quinta-feira, 12 de junho de 2008

RIBEIRA - XV


A visita de surpresa a Natal do Presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e do Presidente do Brasil, Getulio Vargas, para assinar o protocolo "Conferência de Natal", garantindo a presença do Brasil no Conflito Mundial da II Guerra, teve a participação de autoridades do Exercito e Aeronautica, além do Governador do Estado, Rafael Fernandes que recebeu um convite para ir na Base, no dia 28 de janeiro de 1943. Isso foi mantido em sigilo e nem mesmo o Governador sabia do que se tratava ou quem estaria presente naquela ocasião. O encontro dos dois presidentes se deu a bordo do destroier Jouett, na data de 28 de janeiro, durante a noite. Os chefes de Estado não falaram muito e o Presidente Roosevelt apenas relatou que o Brasil era uma potência e que seria alvo de ataques de submarinos alemães, vez que a Alemanha tencionava dominar o mundo. A posição geografica do Brasil era sumamente importante, vez que Natal era a cidade mais próxima do continente africano, de modo especial, de Dakar, no Senegal.

Os acertos dessa visita do presidente Roosevelt a Natal foram realizados no mais alto sigilo e quando aconteceu, sem que ninguem soubesse, nem mesmo as autoridades locais, Vargas chegou um dia antes, ficando a bordo do destroier Jouett, no meio do rio Potengi para que ninguém soubesse. Nem os seus assessores mais diretos. Fotos foram tiradas em terra pelo Comando do Estado Maior do Exercito e se tornaram verdadeiras relíquias, posteriormente, para a Impresa e colecionadores da história. O presidente Roosevelt, depois da reunião com Getulio Vargas, seguiu, logo cedo do dia seguinte, partindo para Trinidad. O segredo permaneceu por algum tempo até que o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha alegando o ataque de embarcações brasileiras por submarinos alemães.

Natal era uma cidade pequena e seu mais frequentado salão de baile era no Grande Hotel, inaugurado em 1938 e arrendado pela quantia de 10 cruzeiros, importância significativa na época, o que hoje equivale a 10 reais. O major Theodorico Bezerra foi o seu arrendatário e alí ficou até o seu fechamento pelo Governo do Estado. O "Major" nasceu em Santa Cruz do Inharé e teve uma infancia pauperrima. Depois de servir ao Exercito iniciou sua vida ambulante, vendendo e comprando de tudo. Depois de 1923, ele passou a ser sócio de um amigo, comprando um caminhão para o transporte de cargas. Foi no couro do bode onde o "major" descobriu o seu meio-de-vida. Daí, então passou a ser comerciante no ramo de hoteis. Entre os mais importantes teve ele o Avenida Hotel, o Internacional e, por fim, o Grande Hotel. Como empresário ele passou a viver melhor, com criador de gado, dono de farmacias e até mesmo de uma agência de Carros.

Theodorico Bezerra teve, no Grande Hotel, o seu maior império. Alí, abrigava as maiores autoridades que visitavam a cidade. No salão de festas do hotel, promovia o que de melhor agradasse aos visitantes, sempre gente da maior estirpe. Os norte-americanos que visitaram Natal, no período da Guerra, tinha no Grande Hotel os seus momentos de lazer. Imperadores, Diplomatas, Embaixadores e demais autoridades ficavam hospedados no Grande Hotel, o seu melhor hotel da cidade. Quando os Estados Unidos começaram a fazer o aeroporto de Parnamirim, o pessoal que ali ficava se destinava nos fins de semana as festas realizadas no Hotel do Major Theodorico. Alí se encontrava a fina flor da sociedade natalense. As moças, procurando um marido rico, um norte americano. Os rapazes, esses, somente olhavam as moças que se deleitavam com os seus "namorados" americanos.

No salão de baile tinha de tudo. Garções estilizados, prontos a servir os convivas, alfaiates, barbeiros, manicuras e um mundo de gente, cada qual com o seu afazer, pronto para agradar os visitantes. O Hotel contava com uma praça de automóveis que ficavam dia e noite a espera de alguém que se destinasse a Parnamirim, onde morava ou talvez fosse embarcar num avião de horário incerto. Um piano estava alí, aberto a todos que aproveitassem uma boa música, especialmente as norte-americanas. A visita dos presidentes do Brasil e dos Estados Unidos trouxeram a Natal a ocasião do seu desenvolvimento. Quando terminou a Guerra, os acontecimentos continuaram, pois a cidade então tomava o seu rumo próprio. Nada era mais o que um dia fora. Natal era uma menina-moça ao despontar de sua juventude.

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