sexta-feira, 19 de junho de 2009

RIBEIRA - 309

CINEMA MUDO
O cinema mudo nasceu como toda "arte" nascia, de conformidade com o seu tempo. Chamar-se de sétima arte foi um sonho, porque o cinema era somente documentários e reportágens. Por volta de 1915, já havia nos Estados Unidos - e nas outras partes do mundo, como França, Inglaterra, Alemanhã, Italia, Brasil e outros mais - uma industria incipiente de um cinema que, apesar de ser divertido para quem assistia, era mudo. Não tinha som. Um homem ao piano acompanhava as peripécias dos atores, dando vez a um certo movimento e que ficava sendo, também, engraçado. E, por aí, surgiram vários atores que demostravam suas piruetas, pois não precisavam falar. O que eles diziam, aparecia num quadro negro entre uma cena e outra. E, assim, estava explicado o que tinha a se dizer. Foram muitos os atores que apareceram durante o período do cinema mudo. Alguns chegaram a ser introduzidos no cinema falado, em 1928. Outros, não se adaptaram, pois a fala era um tanto rouca ou fina..
Sabe-se, porém, que a carência de tecnologia não impedia que, nos locais de exibição das películas, em teatro, óperas ou feiras, as cenas cinematográficas fossem acompanhadas por compassos tocados ao piano. Estas músicas variavam conforme o espaço no qual os filmes eram transmitidos, pois a escolha sonora dependia do ponto de vista do pianista sobre a obra exibida.
Os primeiros momentos da evolução do cinema foram conhecidos como 'período mudo' entre os pesquisadores desse campo. Como os sons não podiam vir em auxilio do público, a compreensão dos filmes era realizada através da inserção de lengendas, com o objetivo de tornar os acontecimentos mais claros para os que assistiam a película. Ao longo de trinta anos o que se conhecia se resumia a esta modalidade, que jà transmitia à plateia a magia que seria sua marca nos séculos posteriores, mesmo sem o apoio sonoro.
Enquanto isso, vários ensáios se sucediam nesta área, na Europa e nos Estado Unidos. Apesar da ausência do som, as altas classes eram atraídas para esta esfera cultural, renovações eram introduzidas na produção de filmes, todo o potencial desta nova arte era explorado, mas a projeção cinematográfica criada pelos irmãos August e Louis Lumiére, na França, em dezembro de 1896, ainda não era utilizada em todas as suas inúmeras possibilidades. Na América o cinema já revelava sua vocação para a diversão, ao contrário da tendência mais elitista e conceitual da Europa. Os primeiros filmes eram exibidos em feiras, com o objetivo de entreter a platéia. Em 1912 tem fim o monopólio da Motion Picture Association, dando assim início à indústria cinematográfica de Hollywood. Os norte-americanos vêem nascer um autor do gabarito de D.W.Grififfh, e produções como Intolerance (ou O Nascimento de uma Nação) tranformarem-se em clássicos do cinema mudo dos Estados Unidos. Emergem atores como Charlie Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd, o genial trio de comediantes da era dos filmes mudos na América do Norte. Nem mesmo o advento do som apagou da história este período inesquecível da trajetoria do Cinema. E como Alfred Hitchcock disse um dia: "Os filmes mudos eram perfeitos. Só lhes faltava o som sair pela boca das personagens". E o som tinha de fato o seu papel no cinema mudo!.

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