sexta-feira, 18 de setembro de 2009

RIBEIRA - 409

- A VERDADE NUA E CRUA -
Comédias romanticas parecem existir desde quando o mundo é mundo, por isso andam tão desgastadas e previsiveis. "A Verdade Nua e Crua", que estreia em todo o Brasil, nesta sexta-feira, dia 18 de setembro de 2009, pode não ser o fundo do poço, mas é mais um prego colocado no caixão do gênero que parece dar seus últimos suspiros.
Estão longe os tempos em que a comédia romântica combinava charme com sagacidade. As décadas de 1930 e 1940, com filmes como "Levada da Breca" e "Jejum de Amor", apontavam um futuro feliz para o gênero que, nos anos de 1980 e 1990, ainda parecia saudável. Hollywood fazia filmes como "Harry e Sally - Feitos um para o Outro". A primeira década do século 21 se aproxima do fim e o que o cinema tem a oferecer, combinando humor e romance, atende por nomes como "A Proposta", "Vestida para Casar" e "Verdade Nua e Crua". Todos são uma espécie de plágio requentado da fórmula de sempre. Os personagens sao Ela e Ele. Muito diferentes, brigam feito cão e gato no primeiro ato do filme. Depois de uma trégua, percebem que podem ficar bem juntos. No final, um dos dois acaba voltando para o (a) ex, mas percebe que o grande amor de sua vida é aquela pessoa cujo nome vem junto do dela nos créditos do filme.
Em "A Verdade Nua e Crua", Ela é interpretada por Katherine Heigl - forte candidata ao posto da atual rainha da comédias românticas - a atende pelo nome da Abby. Produtora de televisão, trabalha demais e não tem nem tempo para encontrar um novo namorado. Essa função cabe à sua assistente que não apenas arma os encontros como dá dicas de como ela deve se comportar. Ele é interpretado pelo escocês Gerard Butler, um sujeito boca suja e misógino que ganha a vida dando conselhos num programa de televisão de madrugada. Claro que vida dos dois personágens vai se cruzar e eles vão brigar muito para depois perceberem que o filme será muito previsível. Ele é contratado para trabalhar no programa que ela produz - um talkshow apresentado por um casal cinquentão, que dá conselhos sentimentais, culinários ou o que mais for preciso para subir a audiência.
Mike - o nome do rapaz - bate de frente com Abby e logo é capaz de desvendá-la: solteira, sexualmente frustrada e a espera de umm príncipe encantado, que existe e mora na casa ao lado. O acordo entre os dois inimigos é simples: Mike ajuda Abby a conquistar o rapaz e ela, em troca, o ajuda no programa de televisão, porque juntos podem elevar a audiência à estratosfera. Curioso como, para Hollywood, uma mulher jamais é considerada bem sucedida se não tiver um homem ao seu lado. A satisfação profissional de nada vale se não existir um príncipe em sua cama para chamar de seu, mesmo que para isso ela precise adotar um comportamento grosseiro, vulgar e machista - afinal, quem tem o poder é o homem. E é assim que Abby começa a agir par conquistar seu vizinho: fazendo tudo igual a Mike, desde o vocabulário até nas atitudes.
"A Verdade Nua e Crua" não chega a ser ofensivo. É apenas um filme que tenta fazer humor de fórmulas batidas combinadas com uma visão de mundo bastante machista.

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