terça-feira, 14 de julho de 2009

RIBEIRA - 338

"DESTINO"
Depois de uma sessão que provocou risos na noite de sábado (11) entre os jornalistas no 2º Festival de Cinema de Paulinia, Lucélia Santos, a atriz e produtora de "Destino", chegou à coletiva de imprensa sobre o filme no domingo pronta para um linchamento. Porém, mediado pelo crítico de cinema e curador do festival, Rubens Ewald Filho, o debate foi menos duro do que o esperado, em parte por causa da rapidez de Lucélia em assumir logo no começo da coletiva todos os problemas do filme, evitando um confronto direto com os jornalistas.
A atriz e o produtor Diler Trindade narram todas as etapas do produção até que se chegassem ao filme exibido no sábado, o que explica, mas não justifica, o resultado final ter sido tão ruim. Inicialmente concebido como uma série de 25 capítulos, o formato do projeto precisou ser alterado para dois filmes e quatro epísódios para se adaptar às exigências de financiamento da ANCINE. Depois, para ser exibido no festival de Xangai, em junho, os dois filmes foram fundidos e apenas um. Acrescente-se a isso uma série de cortes impostos pelos censores da China em etapas diferentes do projeto e vários recomeço ao longo de 13 anos e chega-se ao que ao público de Paulinia assistiu.
"Isso foi o que eu consegui fazer. Não sinto nenhuma culpa" disse Lucélia. "É claro que gostaria de ter feito um grande filme, que gostaria de ter chegado à perfeição, com um roteiro perfeito, com uma história perfeita. Concordo que o roteiro tem inúmeros problemas e a direção poderia ter tentado costurar as vulnerabilidades de outra forma, mas tenho limites nesse caso. Não sou a diretora, sou a produtora", disse depois de questionada sobre o que achou da recepção ao filme na noite anterior.
"Coloquei nesse projeto um sonho, com compromissos assumidos. Tinha que concluí-lo da melhor maneira possivel. Se não o concluisse, isso ía virar uma lenda". O diretor Moacyr Góes não estava no Festival por compromissos familiares, segundo Diler.
Sobre as cenas "agressivas" de merchandising - foram ao todo 18 marcas, a maior parte concentrada no meio do filme, como em um constrangedor intervalo comercial que divide a história em duas - Lucélia reconhece o problema. "Se não fosse isso não tinha filme. Não posso tirar. Esses são os caras que puseram o dinheiro. Mas acho que podiamos ter pensado em algo mais sutil, mais integrado ao roteiro dramático".
Agora os produtores se concentram em tentar exibir "Destino" na TV aberta chinesa, o que, segundo Lucélia, representa um público potencial de 900 milhões de pessoas. Só depois vão tentar o lançamento em cinema e televisão no Brasil, mas ainda não sabem se o filme será lançado com as cenas mais violentas excluidas pela censura chinesa. E Lucélia promete que vai tentar levar seu filme a todos os festivais que puder. Como lembrou Diler no debate, se for um fracasso na China, ainda vão poder escrever no cartaz brasileiro do filme: "Já visto por mais de 20 milhões de pessoas".
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