sexta-feira, 23 de outubro de 2009

RIBEIRA - 347

- UR -
Ur foi uma cidade da Mesopotâmia localizada a cerca de 160 km da grande Babilônia, junto ao rio Eufrates, habitada na antiguidade pelos caldeus e que, de acordo com o lívro de Gênesis, foi a terra natal do patriarca dos hebreus Abraão. O maior representante de lideranças em Ur tinha o nome de Ur-Nammu, que ficou conhecido por ter criado o primeiro código de leis de que se tem noticias; seu código vigorou por 300 anos, quando então foi substituido por aquele que é considerado como o pai de todos os códigos: o código de Hamurabi. Segundo o livro de Gênesis, da Bíblia, Ur foi a terra natal de Abraão, considerada também a maior cidade de sua época.
Atualmente, Ur é uma estação de estrada de ferro, 180 km ao norte de Baçorá, pelo golfo Pérsico, uma das muitas estações da célebre estrada de ferro de Bagdá, capital do Iraque. O trem regular faz uma breve parada nessa estação ao romper da aurora. Quando se extingue os ruídos das rodas do trem, que continua em seu trajeto para o norte, o viajante que aí desembarca é envolvido pelo silêncio do deserto. Seu olhar desliza pela monotonia pardo-amarelada de intermináveis planícies de areia. É como se se encontrasse no meio de um prato raso, riscado apenas pelos trilhos da via férrea. Um único ponto altera a vastidão ondulante e desolada: iluminado pelo sol nascente, avulta no meio do deserto um imenso toco vermelho-fosco, o qual apresenta profundas mossas como se fossem produzidas por um titã. Para os beduínos é bem familiar esse morro solitário em cujas fendas, lá no alto, fazem ninho as corujas. Eles o conhecem desde tempos imemoriais e chamam-no Tell al Muqayyar, "Monte dos Degraus".
No ano de 1923 uma expedição anglo-americana começou a trabalhar no Monte. Nos primeiros dias de dezembro levantou-se uma nuvem de pó sobre os montes de entulho a leste do zigurate, a poucos passos apenas da larga rampa por onde outrora os sacerdotes se dirigiam, em procissão solene, ao sacrário de Nannar, o deus da lua. Levada por uma brisa, a núvem se espalhou e em breve teve-se a impressão de que a velha torre escalonada estava toda envolta em uma tênue nebulosidade. Era areia fina que, removida por centenas de pás, indicava que a grande escavação havia começado. Essa escavação em grande escala, ao sul da Mesopotâmia, viria a desvendar os tempos distantes em que se formou nova terra no delta dos dois grandes rios e onde se estabeleceram os primeiros povoados humanos. Ao longo do penoso caminho da pesquisa, que retrocedeu no tempo até sete mil nos atrás, tomariam forma, por mais de uma vez, acontecimentos e nomes de que nos fala a Bíblia.
A primeira descoberta consistiu num recinto sagrado com os restos de cinco têmplos que outrora envolviam, num semicirculo, o zigurate (forma de templo usado pelos sumérios) construído pelo Rei Ur-Nammu. Os exploradores pensaram tratar-se de fortalezas, tão poderosos eram os seus muros. O maior, ocupando uma superfície de 100 x 60 metros era consagrado pelo deus da lua, outro templo ao culto de Nin-Gal, deusa da lua e esposa de Nannar. Cada templo tinha um pátio interior, circundado por uma série de compartimentos. Neles se encontravam ainda as antigas fontes, com longas pias calaretadas a betume, e profundos talhos de faca nas grandes mesas de tijolos, que permitiam ver onde os animais destinados ao sacrifício eram mortos. Em lareiras situadas nas cozinhas dos templos, esses animais eram preparados para o repasto sacrifical comum.Havia até fornos para cozer pão. Depois de 38 séculos podia-se acender novamente o fogo alí, e as mais antigas cozinhas do mundo podiam ser utilizadas novamente.
Hoje em dia, as igrejas, os tribunais, a administração das finanças, as fábricas são instituições rigorosamente independente entre si. Em Ur era diferente. O recinto sagrado, a circunscrição do templo não era dedicada exclusivamente ao culto aos deuses. Além dos atos do culto, os sacerdotes desempenhavam muitas outras funções. Fora as oferendas recebiam dízimos e os impostos. Isso não se fazia sem o devido registro. Cada entrega era anotada em tabuinhas de barro, certamente os primeiros recibos de impostos de que se tem conhecimento. Sacerdotes escribas englobavam essa coleta de impostos em memorandos semanais, mensais e anuais. Ainda não se conhecia o dinheiro cunhado. Os impostos eram pagos em espécies. Cada habitante de Ur pagava à sua maneira. No edifício de um tribunal foram encontradas cuidadosamente empilhadas cópias de sentenças, tal como se faz em nossos tribunais de hoje. Os pesquisadores encontraram ainda restos de casas com seus cômodos, ruas e praças. Alí estava Ur dos sumérios e dos caldeus.
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Um comentário:

JANE FREITAS disse...

Desculpe-me por ter invadido seu blg sem ser convidada.as vezes entramos em algum lugar e descobrimos coisa interessantes, gostei muito do que vi e li. se vc gostar de poesia visete meu blog e dexe seu conmentario. SENTIMENTALIDADESjanefreitas.blogspot.com. Bjsss Jane