, hoje, o bloco saiu da Rua do Cruzeiro e finda o percurso na praia de Santa Rita, bem distante do rio Potengi.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 255

PLUMAS E PAETÊS
"Tava jogando cinuca, uma 'nêga' maluca me apareceu. Vinha com o filho no colo dizendo ao povo que o filho era meu". Essa estrofe é de uma marcha do carnaval de alguns tempos atrás. Hoje, o negócio não mudou muito. Porém, quem vai à avenida, leva seu samba na ponta da língua. De um modo ou de outro, é Carnaval e todos podem e devem dançar, até os jornalistas que fazem cara feia para não ser eles os escolhidos para cobrir a folia. Este ano, até mesmo o presidente da República, Luis Inácio estava na avenida de Sapucaí. Ele e sua esposa em companhia de amigos, inclusive o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do prefeito da cidade, Eduardo Paes. Isso, aconteceu no Rio. Porém, nas demais cidades, prefeitos e governadores também prestigiaram a tradicional festa, considerada pelos visitantes que vem de fora, como Europa e Asia, sendo a melhor de qualquer parte do mundo, mesmo com assaltos e tudo mais.
A primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro indica uma disputa equilibrada entre as seis escolas que se apresentaram. O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar do Cristianismo da Idade Média. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval há uma grande concentração de festas populares. Cada cidade brinca a seu modo, de acordo com os seus costumes. Em Natal (Rn) tem festas populares que, este ano, tem sido debaixo de chuva e nem por isso o folião se desanima. No domingo, houve o baile das Kengas que é uma tradição do carnaval moderno na cidade. O bloco das Kengas foi fundado em 1983 por um grupo de intelectuais, jonalistas e foliões da cidade. No começo era fraco, porém, com o decorrer dos anos, foi ganhando simpatia e, hoje, a turma faz um ótimo carnaval nas avenidas centrais da capital riograndense do norte, sem se importar com o desfile central de rua que (novamente) acontece no bairro da Ribeira. O Carnaval começou sendo desfilado pelo bairro da Ribeira. Depois, mudou para a Cidade Alta, acontecendo entre o quadrado das ruas João Pessoa, Av Rio Branco, rua Ulisses Caldas, Av Deodoro para chegar novamente à rua João Pessoa. Com o passar do tempo, o Carnaval de Natal ficou sendo apenas na Av, Deodoro. Houve um tempo que passou para Avenida Prudente de Morais; em outra ocasião, o desfile aconteceu no Bairro do Alecrim e, por fim, o Carnaval retornou ao bairro da Ribeira, com tudo que tem direito Hoje, a zona norte de Natal, pode-se dizer que já tem o seu carnaval. Tirando a alegria que promove a festa na praia da Redinha Velha, hoje com um carnaval apenas na Praça do Cruzeiro, a zona norte, envolvendo todos os conjuntos habitacionais que formam aquele recanto, não vem mais para a Redinha Velha e nem mesmo para a Ribeira. A zona norte faz o seu carnaval ao longo das ruas dos conjuntos. No ano de 2005, o Carnaval de Salvador, na Bahia entrou no Guinness Book como a maior festa de rua do mundo. Mesmo assim, com pandeiro ou sem pandeiro, hoje se tem festa de Carnaval de maior importância em Recife, Fortaleza, São Paulo, Santa Catarina e Porto Alegre, sem falar com o norte do Brasil, onde há ótimo carnaval. E como diz o samba: "Sou feliz se o Senhor me atender e ouvir minhas preces de dor. Olhai por nossa terra, todo mundo espera vossa proteção, Senhor". Parece que tal preçe começou a ser atendida, pois a Igreja, no Brasil, já faz o seu Carnaval: o Carnaval com Cristo. Se tiverdes fé, é só ir para vê.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 254

VESTIDA DE NOIVA
Já passara das 11 horas da noite quando José Severo se levantou da mesa do bar "Tabuleiro da Baiana" para saldar a sua conta. Esse bar existia em 1950 e mais tempo atrás, ficando no fim da praça Augusto Severo, já em um contorno que se fazia na praça. Os bondes, àquela hora da noite não mais circulavam e quem quisesse beber, teria que ficar a esperar que o dia clareasse ou, então, partir, à pé, para a sua casa, fosse perto ou longe. O amigo de Severo tinha saido, fazia alguns minutos. Porém. os outros frequentadores continuavam a jogar conversa fora, sem dar por conta de quem saía ou não. Na rua Dr. Barata estava a loja que Severo trabalhava. Ele olhou, como se fosse um guarda, para a rua e se voltou para o garçon que já lhe trazia o troco de suas despesas. Outra vez, Severo olhou em torno, vendo os habituês do Bar. Uns, gargalhava. Outros, dormiam com o rosto escorado na mesa e, alguns estavam a chorar por motivo nenhum ou por causa da prostituta que lhe abandora. No bar, tinham prostitutais que se acercavam dos demais fregueses em busca de alguns trocados, ou mesmo para "sair" no final da farra.Eram meretrizes que já não tinham mais "quarto" nos lupanares da velha Ribeira. No bairro, havia lupanares que se sustentavam a troca dos homens ricos que frequentavam os locais. Severo conhecia muito bem esses lugares. Vez por outra, o jovem trabalhador inventava de aparecer em um deles e, alí, tirar uma mulher e levá-la para o seu quarto. Porém, naquele dia, Severo não estava a fim de mulher e chegou ao Tabuleiro da Baiana logo cedo da noite.
Logo que recebeu o troco, saiu. E na saída, encontrou uma mulher de seus 65 anos a mendigar uma ajuda pela santa caridade. Ele não fez questão e doou uma parte do troco que o garçon lhe passara. A mulher fez seus agradecimentos, como sendo um "Deus lhe pague e tenha tudo o que o senhor quiser", e Severo simplesmente disse "Amen". Já era costume da velha se postar ali para pedir auxilio e Severo não seria o primeiro, nem o único. O rapaz olhou para o seu pulso e verificou a hora, saindo, em seguida, vendo um prédio que ficava logo à frente, fazendo-o pensar num velho cinema que funcionou no local. E partiu, seguindo pela calçada da praça, vendo ao centro, um coreto que, naquele tempo já era ponto de bêbados que procuravam se agasalhar para, então, dormir. Severo esboçou um leve sorriso se lembrando da sorte dos bêbados equilibristas que se enrolavam a qualquer preço com folhas de jornais de passado remoto. "Coisa incrivel", pensou o rapaz. A noite estava calma, com um céu límpido e sereno. Na praça havia uns pés de goití por todo o ângulo e que servia muito bem para o pouso dos aglomerados morcegos que por ali viviam.
Com o passar do tempo, o jovem já pegara desde em baixo, a Avenida Junqueira Ayres, passando pela frente de um colegio e por um jornal no qual ele ouvia os cilindros de impressão a tilintar. Com a cabeça baixa, Severo só pensava em chegar a sua casa, no bairro do Alecrim. Era uma caminhada e tanto que só ele sabia calcular. Por vezes, lhe dava uma preguissa e chegava a pensar em dormitar em um banco qualquer de uma praça logo à frente, perto da Prefeitura, em frente ao Palácio do Governo. A cabeça começava a latejar e ele fazia uma careta como se aquilo fizesse passar a dor que,de leve, vinha a chegar. "Merda da Cerveja", pensava o rapaz. Com sono e um tanto ébrio, o jovem chegou quase ao fim da ladeira, dobrado em frente do Atheneu de velhas memórias. E ele pensou que, certa vez, foi reprovado por causa de um tinteiro que ferveu a tinta e derramou na folha de papel de exame. Era uma tarde de forte calor. E Severo tinha se posto junto a uma janela que dava para a Avenida Junqueira Ayres. Com roupa toda suja de tinta, a caneta escarrapichada, ele não contou conversa, e saiu da classe. Quando passava em frente ao colégiu, logo pensou: "Atheneu velho de guerra". E, levemente, sorriu.
À sua esquerda ficava o Mercado Público da Cidade Alta. E Severo pode observar dois caminhões carregados de frutas, verduras, legumes e algo mais, ao lado esquerdo do Mercado, esperando, com certeza que o lugar abrisse para eles poderem descarregar os seus produtos. E viu tambem, dois homens circundando os caminhões, com certeza para ver se tudo estava em ordem. Severo não deu importancia ao caso. Andando, pegou a rua Ulisses Caldas e, logo após, a Avenida Rio Branco que levava direto ao Alecrim. Alí, era plano e o jovem soltou um leve "ufa" de quem já conseguira vencer uma boa parte da caminhada. Alí, naquela avenida ele assumiu o compasso de andar um pouco mais rápido, só pensando em chegar em casa: "Nunca mais faço uma merda dessa", pensou o jovem. Na rua, só tinha casa de moradia, com excessão de um Hotel, um armazem, uma casa de bebidas e um cinema. Quase tudo estava fechado àquela hora, menos o hotel e a casa de drinques. No cruzamento da rua João Pessoa, ele olhou para a casa e vendo que ainda havia gente para beber. "Puxa,!!!", pensou o rapaz. E largou com o seu passo rápido para mais depressa chegar em sua casa. Em um cruzamento da Avenida Rio Branco com um beco estreito que vinha do matadouro, ele quase topa com uma moça, vindo também apressada para entrar na Avenida Rio Branco. O impácto seria inevitável se o rapaz não passa de chofre.
---- Opa! Quase atropelo a senhora! - disse Severo
---- E eu também! - respondeu a moça, sorrindo a seguir, tomada de um susto.
----Pois é! A senhora tambem não esperava! Puxa! - respondeu Severo.
---- Não esperava! - lhe disse a moça.
Ao olhar àquela figura, Severo observou o seu traje, todo branco, dos sabatos,meias, vestido com bem cinco saias por dentro, fazendo uma circular em torno do corpo, cintura apertada por um cinto igualmente branco, subindo estava a blusa igualmente branca que parecia ser um vestido só, mangas compridas, até o pulso, luvas cobrindo as mãos euma bolsa a tira-colo. Seu cabelo comprido era enrolado no alto da cabeça, ornada por uma tiara. O jovem ficou impressionado com aquele traje em uma moça que parecia ter seus 21 anos. Então, passado o susto daa imediata surpresa, Severo perguntou à moça:
---- Vens de onde? - Severo perguntou.
---- De uma festinha, ali, atrás. - respondeu a moça.
---- Essa hora, não tem mais Bonde. A senhora mora perto daqui? - inquiriu o rapaz
---- É. Não tem. Moro logo alí. - respondeu a moça.
O rapaz se aquietou e logo a seguir, rumando pela ladeira da Rio Branco em direção ao Baldo, passando pela Associação dos Professores que estava com suas luminárias acesas, o jovem, entre outras conversas, perguntou-lhe:
----Sabe que não perguntei o seu nome? Ora! -disse Severo
---- Isolda! - respondeu a moça e em seguida, perguntou, como devia. - E o seu? - perguntou Isolda
---- Ah Bom! Você tem um lindo nome. Cabe bem com a sua beleza que resplandece em plena noite. O meu é comum. Chamam-me de Severo. Meu nome por completo é José Severo, pois não - respondeu o jovem.
A moça sorriu, levemente, olhou o rapaz e lhe disse com ternura:
---- Nome lindo também. É casado? - perguntou Isolda.
---- Solteiro e sem compromisso. Não tenho namorada. E nem tive! - respondeu o jovem, fazendo um sorriso franco.
---- Ah bom. Um belo rapaz sem compromisso. - respondeu Isolda
---- É, sim. Sem compromisso. E voce, é noiva? - perguntou Severo
---- Não! Sem compromisso! Por que? O vestido? - retrucou Isolda.
---- É. O vestido. Bem podia ser uma noiva correndo em disparada por causa de uma "fera"! - disse Severo.
---- Não! Não sou! O traje é questão de gosto. Que achas? - perguntou Isolda
---- Um belo vestido para uma digna princesa! - respondeu Severo.
---- Você é gentil. Que princesa eu sou? - perguntou Isolda.
---- A Princesa de uma noite de verão! - respondeu Severo.
A moça sorriu alegremente, cheia de doce fragrancia que exalava de seu corpo, como uma linda borboleta que voava ao sentir o calor das lãmpadas de luz. Uma linda borboleta que procura ilusões na nostalgia de um salão.
---- Sabe? A cada instante você me inspira maior confiança. Não por que? - - sorriu Isolda
---- Dá-me o braço, pois a ladeira é íngreme, e assim estaremos mais amparados! - falou Severo
Em um instante, após olhar o rapaz com o seu sorriso franco, Isolda lhe deu o braço e ambos caminharam como duas aves solitárias descendo aquela imensa ladeira que só os que conseguem descer podem contar o sério perigo que se pode ter. Nesse instante, Isolda tocou de leve o rosto do rapaz e depositou um leve e suave beijo de amor. Com isso, o rapaz se sentiu lisogeado e lhe depositou nos lábios um outro beijo de reciprocidade. E ambos pararam da ladeira tracando beijos imortais de leve ternura e mais amparado afeto. As copas copiosas das árvores de ficus que guardavam os dois amantes, como que saudando aquele imenso amor, estremeçaram de alegria. As copas faziam como se dissessem "Halleluia". E o casal de namorado, agarradinho, descuidado teceram mil juras de amor.
O Canal do Baldo onde passava um riacho, tinha já no seu final a Usina da Companhia Força e Luz. Quem olhasse bem, notava ali os bondes que passavam por revisão e, mais à frente, uma espécie de um imenso jardim zunindo com um esguincho de água tempos sem fim Severo olhou para o jardim e nada comentou, pois estava bem longe do local. Isolda agarrava o braço do rapaz como se evitasse perde-lo a qualquer instante. O luar não existia, pois, no horizonte, caía uma tenra e serena lua em minguante igual uma Lilith. O casal de namorados subia a estrada e, por vez, Severo perguntou a Isolda:
---- Você mora aqui perto? - falou Severo
---- Sim. Bem ali -respondeu Isolda
Bem ali ela dissera, antes. Mas o "bem ali" deveria ser em algum canto. Severo não entendeu muito bem, e não mais perguntou onde era esse "bem ali". No caminhar, ele aproveitou para enchê-la de beijos, acariciando o seu pescoço deixando a jovem em êxtase como se tudo o que fizera outro nenhum nunca fez. A cada beijo que lhe dava, assumia pelo corpo inteiro da jovem um aroma de um perfume meigo igual aos perfumes orientais de que ele ouvira tanto falar. Foram carícias supremas as que depositara no corpo da angelical amada da noite. E ela ansiava por todos os locais, cujo torpor nunca d'antes lhe mergulhara. As carnes dos dois se encandeciam a cada instante de calor errante. A Igreja de São Pedro estava ao lado e eles passavam em uma padaria que existia alí e, naquele tempo, trabalhava nos pães frescos que o padeiro entregaria logo mais. O casal não se importou com coisa alguma daquilo. Rumaram pela eestreita calçada do Cemitério do Alecrim. Aos beijos, nada importava a Severo. Ele somente queria beijar aquela doce criatura que encontrara naquelas horas em uma estreita e pequena rua da cidade. Para Severo, tudo se consumava em um delicado beijo. Foi aí que a moça falou ligeiramente:
---- Chegamos! Moro aqui.! - disse Isolda
E num imenso ósculo, pressionando seus lábios sobre os do seu namorado, ela partiu, subindo os degraus do batente que dava para um portão de ferro, e entrou, sem tocar em coisa alguma, desaparecendo em meio aos túmulos que se plantava no caminho do campo-santo. O homem, por um instante seguiu a moça e num derradeiro momento acordou do seu torpor. Um calafrio lhe despertou o corpo fazendo com que Severo assumisse a razão e gritasse como em um sonho. Dali, gritando e uivando, saiu ele a correr até ao fim da longa rua, onde estava aberto Bar Quintandinha. Sem forças, exasto, ele com toda sua compulsão que lhe restava, soltou um berro e caiu ao chão, desacordado.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 253

ISTO É CARNAVAL
Isto é carnaval!!! Com dinheiro ou sem dinheiro, meu amor, eu brinco!!! Eu estou relembrando os antigos - não, "velhos", como diz uma marchinha - carnavais de Natal, por excelencia. Nos anos "dourados" de 1950 se pulava a folia de qualquer forma. Eu lembro de Zé Areias, todo sujo de farinha de trigo, confetis, serpentinas, chapeu de palha emplumado, calças curtas, chinelos e o rosto completamente pintado de rouge, baton - nos lábios - camisa aberta aos peitos, mostrando seus volumosos mamilos que ele fazia questão de espremer onde estava ou chegava. E todos os que estavam presente, sorriam às pampas. "Olha o Zé Areia, Olha lá!!!", gritavam os mais afoitos para chamar mais de perto o "velho" boêmio que estava a sambar com toda a sua leveza de um homem de um corpo bem gorducho, mais que um Rei Momo e menos que um glutão. No tempo de 1920, o carnaval era mais tranquilo, com desfiles pela Avenida Tavares de Lyra, Rua Chile, Cais do Porto, Esplanada Silva Jardim, Rua Duque de Caxias e, voltando pela Avenida Tavares de Lyra. Uns poucos carros faziam o chamado corso, com seus proprietários conduzindo o veículo e ao lado, a esposa, emplumada à rigor e atras, as belas meninas, tres ou quatro, fazendo mesuras para os foliões da época. Nesse tempo, tinha seu Yoyo, que não era o Rei Momo, mas fazia a vez de um rei sem coroa e sem rainha, sem págens nem, carruagens, sem mordomos e ninguem para beijar-lhe os pés. Não importava-se, pois Yoyo era o rei que ele imaginava. No carnaval de Zé Areias, ele pulava (como, "pulava", se ele era gordo?) e brincava e o pandeiro era quem sortia o ritmo e Zé nem se importava com o fracasso do palhaço. Certa vez, eu vi Zé Areias na Avenida Rio Branco, sendo conduzido por dois ou três "vassalos", acompanhado o ritimo, mostrando seus exuberantes peitos, sem mascaras porém todo pintado da cabeça aos pés. O folião sorria a velas soltas com as peripércias do Zé que nem ligava aos que faziam fila e caminhava em frente, cantando e pulando ao seu jeito com todo o imenso corpanzil desarrumado. Nos bares do barro Ribeira, Zé Areias fazia a festa para o agrado de todos. Se alguém pergundasse a ele quem o estava a patrocinar, na certa levaria um jato de pó de arroz na cara, pois ninguêm patrocinaria a sua alegria de viver. Enfim, Zé Areias era o primeiro e único, igual aos outros que brincavam, sem corôa e sem dinheiro. Com a chegada do carnaval, tem gente que estravasa nas suas alegorias ou mesmo trejeitos, aproveitando a festa momesca para abusar de sua condição de ser apenas um ser macho. Estes fazem de tudo para depois dizer: "É Carnaval.!!!!".
O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua orígem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos, farinha e bosta mesmo. O entrudo acontecia num periodo anterior a quaresmae, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval. O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como a Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia. No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo do século XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam os seus carros e, em grupo, desfilavam pelas ruas das cidades. Está a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste. Em cidades como Natal, Recife e Olinda, as pessoas saem às ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatú. Dona Isabel, mais conhecida por Bebé, dona de um bar no bairro da Ribeira, costumava dizer que o carnaval bem que podia durar o ano todo. No bar de Bebé frequentavam as mais célebres intelectualidades de Natal, para se fazer na orgia que o Rei Momo mandava.