quarta-feira, 10 de junho de 2009

RIBEIRA - 299

NARA LEÃO
A MUSA DA BOSSA NOVA
Nara Lofego Leão nasceu em Vitória, Es, a 19 de janeiro de 1942. Filha caçula do casal capixaba Jairo e Altina Leão, mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha apenas um ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Durante a infancia, Nara teve aulas de violão com Solon Ayala e Patricio Teixeira, que integrou ao grupo "Batutas de Pixinguinha". Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na rua Sá Ferreira, sempre em Copacabana. Mais tarde, Nara tornou-se professora da academia.
A bossa nova nasceu em reuniões no apartamento dos pais da cantora, em Copacabana, durante reuniões das quais participavam nomes que seriam consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Ronaldo Bôscoli, com quem teve um relacionamento, em 1957. Ele tinha 28 anos e ela 15. No fim dos anos 1950, Nara foi repórter do jornal "Última Hora", onde Bôscoli também trabalhava, e que pertencia a Samuel Wainer, casado com a irmã de Nara, a jornalista Danuza. O namoro com Bôscoli terminou quando este iniciou um caso com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Ayres em 1961.
Daí em diante, Nara se aproxima de Carlos Lyra e de suas idéias mais à esquerda. Inicia o namoro com o cineasta Ruy Guerra e passa a se interessar pela música produzida nos morros cariocas.
A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinicios de Moraes e Carlos Lyra, na comédia "Pobre Menina Rica" (1963). O título de Musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o movimento militar de 1964, com a apresentação do espetáculo "Opinião", ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social á dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte, interpretando Carcará, pois Nara precisara se afastar por problemas de saúde.
Dentre as suas interpretações mais conhecidas, destacam-se O Barquinho, A Banda e Com Açucar e Com Afeto - feita a seu pedido, por Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homônimo, lançado em 1980.
Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 1960. De musa da Bossa Nova, passa a ser a cantora de protesto, simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE. Embora os CPCs já tivessem sido extintos pela ditadura, em 1964, o espetáculo Opinião tem forte influencia do espírito cepecista.
Em 1966, interpretou a canção A Banda, de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o festival e o público brasileiro. Nara também aderiu ao movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento - Tropicália ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje em CD. Casa-se com o cineasta Cacá Diegues, com quem terá dois filhos - Isabel e Francisco e, no fim dos anos 1960, tranfere-se para a Europa, permanecendo por três anos, entre a França, onde nasceu a filha Isabel, e a Itália. No começo dos anos 1970, decide estudar psicologia na PUC-RJ. De fato, Nara planejava abandonar a musica mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o rítmo de trabalho e modificando o estilo dos espetaculos. Morreu na manhã de 7 de junho de 1989 vítima de um tumor inoperável aos 47 anos de idade. Seu último disco foi My Foolish Heart, lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.
Em 2002, seus discos lançados anteriormente em LPs foram relançados em duas caixas separadas - uma com o período 1964-1975 e a outra 1977-1989 - trazendo também faixas-bônus e um livreto sobre a biografia.

Nenhum comentário: