domingo, 22 de junho de 2008

RIBEIRA - XXIV

PONTE DE IGAPÓ




A primeira locomotiva a chegar ao Rio Grande do Norte foi a locomotiva Catita nº 3, máquina a vapor, fabricada pelos ingleses em 1902 e adquirida pela Estrada de Ferro do Rio Grande do Norte, em 1906.

Quando surgiu a primeira linha de ferro no Estado, os passageiros eram obrigados a atravessar o rio Potengi de barco, até a margem esquerda, no lugar denominado "Coroas", onde os trilhos começavam ou terminavam em direção a Ceará-Mirim e depois, Baixa-Verde e daí em diante, para o interior do Estado, via zona norte.

Em 1914, no governo do desembargador Joaquim Ferreira Chaves foi iniciada a construção da primeira ponte sobre o rio Potengi, com o trabalho de engenharia realizados pelos ingleses. A ponte metálica de Igapó permitiu que os trens transportassem a produção salineira e açucareira das regiões produtoras para o porto de Natal. Feita a ponte, o porto da Coroa, que ficava à margem esquerda do rio Potengi, bem em frente ao Cais Tavares de Lyra, ficou em desuso, notando-se, com o tempo, a presença de apenas o barro que sustentou por vário anos o prédio da velha estação, onde os passageiros desembarcavam e seguiam para Natal em barcos que ancoravam na sua plataforma. Isso, trouxe enorme prejuízo para os donos dos batelões que já não tinham mais passageiros e mercadorias para transportar do Porto da Coroa para a Estação Ferroviária, na Ribeira.

A ponte de ferro foi inaugurada no dia 20 de abril de 1916, às 10 horas da manhã, pelo Governador Ferreira Chaves. Construída sobre suportes de cimento, ela era toda confeccionada em estrutura metálica, onde foram gastos 6.500 toneladas de ferro fundida na cidade de Darlington, na Inglaterra. A ponte tinha uma extensão de 550 metros, com um vão de 70 metros e nove vãos de 50 metros. A estrutura metálica erguida pelos ingleses resistiu até a construção da primeira ponte de concreto armado edificada sobre o rio Potengi. O desvio do acesso à ponte metálica para a ponte de concreto armado iniciou a desativação da ponte de ferro. Em 30 de julho de 1992 a antiga ponte de Igapó foi tombada a nível estadual.

Para quem alcançou a velha ponte sentia que seu mundo se reduziu. A ponte chegou a ser vendida pelo Governo, quando de sua desativação e o comprador começou a desmontar a estrutura, em partes, vindo de Igapó para as Quintas. No entanto, sentiu que a empreitada era de custo muito alto, com o ferro retirado para vender a um preço insignificante, e assim, findou por desistir do negócio. A parte da ponde de ferro que sobrou ficou lá, para a posteridade poder vislumbrar o que, um dia, serviu para o trânsito de trens, de veículos e de pessoas de uma margem a outra do Potengi. Hoje, o trem faz caminho por um lado da nova ponte de concreto, fazendo o percurso até a cidade de Ceará-Mirim, pois não ha mais trens que façam a cobertura por todo o Estado. De outra parte, os trens que partiam para Recife, pararam de fazer esse percurso. Criou-se uma linha somente até a Cidade de São José do Mipibú. Esses são as composições de trens suburbanos, destinados a conduzir apenas passageiros. Hoje, de verdadeiros trens, só resta a saudade. E nem cara, nem Coroa.

Nenhum comentário: