segunda-feira, 1 de junho de 2009

RIBEIRA - 296

VICENTE CELESTINO
Vicente Celestino (Antônio Vicente Filipe Celestino), cantor, compositor e ator, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 12 de setembro de 1894 e faleceu em São Paulo, em 23 de agosto de 1968. Filho de um casal de imigrantes calabreses chegados ao Brasil dois anos antes de seu nascimento, teve dez irmãos, quatro também artistas: João, galã cômico; Pedro Celestino, tenor; Radamés, baritono; e Antonio, baixo. Vicente começou a cantar aos oito anos, num grupo chamado "Pastorinhas da Ladeira do Viana" e, ainda aluno de escola primária, iniciou-se no ofício de sapateiro com o pai, entrando para o Liceu de Artes e Oficios, para aprender desenho industrial, logo após terminar o primário.
Em 1903, participou do coro infantil da ópera "Carmen" (Georges Bizet), no Teatro Lírico e, notado pelo tenor italiano Enrico Caruso, recebeu convite para ir estudar canto na Itália, mas seu pai recusou-lhe autorização. Vicente Celestino trabalhou numa fábrica de guarda-chuvas, em 1905, foi servente de pedreiro no ano seguinte e, em 1910, voltou à sapataria do pai. Cantou solo em público, pela primeira vez, na peça "Vida de Artista", encenada em 1912 pelo Grupo dos Cartolas, formado por amigos do bairro da Saúde. Depois começou a cantar em festas, serenatas e casas de chope, abandonando o emprego em 1913 para dedicar-se somente à música. Numa dessas casas de chope, foi ouvido por Alvarenga Fonseca, que o levou para a Companhia Nacional de Revistas, do Teatro São José, da qual era diretor. No dia 10 de julho de 1914, estreou na revista Chuá-Chuá, de Eustórgio Wanderley e J. Ribas, participando do coro e solando a valsa Flor do Mal (Santos Coelho e Domingos Correia), com calorosos aplausos. Dois anos mais tarde, integrando a Companhia Leopoldo Fróis, foi cantar em São Paulo, sendo promovido a ator-cantor, apresentando-se depois em Porto Alegre e Pelotas, Rs, Pernambuco e Bahia. Em 1916 gravou seu primeiro disco - Flor do Mal e Os Que Sofrem - (Alfredo Gama e Armando Oliveira), na Casa Edison (Odeon), do Rio de Janeiro. Vicente Celestino deixou o Teatro São José em 1917, para se dedicar ao estudo de canto, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1919, voltou aos palcos, como ator de várias peças, começando, em março, no papel principal em "Amor de Bandido" (Oduvaldo Viana e Adalberto de Carvalho), encenada pela Companhia de Pascoal Segreto, no Teatro São Pedro (hoje João Caetano). Seu maior sucesso nessa temporada foi a ópera Juriti, de Viriato Correia, com música de Chiquinha Gonzaga, apresentada no mesmo teatro.
Com a atriz e cantora Laís Areda, organizou sua própria companhia de operetas, em 1920, estreando com Loucuras de Amor (Adalberto de Carvalho), no Teatro Americano. No ano seguinte trabalhou nas óperas Tosca, de Giacomo Puccini e Aída, de Giuseppe Verdi, no Teatro Lírico, e em Carmen, no Teatro São Pedro. Vicente Celestino fundou nova companhia com a cantora Carmen Dora, em 1923, para excursionar pelo Brasil. Nos anos seguintes continuou a percorrer o país de ponta a ponta. Gravou também vários discos, que lhe deram grande popularidade, entre eles Urubu Subiu, em duo com Bahiano, para o Carnaval. Hino Nacional Brasileiro (Francisco Manoel da Silva e Osório Duque Estrada), e O Cigano (Marcelo Tupinambá e João do Sul, em 1924.
Na Odeon, já no processo elétrico, de abril de 1928 a outubro de 1930 lançou 19 discos com 35 músicas, alcançando sucesso com Santa (Freire Júnior), em 1928 e o tango-canção Nênias (Candido das Neves, apelidado por Indio), 1929, entre outras. Em 1932 passou para a Colúmbia, gravando no primeiro disco o tango-canção Noite Cheia de Estrelas (Cândido das Neves), que deu novo impulso a sua carreira discográfica. No ano seguinte, casou-se com a cantora e atriz Gilda de Abreu.
Em 1933 Vicente Celestino trabalhava com Gilda de Abreu no Teatro Recreio do Rio de Janeiro. Em 1935 começou a gravar na RCA Victor, obtendo dois êxitos já no primeiro disco: os tangos-canções Ouvindo-te (de sua autoria), em duo com Gilda, e Rasguei o Teu Retrato (Indio). A partir desse momento, começou a se projetar também como compositor de grandes sucessos, como, por exemplo, O Ébrio, 1936, Coração Materno, 1937, Patativa, 1937, Sangue e Areia (com Mario Rossi), 1941, Porta Aberta, 1946. Em 1937 transformou a canção O Ébrio em peça de teatro, com estreia no Teatro Carlos Gomes, em 1941, e sempre encenada em suas excursões; fez o memo com Coração Materno, opereta estreada em 1946 no Teatro João Caetano. Ambas foram filmadas por Gilda de Abreu, respectivamente em 1946 e 1951, com ele nos papeis principais, alcançando grande sucesso de público.
Preparando-se para gravar um programa de televisão em que seria homenageado pelos compositores do Movimento Trapicalista, sentiu-se mal no quarto do hotel Normandie, em São Paulo, morrendo minutos depois de um enfarte do coração. No total, Vicente Celestino lançou cerca de 137 discos em 78 rpm com 265 músicas, mais dez compactos e 31 Lps.

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