sexta-feira, 31 de julho de 2009

RIBEIRA - 352

SESSÃO DE CINEMA
Estou pensando no que era a minha mãe. O seu modo de pensar, de ver as coisas, sentir, escutar. Eu lembro bem que, no seu dizer, ela não gostava de cinema. De ir ao cinema. Lembro-me bem que uma certa vez, logo quando se casou com o meu pai, ela a convidou para os dois irem assistir a uma sessão de cinema. Tão logo começou a sessão, de repentea mulher se levantou da poltrona em ela estava sentada, chamando o marido e logo saiu pois a senhora não gostou de ver o que estava vendo e, além do mais, o local era muito escuro com uma projeção feita em uma tela que para ela, era um negócio muito feio, os atores. Meu pai quis mostrar a sua esposa que tudo aquilo era normal, pois o filme carecia de um ambiente escuro. A mulher não contou conversa e saiu da sala, partindo em direção da sua casa com o marido querendo fazer notar o que estava a ocorrer. Porém, nunca mais a minha mãe voltou ao cinema para assistir um filme. Uma outra coisa que a minha mãe não gostava era de ouvir rádio. Simplesmente não gostava. Com o passar do tempo, já com a sua idade um tanto avançada, ela começou a ouvir, quando eu punha na radiola um disco com músicas antigas que ela chegava a comentar serem bonitas as melodias que eu colocara. Eram valsas, canções, modinhas, composições que eram do seu tempo de jovem ou de moça. E ela foi se acostumando com o meu modo e, não raro, com o mais tempo passado chegou a assistir filmes na TV, programas na TV, jornais-falado no rádio e na TV. Muitas vezes era ela quem pedia a mim para ligar o rádio ou a TV, pois era horário de poder assistir uns programas agradaveis. Hoje eu lembro disso me pergunto por que a minha mãe não gostou de ver um filme num salão, só porque era um local escuro.Talvez fosse apenas isso. Na minha cavalgada no meio do tempo, eu vi que as pessoas, mulheres, principalmente, não gostavam das coisas "modernas" de antigamente. Para elas, aquilo era muito feio - moderno - com os "homens", sendo no cinema, pregados numa parede - tela - a se movimentar. E hoje, ainda, tem pessoas que não assistem TVs ou cinema, porque dizem que não "entendem" aquilo. Enfim, cada geração tem seus meios e motivos. Não se pode culpar. Se é o progresso para nós, é uma coisa estranha para tais pessoas.

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