sábado, 5 de setembro de 2009

RIBEIRA - 396

- DESFILE DA INDEPENDENCIA -
Era quase assim o meu desfile da Independencia do Brasil, no dia 5 de Setembro. Na verdade, o Desfile da Independencia é, realmente, no dia 7 de Setembro, quando os Batalhões do Exército, Marinha, Aeronáutica, Policia Militar, escoteiros e alunos de colégios desfilam comemorando a Independência política do nosso Brasil. Mas, no meu tempo, quando ainda eu era uma criança dos meus 7 anos, o desfile para nós - crianças - era mesmo no dia 5 de setembro, antecedendo o dos homens militares que era e é no dia 7 de Setembro. Além do mais, nos meus tempos, o desfile do dia 5 era somente para os alunos, como eu era. Colégio Marista, Colégio Salesiano, Colegio 7 de Setembro - de velhas memórias - Colégio das Neves, Colégio da Conceição, Colégio Atheneu. Escola Doméstica - de moças, todas de branco, sempre belas - Escola Industrial e mais os Escoteiros e os grupos escolares onde estava o meu, "Grupo Escolar Áurea Barros" - de dece encantamento. Hoje já não existe mais.
Há uns 15 dias antes do dia 5, nós ensaiavamos a marcha e a cantar o Hino Nacional para que, no Dia D estivessemos prontos para o grande e imponente acontecimento: a marcha. Um mês antes, era dada a forma do fardamento para nós. Calça comprida, sapatos, meias da cor do sapato - preto - e uma túnica que era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Para recordar, a túnica era feita, toda de branco, com dois bolsos na parte de cima e mais dois na parte de baixo, botões amarelos cromados feitos de metal, iguais aos da Marinha. pegando desde o pescoço até a cintura, com gola e tudo o que houvesse de nescessário . Tinha botões até sobre as abas dos bolsos. Era verdadeiramente deslumbrante o nosso fardamento. As meninas, confesso que não me recordo mais de como era feito o fardamento. Nós tinhamos um "hino" para marcar o passo:
--- Alberto Torres deixa de besteira
--- Pois o Áurea Barros te deu a Bandeira,
Esse "hino" nós catavamos enquanto marchavamos pelas cercanias do grupo Aurea Barros. O Grupo Escolar Alberto Torres ficava na mesma avenida que o Áurea Barros, sendo que era o primeiro a ser construido naquela avenida, ficando no bairro de Petrópolis, naquele tempo, mais conhecido, o bairro, como Alto Juruá. O Grupo Escolar Áurea Barros ficava no bairro do Tirol, na Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua Assu. Pois bem. No dia 5 de Setembro, um dia como hoje, eu já estava impaciente para chegar na minha escola, fardado, emplumado, com rouge na face - (minha mãe fazia questão que eu estivesse "corado") - vendo se alguma garota olhava para mim, pois eu era toda importância.
O tempo se foi. Três horas da tarde, nós já estavamos concentrados na Avenida Deodoro, cerca de 500 metros ou mais do nosso Grupo. Sei que os alunos do Áurea Barros foram um dos últimos a desfilar. Na cabeça de tudo tinham as escolas maiores. O desfile tomou rumo desde a rua Trairí até a rua Jundiaí. Um "tirão" e tanto para nós, as crianças. Da rua Jundiaí, então, era feita a dispersão. Cada qual para o seu lado. Gente muita vendo o nosso desfile. Entre todos, estavam a minha mãe e meu pai. Uma Banda de Musica finalizava a nossa apresentação, tocando um dos hinos que nós ensaiavamos durante um mês para que não se esquecesse. Com uma tremenda pompa, eu seguia firme em minha primeira marcha da Independência, recusando até o convite do meu pai, para que saisse da fila dos garotos, quando chegamos na Praça Pio X, com ele me oferecendo o braço:
--- "Não!!! Vou até a Escola!!! - disse eu.
O velho senhor se encheu de garbo e impetuoso orgulho, eu notei. Naquela ocasião, eu nem sabia dizer o que era orgulho de um pai afetuoso e querido. Somente hoje é que eu sinto o que eu fazia para motivar tanto amor que meu velho pai sentia ao ver um filho, solene, marchando pela rua até chegar ao seu destino final. Foi a minha maior felicidade do tempo infantil que eu vivi por entre o meio de tantos alunos que, como eu, marchavam até à sua pequenina escola. Meninos e meninas, grandes e pequenos, era assim o que nós representavamos perante a nossa imortal bravura. Já hoje, um tanto velho, eu me comporto como naqueles augustos e briosos tempos ao sentir no meu peito o grito de minha independência.
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