quinta-feira, 5 de junho de 2008

RIBEIRA - X



O Bonde foi o primeiro transporte de massa que despontou em Natal. Apesar do registro marcar que o Bonde chegou nessas plagas em 1908, informes mais precisos de que o transporte estava aqui no final do Século XIX, com os primeiros Bondes puxados à tração animal. Com o passar do tempo esse transporte foi mais além, indo da Cidade Alta à Ribeira e posteriormente ao Alecrim. Com efeito, do Alecrim só faltava se chegar a Lagoa Seca. Para isso acontecer, foi um pulo. Implantou-se os trilhos até o novo ponto, uma espécie de arruado, onde moravam trabalhadores que precisavam estar no emprego às 7 horas da manhã.

Então, o Bonde chegou a Lagoa Seca. Do mesmo modo, se fez a linha da Ribeira, onde o meio de transporte chegava até a rua do Areal. Com o tempo, o transporte largou de mão esse percurso, pois, afinal, ali naquele local havia pouca gente que se interessava em pegar esse meio de transporte. Então, o Bonde ficou apenas na Ribeira, fazendo a linha de quem chega ao Bairro pela a avenida Duque de Caxias, indo até a Esplanada Silva Jardim e voltando pela Rua Frei Miguelinho até alcança a Av. Tavares de Lyra, onde fazia o seu contorno. Dali em diante pegava a rua Duque de Caxias novamente para seguir com destino à Cidade Alta, subindo pela rua Junqueira Ayres, o mesmo trecho que o Bonde fazia para chegar ao bairro da Ribeira, quando se destinava em ir.

A história do Bonde, em Natal durou cerca de 50 anos, terminando em 1956. Até esse tempo, se podia ver linhas de Bonde com direção ao bairro do Tirol, com ele voltando alí do Prédio do Aéro Clube e também se destinando ao monte de Petropolis, pois era um monte mesmo. O Bonde chegava a Petropolis partindo do bairro da Cidade Alta, seguindo pela rua João Pessoa (nesse tempo o nome era outro), pegando a rua Deodoro (também tinha outro nome), chegava até a rua Trairy, seguindo até a Nilo Peçanha (o nome também era outro), subindo a ladeira do monte e chegando a av. Getúlio Vargas (não tinha nome, a rua). Dali, então, o Bonde seguia pela via até atingir um pondo já no cruzamento com a Praia de Areia Preta, onde perdurou por muito tempo. Depois disso, encurtaram os trilhos e o Bonde ficou com o seu ponto final próximo a rua Dionísio Filgueira (não tinha nome essa rua), no terminal e começo da chamada Balaustrada, uma via calçada com pedras de praia que descia para até a Praia do Meio.

Esse foi o trajeto completo da malha de trilhos do Bonde em Natal. Na Cidade Alta. ele fazia o trajecto circulando a Praça da Matriz, entrando pela Praça da Alegria e ficando onde tempos depois foi o Cine Nordeste, antes Escola de Comércio. Daquele ponto em diante, o transporte seguia para a Ribeira e, posteriormente, para o Alecrim. O Bonde que fazia o trajeto para a Lagoa Seca voltava mesmo do bairro do Alecrim. Com todo esse esquema, duas empresas exploraram esse meio de transporte de massa: a Sociedade Vale Miranda & Barros e, tempos depois a Empresa Força e Luz que chegou a importar os Bondes diretamente da França. O preço da passagem do Bonde, entre a Cidade Alta e a Ribeira, ou Petrópolis, Tirol, Alecrim e até mesmo Lagoa Seca eram de 300 réis, o equivale, hoje a 30 Centavos de Reais. Uma quantia que, hoje, nem se teria troco.

O Bonde de Natal trouxe muito divertimento para os estudantes do Atheneu, escola que ficava num trecho por onde o Bonde (elétrico) passava. Os estudantes untavam a linha do Bonde com sabão somente para ver o transporte deslizar quando fosse subindo aquele trecho. Se trouxe divertimentos para os estudantes, também trouxe tristeza para os donos da empresa: Foi quando um transporte daqueles pegou fogo, sendo destruído totalmente. O incêndio em Bondes ocorreu nos transportes da Ribeira, em frente ao Colégio Salesiano, no Tirol, em frente ao, hoje, II Distrito Naval, na Linha do Alecrim e também de Lagoa Seca. Por falar em Lagoa Seca, certa vez, um garoto colocou uma bala de revólver no trilho do Bonde e foi ficar a espera do que acontecia, sentado na porta de sua casa. Quando o Bonde passou sobre a bala, fez explodir e então o garoto que estava a uma certa distância foi duramente alvejado, tendo morte imediata.

Na rua Presidente Bandeira, por onde o bonde trafegava com destino ao bairro de Lagoa Seca, a garotada, por várias vezes, untou os trilhos do Bonde com sabão para ver o veículo derrapar ao passar e findar por descarrilar. Isso levava horas para se levantar o Bonde o colocá-lo nos trilhos, de novo. Por vezes, era um tempo que durava até o dia seguinte. Outras mensões do Bonde de Natal, era os passageiros que não pagavam dos 300 réis da passagem. Eram, de modo mais acertado, garotos até mesmo de colégio. Quando pegavam o Bonde o viam o cobrador se acercar, os garotos passavam para o outro lado do Bonde. Com isso, enganando o cobrador, os marmanjo se deleitavam folgadamente.
Para marcar o número de passageiros que tinham pago a passagem, o cobrador puxava em uma correia empendurada sobre suas cabeças, num renc-renc que anotava o numero dos que se dirigiam aos seus locais. Para seguir em frente, o motorneiro era avisado por uma sineta - din-din - que fazia o Bonde partir. No final do seu percurso, também o cobrador mudava o sentido da lança pondo de um lado para outro par o Bonde poder seguir viagem. Era uma viagem agradável aquela que se fazia de Bonde. Todo aberto para permitir a descida ou subida do passageiro. o carro tinha mais a condição de dar opção para o passageiro viajar em pé, segurando um pau que havia pregado nas laterais. Vida difícil para quem comandava o percurso e muito boa para quem fazia o trajeto.

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