segunda-feira, 22 de junho de 2009

RIBEIRA - 312

VIRGINIA CHERRILL
Luzes da Cidade foi um filme que, Charles Chaplin, torceu o nariz porque, naquele ano de produção, já começava a surgir o cinema sonoro, depois do lançamento de "O Cantor de Jazz", primeiro filme falado que surgiu em 1928. Tudo era início, e na França, o cinema sonoro ainda estava em pleno começo. E, por isso, Chaplin desacreditava que o cinema pudesse falar. Nesse canto e desencanto, foi assim que se começou a filmagem de "Luzes da Cidade". Para a atriz principal do drama-comédia, Chaplin convidou uma desconhecida atriz, de pouco sucesso, para atuar como uma florista - vendedora de flores -. E demorou um ano para concluir as filmagens só por conta de uma cena em que "Carlitos" chegava até a florista - Virginia Cherrill -. Acontece que Chaplin não tinha idéia de como fazer para chegar até a florista, sem despertar a intenção de que "Carlitos" era um eterno vagabundo. Por isso, em não saber como fazer esta cena, ele demorou um ano. Chegou até mesmo dispensar Virginia Cherrill e refilmar toda a trama. Porém, já estava muito adiantada a filmagem e Chaplin teve que reconsiderar.Ficou mesmo em cena Virginia Cherrill, a florista do início do filme.
Luzes da Cidade foi uma das maiores obras-primas de Chaplin, um de seus filmes mais queridos e amados e com um final celebrado por muitos como um dos grandes momentos do cinema. Talvez em nenhum outro ele tenha explorado de forma tão contundente a solidão e a tristeza do vagabundo, e a relação deste com o milionário e o final aberto só ajudam a refletir sobre isso. Foi um de seus filmes que mais tempo ficou em produção devido a seu perfeccionismo (só a sequência em que o vagabundo encontra a florista e descobre que ela é cega Chaplin rodou mais de 300 vezes até achar o modo correto). Ele teve problemas com a novata Virginia Cherrill e chegou a pensar em trocá-la por sua co-estrela de "Em Busca do Ouro", Georgia Hale, já que tinha filmado material demais e teve que manter a atriz. Esse foi o primeiro filme da era do cinema falado, mas ele sabiamente resistiu às pressões e manteve o personagem silencioso, utilizando apenas música e efeitos sonoros. O tema musical é o clássico "La Violetera". Um clássico eterno para ver e rever.
Desta vez, Carlitos se apaixona por uma bela florista cega, que acredita que ele é um milionário, e se envolve nas maiores trapalhadas para conseguir dinheiro necessário para a cirurgia que irá restaurar a visão da moça. Para tanto ele se transforma num lixeiro, garí, num boxeador, num falso rico, e no salvador de um milionário com tendências suicidas. A cena final, em que a florista descobre a verdadeira identidade de seu benfeitor é um dos momentos mais memoráveis da historia do cinema. Tocante e poético, como sempre foi Chaplin!
A cena antológica mostra a moça já curada de sua cegueira e, certa vez, Carlitos passa pelo local onde ela sempre vendia flores, e percebe que a florista está em uma mesa, conversando com uma amiga, dizendo do que tinha passado no tempo que não tinha visão. Carlitos se aproximou da moça e lhe ofereceu uma rosa. Maltrapilho, a moça nem fez questão em olha-lo. Foi então, que ao segurar a rosa de presente, que ela tanto admirava pelo cheiro que botava, ela pegou na mão de Carlitos, e olhou com surpresa e perguntou se ele era o cavalheiro que lhe pagara a cirurgia da vista. Carlitos respondeu que sim e a moça, então, relembrando que Carlitos não era nenhum milionário, o abraçou comovida e cheia de encanto. Assim, ela vê que, na verdade, seu benfeitor era apenas um maltrapilho vagabundo.

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