quinta-feira, 18 de junho de 2009

RIBEIRA - 308

RELÓGIO DO ALECRIM
Quando nem se pensava em habitar o chamado bairro do Alecrim, em Natal, Rn, o que existia por alí era somente mato. E com os matos, os pés de alecrim que uma velhina costumava a rezar e cobrir um caixão que levasse algum "anjo" para o seu sepultamento no cemitério existente naquela lonjura que Deus me deu. O "anjo" era o corpinho de uma criança que morrera no dia passado. E quem não quisesse enterrar no seu quintal, lavava mesmo para o novo cemitério que não tinha nome. O nome veio muito tempo depois. E, alecrim, era um mato que existia na redondeza, perto do cemitério. A velhina morava numa tapera - casa de taipa coberta de palha - que ficava quase em frente a Igreja de São Pedro - que já existia? Não me lembro -. Toda vez que aparecia um cortejo, vindo da Cidade (Alta), a bemdita mulher parava aquele séquito para poder benzer a alma da criança com galhos de alecrim. Em seguida, o acompanhamento seguia para o seu destino final: - o cemitério.
O tempo foi passando e o local foi tomando jeito, o recinto ganhou o nome de Cemitério do Alecrim, uma referencia ao alecrim que abundava por todo aquele lugar e casas foram surgindo cada vez mais. Houve um tempo que um homem fincou uma bandeira bem alta, no lugar onde, um dia, se erguia a praça que teve o nome de "Gentil Ferreira". A bandeira era para orientar aos homens que eram chamados para fazer uma estrada que se prolongava até o interior do Estado. Então, o bairro nasceu. Foi o terceiro bairro da capital - (Natal) -. E então o tempo foi passando. Em 1950, alí não existia relógio algum. Somente havia a praça "Gentil Ferreira" onde se começou uma feira com a gente do interior que trazia carne-seca, farinha, feijão, açucar e outros gêneros alímenticio para vendera um preço bem razoavel.
Depois disso, o Rotary Clube, ha cerca de 30 anos ou mais inventou de erguer no meio da rua - alí é a Rua Amaro Barreto - um ícone e, na ponta de cima, um relógio de quatro faces para quem quisesse se orientar que horas eram dadas. O Rotary se comprometeu em fazer o conserta das horas quanto o relógio necessitasse. O tempo foi passando e, um dia, o relógio parou. Parou, e pronto! Talvez precisasse de alguma revisão. Sabedor de suas obrigações, o Rotary, depois de certo tempo, retirou do seu local o relógio de quatro faces e mandou - com certeza - para ser consertado. Não se sabe o que aconteceu, pois o relógio não mais voltou. E não se sabe quem tomou conta daquela engenharia. O Big-Ben, de Londres, é muito mais velho que o relógio do Alecrim, e nem por isso desapareceu e nem atrasou ou adiantou. Agora, o relógio - novo - do velho Alecrim, desse nunca mais se teve noticia. Alí, hoje em dia, só existe a caveira de onde o maquinismo, um dia, foi posto. Logo atrás do obelisco tem a praça "Gentil Ferreira", como foi projetada, agora sem ter mais o Mercado Público, pois a Prefeitura desmanchou o próprio estabelecimento e em seu lugar plantou árvores e construiu um Café. O tal dolmen do ex-relógio agora serve como gancho para segurar os semáforos que orientam o povo e os motoristas. E o marcador das horas, esse nem se fala mais.
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