terça-feira, 24 de junho de 2008

RIBEIRA - XXVI

Festa de São João,com arraial e casamento matuto




O mês de junho é época do Solsticio de Verão na Europa. E, desse modo, como narram os historiadores, ensejou inúmeros rituais de invocação de fertilidade, necessarios para garantir o crescimento da vegetação, fartura na colheita e clamar por chuvas. Estes rituais, eram expressões que foram praticadas pelas mais diferentes culturas, em todos os tempos e em todas as partes do planeta.

O espetáculodas grandes mudanças que nos oferece a natureza sobre a face da terra, sempre impressionou o homem e o levou a meditar sobre suas causas, efeitos e transformações.

Em certo estágio do desenvolvimento, acreditou ele, estar em suas mãos os meios de evitar uma calamidade em potencial e que podia interferir, apressando ou retardando a marcha das estações pela arte da magia.

Com este pensamento fixo, passou a realizar rituais e a proferir palavras mágicas para o sol brilhar, os animais se multiplicarem e a vegetação ou colheita se desenvolver.

No decurso de mais algum tempo, porém, acabou por se convencer que o crescimento e a decadencia da vegetação e as alterações das estações, assim como a vida e a morte de qualquer criatura viva, dependiam da força e da vontade dos seres divinos.

Sendo assim, a velha teoria mágica das estações, foi complementada com uma teoria religiosa.

Mas, mesmo associando estas transformações às suas divindades, achou que através de certos ritos mágicos, poderia dar uma ajuda ao seu deus, que era o princípio da vida na luta contra o princípio contrário, a morte.

As cerimônias que realizava para alcançar esse objetivo, não passavam de representações dramáticas dos processos naturais que desejava oferecer.

Não obstante, os dois lados da vida, o vegetal e o animal, não estavam dissociados na mente daqueles que realizavam estes cerimoniais. Em verdade, eles acreditavam que existiam profundos laços que uniam o mundo vegetal ao animal e em funções disso, combinavam a representação dramática do renascimento das plantas a união dos sexos, objetivando estimular ao mesmo tempo e com um único ato, a multiplicação dos frutos, dos animais e dos homens. Para eles, o pricípio da vida e da fertilidade, fosse animal ou vegetal era uno e indivisível.

Alimento e filhos, era o que os homens procuravam obtercom a realização de ritos mágicos para regular as estações. Estes rituais de fertilidade, sendo muito importantes para todos os povos, perduraram através dos tempos e na "Era Cristã" não houve como apagá-los. E, a Igreja Católica, com bastente inteligência, ao invés de condená-los, adaptou-os as comemorações do dia de São Joao, que teria nascido em 24 de junho, dia do solstício.


Conta Frazer, em seu livro "O Ramo de Ouro", do inicio do século XX, que na Sardenha, nos jardins de Adônis, ainda são plantados na festa de Solstício de Verão, que lá tem o nome de festa de São João. Era costume, também, em 01 de abril um rapaz da aldeia se apresentar diante de uma moça e pedir-lhe para ser sua "namorada" e se oferecer para ser o seu "namorado". O convite era considerado como uma honra pela família da moça e aceito com satisfação. No final de maio, a jovem faz um vaso com casca de um sobreiro, enche-o de terra e nele semeia um punhado de trigo e cevada. Colocado ao sol e regado na devida frequencia, os grãos brotam rapidamente e, na véspera do solstício (23 de junho, véspera do São João), já estaria bem desenvolvido. O vaso é então chamado de "erme" ou "nenneri". No dia de São João, o rapaz e a moça, acompanhados por uma comitiva e precedidos por crianças, vão em procissão até a Igreja. Ali quebram o vaso e lançando-o contra a porta do templo. Sentam-se em seguida em círculo na relva e comem ovos e verduras ao som de música de flauta. Em seguida dão-se as mãos e cantam "Namorados de São João" várias vezes, enquanto as flautas tocam durante todo este ínterim. Quando se cansam de cantar, levantam-se e dançam alegremente em circulo até a madrugada.

Atualmente, os rituais de fertilidade estão representados no casamento caipira e, as antigas oferendas, deram lugar às simpatias, adivinhações e pedidos de graças aos santos. O santo mais requisitado é o Santo Antônio, conhecido como casamenteiro, que segundo reza a lenda, levou três irmãs solteiras ao altar.

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