quinta-feira, 21 de outubro de 2010

AMANTES - 4 -

- Gene Tierney -
- 4 -
O caso dos amantes estava fora de comentários. Após urinar por si só sobre a roupa, Silas agarrou um punhado de folha de carrapateira tirada no pé do morro e pos em baixo do calção fazendo daquilo uma espécie de cueca para enxugar um pouco o que estava urinado. Com isso a garota estranhando um tanto sorriu igualmente desavergonhada mangando de Silas querendo fazer da moita de folhas uma cueca. E os dois sorriram como nunca. Após tudo isso, eles foram chupar os cajus tento o cuidado de guardar as castanhas. Solitários e sonolentos os amantes se deitaram na relva olhando o céu de verão sem nuvens para atrapalhar. De outro lado tinha um muro bem alto que fora de um Quartel do Exercito a uns tempos remotos. Do muro eles aproveitavam a sombra tranqüila e ali mesmo fizeram amor. Amor sem penetração como se fosse apenas uma brincadeira de garoto e garota. O sol já cobria as copas das arvores àquela hora da tarde. Era então a vez de se ir embora. O garoto disse a Vera que em outro dia eles teriam que ir ao morro da Torre, um pouco mais distante.

--- É longe? – indagou a menina de sobressalto.

--- Não. É não. Mas é mais distante que aqui. – sorriu Silas a tirar tudo que era de mato de sua roupa já velha.

De modo vagaroso os amantes voltaram a pé para as suas casas. Silas residia um pouco mais distante que Vera. Porém era o mesmo caminho. Quem ouvisse dizer na casa da mungubeira na frente, pois era ali que Silas residia. Por sinal, naquela artéria nem tão distante tinham outros pés de mungubas. Mesmo assim, a de Silas era a mais frondosa. Perto de um terreno baldio havia um pé de aroeira. Esse ficava bem mais distante que o pé de munguba da casa de Silas. Pelo lado da frente da sua casa, Silas contava os pés de fruteiras existentes em um amplo terreno ali existente. Tinha de tudo: cajueiro, goiabeira, pitombeira, mangueira e o mundo todo para bem dizer. As fruteiras ficavam dentro de um cercado amurado por todos os lados num extenso terreno que dava fé.

Quando os dois amantes chegaram perto de casa de Vera, uma coisa eles viram: a figura do maltrapilho velho chamado Molambo. Nesse instante os garotos estremeceram de medo. E foram pelo outro lado da rua todos os dois falando baixinho ao dizer que estavam com medo. Temerosos pela presença de Molambo àquela hora finda da morna tarde. O velho estava sentado em uma calçada organizando seus apetrechos desorganizados por natureza e falando qualquer coisa sem sentidos para quem passasse. A calçada era alta que o velho, sentado na ponta, juntava os pés sem mesmo tocar no chão. Lá estava Molambo e cá estavam os dois amantes. Por medida de segurança e por cuidado, os garotos até pouco tempo sapecas – ele e ela – partiram numa carreira desembestada que nem Deus pegava. E gritaram a uma só voz:

--- Aaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! – gritavam os dois de uma única vez.

Nesse instante, uma mulher abriu a porta da casa onde o velho estava sentado e trouxe um prato de refeição para ele. E disse em seguida:

--- Ponha o prato no batente da porta. – e entrou a seguir sem mais conversa.

Logo a seguir, em carreirão desembestado Vera entrou em sua residência nem esperando a vez de Silas também entrar. Ela empurrou a porta de supetão e fechou com força total fazendo um bac-bac estremecedor assustando até a sua mãe que perguntou de imediato o que era aquilo tudo que estava havendo. A garota com os bofes pela boca se engasgou para dizer:

--- O monstro! É ele! Eu vi! Está lá fora! Monstro!!! – respondeu a garota com seus olhos plenamente esbugalhados e tremendo de medo.

--- Foi sim, dona Cora. Ele está lá fora! – confessou o garoto que acompanhou Vera em sua desandada correria.

A mulher saiu para ver o que estava acontecendo seguida dos garotos. Vera se escondia atrás da saia de sua mãe a espera de uma decisão concreta a tal respeito. A mulher olhou para e para o outra da rua e só avistou o velho Molambo que estava a refestelar a sua refeição de fim da tarde dada por alguém que morava na casa bem mais distante. Enfim, dona Cora voltou-se para os dois e afinal declarou:

--- Que monstro que nada. É o velho Molambo. Ora! E vocês aonde andavam?! – indagou a mulher irada de olhos bem abertos com tamanha confusão.

--- Eu? Estava ali. – respondeu Vera assustada com o velho e com o que fizera.

--- Ali aonde? Você pensa que me engana? – falou dona Cora mais afogueada ainda.

--- Apanhando caju. Tem aqui as castanhas. ...E os cajus! – sorriu Silas ao dizer onde estavam com a cara mais deslambida deste mundo.

--- Eu vou acreditar. Mas que seja a última vez. Está ouvindo magrela? – respondeu dona Cora a sua filha Vera.

--- Hum! Magrela! – sorriu Silas pela maneira como a mãe de Vera a tratou.

--- Cala tua boca verme. Ela disse comigo. E você pode ir para casa. – rebateu Vera fazendo finca-pé para sair até ao banheiro onde faria suas necessidades costumeiras.

--- Volte aqui, menina! Peça desculpas ao seu amigo! – contestou dona Cora em busca da filha.

A essa hora Vera já estava trancada no banheiro e nem queria saber de coisa alguma.

No dia seguinte eles – os dois – seguiram para o Grupo onde a turma estava em ampla algazarra tremenda antes do inicio das aulas. De mãos dadas Vera foi logo entre afagos e beijo de uma colega recomendar que eles devessem sempre andar assim a toda hora. Tal garota disse isso, sorriu e saiu correndo para pegar um os primeiros lugares da fila de entrada. Vera se aborreceu e largou a mãe de Silas. Este não deu a mínima importância, pois sentada no batente da escola estava Ana, uma colega que sempre visitava a sua casa. A mocinha, de mão no queixo, pernas ligeiramente entreabertas que todos os alunos da escola notavam bem as suas calcinhas, olhou para a cara de Silas e disse então.

--- Tua namorada já entrou! – declarou a Ana com espécie de ciúmes.

--- Ela não é minha namorada. Só colega! – respondeu Silas se ajeitando para se encostar-se a Ana e ver de perto as calcinhas da garota.

--- É nada! Quem te compre é quem te diga! – disse a garota fazendo um gesto na boca.

O garoto sorriu sem perder a oportunidade de olhar bem mais as calcinhas da jovem. Ele, muitas vezes esperava que Ana ficasse por mais tempo a conversar com a sua mãe, Lindalva, para aproveitar de veras a ocasião de cima da parede, trancado no seu próprio quarto então a se esvaziar por completo daquele líquido sedoso que ejetava pelo seu genital. Silas se mantinha relação sexual por intenção na plena parede de quarto botando apenas uma parte da sua cabeça pelo lado de fora e ali se satisfazia em pleno gozo. De cima da parede ele podia ver a jovem morena a cruzar as suas delicadas pernas enquanto conversava com a sua mãe. Para o garoto, aquilo era o máximo.

A sineta tocou e a turma toda entrou para seguir a fila e assistir a primeira aula da manhã. Silas notou a ausência de Vera em seu canto favorito, na mesma carteira que ele. Dessa vez ela estava no outro lado da sala, apenas só. O garoto olhou para Vera e fez um bochecho tirando um “bloc” com uma tapa da mão no seu próprio rosto. Ela se virou para a parede fazendo que nem queria saber. Feita a chamada, quando a professora Margarida chamou o nome de Vera o seu companheiro Silas se levantou e disse:

--- Ela faltou! Está com dor de barriga! – respondeu Silas onde toda a classe caiu na gargalhada

A mocinha se levantou de sua cadeira e declarou a professora.

--- É mentira desse verme. Estou presente professora! – rebateu Vera com muita raiva de Silas

A professora olhando os dois e a classe inteira por cima dos óculos contestou de imediato.

--- Estou vendo. E vamos acabar com essa briga na hora da aula. Se não eu ponho Silas de castigo. Ora essa. – comentou a professora em cima da hora.

Então o garoto arrumou os seus livros e partiu sem mais conversa. A professora ainda de cabeça baixa nem viu a saída do aluno. Quem falou foi Ana, a sua companheira de sala ao declarar que Silas tinha ido embora.

--- Chame-o pra sala de imediato. – respondeu a mestra Margarida com toda a sua gordura.

--- Sou eu? – indagou Ana a professora.

--- Logo! Se não eu o ponho de castigo. – replicou a mestra ajeitando o seu vestido.

A mocinha Ana saiu na carreira em busca do colega Silas, passando pelo interior de Diretoria e chegando ao portão de fora. Pelo rumo que tomou só era possível ele ter saído pela frente do Grupo e então debandar para a sua casa. No entanto Ana não viu viva alma. O garoto parecia ter sumido da voragem da vida. Ana ainda saiu para ver na rua ao lado e nem sinal do garoto. Então, o velho Mousinho veio em auxilio da estonteada e absorta garota advertido que foi pela professora Margarida. Esse também não viu mais nem um rastro de Silas. O garoto sumira de uma só vez.

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