quinta-feira, 30 de julho de 2009

RIBEIRA - 351

- INSOLAÇÃO -
Brasileiros selecionados para Veneza - Daniela Thomas é categórica ao falar do Festival de Veneza, para o qual foi selecionado seu longa "Insolação" - co-dirigido por Felipe Hirsch. "Os festivais são como um pódio para a gente. Ter um filme selecionado para Veneza é uma honra muito grande. Pois o Marco Muller [diretor do Festival] acompanha as principais tendências criativas do momento", disse a cineasta. O longa participa da seção Horizontes, a principal mostra paralela do Festival, que acontece entre 2 e 12 de setembro.
Daniela já participou dos principais festivais de cinema do mundo, com "O Primeiro Dia", exibido fora de competição em Berlim em 2000, "Linha de Passe" e um curta do longa coletivo "Paris, Te Amo" em Cannes, em 2008 e 2007, respectivamente. Todos foram codirigidos por Walter Salles.
Para Hirsch, mais conhecido como diretor de teatro - contando com Daniela como cenógrafa em vários de seus trabalhos -, o Festival de Veneza vem como mais um precioso passo no processo de cinco anos de trabalho em "Insolação". "Fomos lapidando com calma. Queríamos falar de amor e utopia, meditando cada coisa do longa. Foi um filme para o qual faziamos questão de que cada passo fosse muito bem pensado".
O codiretor também diz que o mais importante ao fazer "Insolação" era a sinceridade. "O que nos impulsionou e tentamos levar para o filme foi ser o mais fiel possivel aos sentimentos.É um filme delicado, pois para se falar de amor é necessário delicadeza".
"Insolação" foi rodado em julho do ano passado - quando Daniela voltou de Cannes - em Brasília, mas a ação não se passa em nenhuma cidade específica. "A capital aquí não é vista pelos seus cartões postais, a gente mostra os corredores e áreas de serviço", explica Daniela.
O roteiro foi escrito por dois norte-americanos, o dramaturgo Will Eno e escritor Sam Lipsyte, baseando-se em contos de autores russos do final do século XIX, início do século XX, como Tchekhov, Pushkin e Turgenev. "Os personagens vagam apaixonadamente e sentem uma espécie de febre de amor".
No começo da história, um deles não sabe se está apaixonado mesmo ou se está sofrendo de insolação, daí o título", conta a diretora. O elenco traz Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, Leandra Leal e Paulo José, que funciona como uma espécie de narrador.
Para as telas, Daniela e Hirsch levaram a experiencia da parceria de mais de uma década de teatro, que rendeu obras como "Não Sobre o Amor", "Avenida Dropsie" e, mais recentemente Viver Sem Tempos Mortos", protagonizado por Fernanda Montenegro, - que acaba de estrear no Rio depois de uma temporada em São Paulo.
"Costumo achar que o teatro pode trazer coisas para o cinema, e vice-versa. Em "Insolação", creio que fizemos um filme delicadamente cinematográfico", arremata Hirsch. Já Daniela acredita que o longa vai encontrar um público muito particular, ou como ela diz, "hibrido". "É um filme que nasceu de pesquisa de linguagem, é algo muito especial. Acho que deve se comunicar tanto com as pessoas que gostam de cinema, quanto as que gostam de teatro".

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