terça-feira, 17 de junho de 2008

RIBEIRA - XX


Os japoneses eram um povo que procurava se estabelecer fora de seu país, como a sorte lhes sorrisse. Em 1960, muitos japoneses, já um tanto aclimatados com o Brasil, procuravam lugares mais distantes do que São Paulo e Paraná para viver. E foi nesse ponto que a colónia japonesa aportou em Natal. Naquele ano, o Governo do Rio Grande do Norte acolheu a colónia japonesa entre os natalenses que veio para plantar, colher e vender produtos horti-fruti-granjeiros como já sabia fazer esse negocio. Os japoneses vindos para Natal foram destinados a uma terra que até aquela época era improdutiva e não havia ninguém que tivesse interesse em cultivá-la. No municipio de Parnamirim que fazia parte da grande-Natal, os japoneses fincaram seus instrumentos para o plantio de tomates, xuxus, pimentões, entre muitas outras variedades de frutas, legumes e hortaliças. Quando foi colhida a primeira safra de produtos, os japoneses vieram para Natal e venderam a preços bem baratos todos os seus produtos. O natalense ficou abismado com tamanha façanha de um povo estranho, olhos fechados, estatura baixa e que a tudo dizia "hai". Se uma pessoa fizesse em troca um "hai", recebia um outro "hai" de resposta. Tantos "hai" fizesse o natalense, quantos "hai" recebia da parte do japonês, um homem simples, baixo e sorridente. Então, estava aqui uma parte daquela nação japonesa e seus modestos "hai". Com o passar do tempo viu-se surgir uma casa de pasto, um restaurante japonês no bairro do Tirol para atender a clientela nipónica e também natalense que se identificara de imediato com aquele povo da terra do sol nascente.

O nipo-brasileiro é um cidadão brasileiro com ascendentes japoneses. Também são considerados nipo-brasileiras as pessoas nascidas no Japão radicadas no Brasil. Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei e os bisnetos yonsei. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekassegui. Uma das caracteristicasda sociedade brasileira é a miscigenação mas, no caso dos nipo-brasileiros, ela levou um tempo maior para acontecer. O casamento de japoneses fora da colônia não era aceita pela maioria dos imigrantes por não querer manter laços no Brasil podendo assim retornar para o Japão. Porém, o lado étnico-cultural foi o que mais dificultou, inicialmente, a miscigenação. Os japoneses possuem uma cultura fechada e, mesmo hoje em dia, o casamento com um não-japonês (gaikokujin) é mal-visto por grande parte da população.

No caso dos imigrantes japoneses no Brasil, essa situação de isolamento étnico acabou por se deteriorar a partir da década de 1970. Os imigrantes de primeira geração raramente se casavam com um não-japonês, porém, a partir das segunda e terceira gerações, o fenómeno da miscigenação passou a fazer parte da realidade da colônia japonesa no Brasil. Os imigrantes , assim como a maioria dos japoneses, eram budistas e xintoistas. Nas colônias japonesas houve uma forte presença de padres brasileiros para catequizar os imigrantes. O casamento com pessoas católicas também contribuiu para o crescimento dessa religião na comunidade. Desse modo, 60% dos descendentes de japoneses no Brasil são católicos.

Vivem no Japão mais de 300.000 brasileiros, a maioria dos quais são dekasseguis (brasileiros de orígem japonesa). A comunidade brasileira no Japão é a terceira maior fora do Brasil e, por sua vez, é a terceira maior comunidade imigrante no Japão, atrás apenas dos coreanos e chineses. Inversão do fluxo migratório de brasileiros descendentes ou cônjuges de japoneses ao Japão a procura de melhores oportunidade de renda, iniciados na segunda metade da década de 80 do século XX. A maioria dos brasileiros no Japão são escolarizados, mas são empregados como operários em fábrica de automóvel e eletrônicos. Muitos são submetidos a horas exaustivas de trabalho, ganhando salários pequenos para o padrão de vida japonês. A maior parte dos imigrantes no Japão vão aliciados por agências de recrutamento, legais ou ilegais.

Nenhum comentário: