terça-feira, 18 de novembro de 2008

RIBEIRA - 190

PARENTES FACE A FACE
Cientistas identificam por DNA famílias na Idade da Pedra na Alemanha. As quatro famílias foram sepultadas em covas diferentes. Núcleos familiares deveriam ser centrais na organização social.
Teste de paternidade é corriqueiro. Ele transforma a formação das famílias provando que os filhos são - ou não - dos pais indicados pelas mães. Agora, os cientistas encontraram uma forma de desvendar o passado por meio da análise genética. Usando exames de DNA, mostraram como eram as relações familiares da Idade da Pedra. A pesquisa foi publicada na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences nesta semana.
Em 2005, quatro covas foram descobertas perto da cidade de Eaulau, no centro leste da Alemanha. As sepulturas de 4.600 anos, continham grupos de adultos e crianças face a face sepultadas simultaneamente. Wolfgang Haak, do Instituto de Antropologia da Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, na Alemanha, e seus colegas utilizando o DNA perceberam que os filhos foram enterrados com seus respectivos pais.
"A biologia molecular acaba confirmando o que os pesquisadores já sabiam", disse o paleontólogo Reinaldo Bertini, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Graças a esse avanço da genética, a datação de idade pelo processo chamado radiocarbono, estudo quimico dos dentes e a uma equipe multidisciplinar - composta por arqueólogos, antropólogos e geoquímicos - os cientistas descobriram com detalhes como as quatro famílias eram compostas. Também que foram mortas de forma violenta
Uma das quatro covas é composta pela mãe (com idade entre 35 e 50 anos), uma criança com cerca de 9 anos outra com 4 ou cinco anos. A disposição dos mortos parece espelhar as suas relações durante a vida. Os braços e as mãos foram posicionadas de forma que se interligam.
Na Idade da Pedra, a região da cidade alemã era disputada por um povo - que habitava o norte da Europa - da cultura intitulada "Corded Ware". Certo dia, invasores realizaram no local um ataque surpresa com pedras e flechas. As famílias tentaram se defender com socos, mas a briga terminou na morte de 13 indíviduos. Provavelvemente, 85% dos mortos eram crianças e mulheres.
Após a luta, os sobreviventes jovens que conseguiram fugir, regressaram para enterrar seu mortos em covas diferentes de acordo com os núcleos familiares.. Como era de costume, amassaram ossos de animais para oferecer como alimento aos mortos. Por fim, colocaram artefatos nas sepulturas: pedras ao lado dos homens e meninos, pedras e adornos de dentes de animais junto às mulheres e meninas. Os enterros foram realizados em um grande cemitério
Além dessas conclusões, os pesquisadores acreditam que os casamentos entre essas pessoas eram exogâmicos e patrilocal. Respectivamente, realizados entre tribus ou famílias diferentes e quando a mulher devia seguir o marido. Também o parentesco genético é um ponto central de organização social. "Nós temos provas da situação atual. E, atualmente, evidência daquilo que deveria ter acontecido na região em particular ha 4.600 anos atrás", diz Haak "Nossos próximos passos incluem análise semelhante de restos humanos antigos disponíveis em todo o mundo". completa.
Durante a Idade da Pedra, possivelmente havia uma alta densidade populacional na área dos rios Elba e Saale, próximos ao local do estudo. Afinal, ele era propicio para agricultura. Como o povo da cultura "Corded Ware" era sedentário - plantava, colhia e caçava no mesmo lugar- poderia ter se estabelecido por lá. Ou o local era de trânsito, o que gerava conflitos entre os grupos.
Outra cova contém uma mulher, um bebê e duas crianças. Na terceira, um homem adulto e duas crianças de até seis anos de idade. Na quarta, uma mulher e uma criança de cerca de cinco anos. As sepulturas deveriam ter pequenos montes em cima delas que hoje são irreconheciveis devido aos séculos de atividade agrícola.

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