domingo, 8 de junho de 2008

RIBEIRA - XI


O garoto, nesse dia, se lembrou de uns tempos que passou em São José do Mipibú, naquela época, bem distante de Natal. Foram ele, seu pai, sua mãe e seu irmão passar um tempo na casa de Miguel Leandro (filho do velho Miguel Leandro). Para se lembrar desse fato ele precisou, também, recordar do tempo do trem que ligava Natal a Recife. Isso, já faz muito tempo. Talvez tenha sido no ano de 1948, mais que isso. Foi uma alegria total do garoto que, com seu primo, também chamado Miguel - Miguelzinho era como o chamavam em família - vasculharam todo o centro de São José e partiram, um certo dia, com os seus pais e mais duas primas, filhas de Miguel Leandro, dono de um Cartório na Cidade, em busca de um popular "Banho de Bica" que havia em um município vizinho. A família foi a pé mesmo. Nesse tempo não tinha ónibus que transportasse pessoas de um lugar a outro.

E, dessa viagem ficou na lembrança do garoto o trem, meio pelo qual ele e sua família rumaram até São José. O trem de ferro. Uma maria-fumaça que queimava à lenha. O trem, para se bem dizer surgiu no Brasil com a Revolução Industrial na Inglaterra nos idos do século 18. Nesse período, numerosos inventos surgiram, como o tear mecânico e a máquina a vapor. Foi, igualmente, nesse tempo, no ano de 1814, que apareceu a primeira locomotiva. Em 1852, Irineu de Souza, o Barão de Mauá, deu inicio a construção e exploração da primeira linha férrea no Rio de Janeiro inaugurada dois anos depois.

Em Natal, a primeira máquina a vapor chegou no ano de 1902. Foi locomotiva Catita-03 cujo feito maior foi inaugurar no ano de 1916 a ponte sobre o rio Potengi, ligando Natal a Ceará Mirim e, depois, indo até Baixa Verde.. Por esse tempo, Natal crescia de forma lenta, conduzido passageiros até Pedro Velho (municipio) e depois foi seguindo para a Paraíba, com poucos anos por terminar no Recife. O trem também fez linha para Mossoró, viajando por Baixa Verde e de Mossoró, para Sousa, (município), no Estado da Paraíba. De Natal ao Recife o trem demorava cerca de 18 horas. Para muita gente, era uma demora e tanto. Os passageiros comiam nas estações intermediárias de tudo que aparecia. Quando o trem parava em uma estação era coberto pelo pessoal de terra oferecendo de tudo um pouco. Aquele era um meio de vida para muitos nordestinos.

A ponte de Igapó foi inaugurada pelo Governador Joaquim Ferreira Chaves, cujo nome foi posto em uma rua do Bairro da Ribeira, no dia 20 de abril de 1916, às 10 horas da manhã. A locomotiva Catita 03 também inaugurou, em 26 de setembro de 1970, a Ponte Costa e Silva, primeira de concreto, puxando vagões levando dentre outras personalidades, o governador Walfredo Gurgel. Hoje, aquela locomotiva está guardada no Museu do Trem, na cidade do Recife, Pernambuco. Entre outras locomotivas existentes, o Rio Grande do Norte uma outra que fazia o ramal Lages, Pedro Avelino, Afonso Bezerra e Macau. Umas das locomotivas que faziam linha pelo Estado, a de número 106, de fabricação inglesa, virou ao passar num pontilhão destruído pela chuva entre as estações de Oscar Nelson e São Rafael, no ano de 1956, causando a morte do maquinista Manoel Crecenso e o folguista João Pedro. Um outro acidente ocorreu com a locomotiva 400 que virou na Serra do Cabugí entre a Cidade de Lages de Santa Cruz, causando a morte do maquinista Francisco Batista. Esta locomotiva foi a que puxou os dois Trens da Esperança do candidato a governador Aluisio Alves, em 1960 nos trajetos Natal/Angicos e Natal/Nova Cruz. Na comitiva do candidato a governador estava o seu vice, Monsenhor Walfredo Gurgel, o deputado Clovis Mota, João Machado e outras autoridades.

Um comentário:

Alex Leão disse...

Olá amigo,

De qual ferrovia vem a locomotiva que ilustra o seu post? Onde conseguiu a foto? Tem mais?

Grande abraço e obrigado adiantado!