terça-feira, 5 de outubro de 2010

DANÇA DAS ONDAS - 41 -

- Claudia Galanti -
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O convite para a apresentação da Orquestra Filarmônica, tenor, soprano e grupo de bailarinos era para a noite de sexta-feira. Honório nem disse a sua dileta esposa para não poder criar constrangimento. Os dois bilhetes deveriam ser para ele e a esposa. E não podendo levar sua mulher, ele resolveu partir com a sua secretaria particular, Luiza de Campos. A jovem ficou feliz em poder assistir a tal apresentação, mesmo não gostando da erudição das peças, pois achava uma melodia antipática. Mesmo assim, tinha a companhia de Honório e isso era o suficiente. Na noite da sexta-feira, Luiza estava por demais elegantes em seu esmerado soarê de fino trato. Para tanto teve que voltar a sua casa, arrumar-se com esmero e após o banho um pouco de perfume de Água de Toalete antes de por as vestes. O seu deleite preferido era o de estar bem vestida de acordo consigo mesma, sem artificialismo. O carro fora de casa era o de Honório. O rapaz foi buscar a enigmática e estonteante moça para sentir o esmero dos detalhes por ela escolhidos. Não foi sem susto que ele observou a chegada de Luiza ao seu veículo, vestindo um indumento de cor escura, pois era dessa forma a sua veste reluzente encantando as mais extasiantes das senhoras e senhoritas que estariam pelo teatro àquela noite de graça e esplendor.

--- A cada vez você está mais esplendorosa de todas as mulheres que eu já conheci! – falou excitado o rapaz a cada movimento de Luiza.

A moça sorriu e disse apenas:

-- Vamos! – sorriu ainda mais Luiza.

O programa de concertos e de balé era verdadeiramente impressionante. Apesar da moça não admirar tal arte, ele agradou aos presentes ao Teatro Municipal naquela noite de verão. Um espetáculo sublime onde apenas os entusiastas da música erudita podiam solfejar algumas partes das notas as quais impingiam a virtuosa Orquestra conduzida por um bravo maestro cheio de pompa e de orgulho. Ao final da apresentação, maestro, orquestra, tenor, soprano e o corpo de balé se apresentaram a agradecer a ovação do público, o qual não parava de assobiar e bater palmas acompanhadas pelos:

--- Bravo!!! Bravo!!! Bravo!!! – fazia o público em delírio marcante.

O doce encanto de Luiza não deixou por menos. Honório, extasiante de anseios, voltou o seu veiculo na tumultuada saída do Teatro e seguiu para o mais luxuoso motel de sua cidade. No local, admirando a esplêndida dona daquele corpo despido o homem se deslumbrou no mais eterno amor sob as ondas do mar bravio, ao lado de fora e, bem mais distante a arrebentar as muralhas inóspitas do majestoso e atroz oceano bravio do prazer. Após tantas horas de prazer, o homem adormeceu solitário. A mulher, acordada, olhou indiferente aquele corpo nu e inerte igual um cachalote a dormitar lento e preguiçoso. O homem sonhou que estava em frente a um bazar muito amplo, coisa de vinte metros. Ele então perguntava a um homem a que horas começava o show e o homem parecendo seu parente dizia:

--- Está tarde! – dizia o homem no sonho.



Quando Honório despertou do seu sono profundo, ele olhou em volta e viu o corpo despido de Luiza, amplamente sensual, dormindo com um anjo. De momento, Honório esfregou os olhos e, depois, olhou as horas no seu relógio de pulso. Ele olhou e não deu a menor importância. Porém, a olhar bem depressa novamente viu que eram mais de seis e meia da manhã. O homem se levantou apressado, acordando Luiza no mesmo leito em que estava ao dizer:

--- Acorda! Acorda! Já chegam às sete horas da manhã! – gritou Honório para a moça.

Ela dormia como nunca e nem se deu por conta. Honório saiu depressa para o banheiro, temendo o que havia de dizer a Ângela, pos aquela era a primeira noite como casado que o homem passava fora de casa. Ocupou o sanitário, depois lavou o rosto e escovou os dentes e de quando em quando olhava para a cama ao lado a chamar pelo nome da moça a qual dormia sossegada:

--- Luiza! Luiza! Acorda!. - dizia o homem com a pressa que nunca teve na vida.

E então comentava as mil e umas desculpas para dizer em casa quando ele tivesse que voltar naquela hora incerta da manhã de sábado. E ele viu Luiza novamente a dormir enquanto a sua situação era desesperadora por demais.

--- Que diabos eu vou dizer a Ângela! – lamentava Honório se enxugando do banho quente que acabara de tomar. Em certos momentos, ele chamava por “meu Deus” e em outros rogava uma praga por ter dormido a noite toda, ou parte da noite. A madrugada.

Em seguida, ao voltar ao quarto, encontrou Luiza ainda a dormir e não se conteve. Ele arrastou a moça do leito e fez cair no chão. Com o impacto, Luiza acordou meio sonâmbula, ficando sentada inteiramente despida, a olhar para Honório e indagar.

--- Está louco! Não vês que ainda estou dormindo? Ora merda! E estou inteiramente nua. Porras! – gritou a moça para Honório atarefado em se vestir com toda pressa.

--- Te veste! Te veste! Vamos embora! Está na hora! – falou o Homem apressado enquanto se vestia a qualquer preço apanhando uma camisa que estava em cima da cama.

--- Tá na hora o que? – disse Luiza enquanto se levantava do chão e caminhava para o banheiro

--- Vamos! Que diabos! O que vou dizer a Ângela? – indagava cismado Honório com toda a pressa do mundo.

Luiza, no sanitário, com as mãos no queixo esperava o tempo de urinar quase que a dormir em pleno dia. Ela olhou as paredes como se nunca tivesse visto. Era um encanto aquele sanitário, aquele banheiro. Os adornos existentes. Luiza olhava tudo ao seu redor. Era como se estivesse ainda a dormir. De fora, ouviu o grito de Honório:

--- Embora porras!!!! – gritou o seu amante das horas incertas.

--- Espera amor. Vou tomar banho! – respondeu Luiza apaziguando a fera.

--- Que banho que nada! Que diabos! Ângela me perdoe! – lamentava o homem a todo custo.

Quando saíra do banho Luiza indagou a Honório se estava aterrorizado por não ter o que dizer em casa, quando chegasse. Luiza comentou que ele podia ter viajado com o time, em cima da hora e não tido tempo de ligar avisando do tal imprevisto. Uma conversa amena e que Ângela não tinha mais o que dizer. Ademais, ele não voltaria para casa – a sua Mansão – naquele dia para dar mais ênfase à conversa.

--- Boa desculpa. Até por que o time está em excursão pela região. Mas você acha que ela acredita? – indagou Honório meio surpreso.

--- Acredite ou não esta é a sua versão para este destemperado sábado. E agora vou dormir. – respondeu Luiza se projetando na cama novamente.

--- Dormir uma porra! Vamos embora! – gritou o homem ainda nervoso com seu atraso.

--- Sossegue. Tenha calma. Você tem até segunda-feira para vadiar. Vamos dormir mais um pouco. Sossegue amor meu. – falou tranqüila a moça ao homem.

--- Isso é uma porra! E não tenho nem roupa para mudar. – argumentou o homem.

--- Sossegue. É só você pedir para que eles providenciem um par de roupas novas para você. O motel tem essas coisas. – sorriu a moça.

O homem cismou para poder chegar à conclusão de que a moça estava bem informada sobre motéis, paletó, calças e camisas. O tempo passava e Honório se inquietava. Ligaria para o presidente do clube Lagunas procurando saber onde estaria chegando naquele dia o time de futebol. Porém, o presidente Ernani Ganso Frito tinha viajado com a equipe por esses dias, foi o que se informou de sua casa. Ele fez outra ligação. Esta deu certo. Maneco comentarista foi quem atendeu. Honório pediu para ele informar por mais de uma vez que o time seguira e em sua delegação fora também o diretor de esportes, Honório Dumaresq, pego em cima da hora. Maneco concordou com essa historia. Ao perguntar onde Honório estava esse disse que em lugar incerto e não sabido. Mas o amigo Maneco devia dizer que ele viajara com a delegação.

--- Está bem. Eu dou a notícia. – respondeu Maneco.

--- Isso! Isso! Isso! Obrigado! Eu te dou o cheiro na barriga! – sorriu Honório pelo telefone.

--- Está bem. Agora, o time só vai viajar hoje à tarde! – sorriu Maneco.

--- Puta Merda! Agora deu zebra! – reclamou Honório desesperado.

--- Estou brincando. O time foi ontem à noite. Sossegue. Um beijo na mulher que está ao seu lado. – sorriu Maneco em plena gargalhada.

--- Sacana! Você é mesmo sacana! – reclamou Honório a Maneco.

E os dois namorados passaram o restante da tarde do dia no motel. Cerveja, vinhos lagosta, camarões e tantas coisas mais eles teriam para agradar a sua fome de seduzir e amar. Somente no domingo à noite, eles deixaram o quarto de motel, pois a segunda-feira era o dia de fazer negócios no escritório e no atelier.

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