terça-feira, 13 de outubro de 2009

RIBEIRA - 436

- CARMEN -
Eu tive a oportunidade de ver, ontem, 12 de outubro de 2009. o espetáculo CARMEN, encenado no Teatro Guaiba, no Paraná e levado ao ar por uma emissora de televisão da capital. CARMEN, de Georges Bizet, foi apresentada em quatro atos, falada na língua francesa e conta a história de uma cigana de nome Carmen, uma mulher de vida facil, que se apaixona por D. José, um soldado da polícia do lugar onde se passa a história. A peça foi escrita no ano de 1875 e foi a última e mais famosa òpera de Bizet, sendo até hoje uma das mais representadas em todo o mundo. Escrita com base na novela homônima de Prosper Mérimée, a composição de Carmen teve a influência de Giuseppe Verdi, usando uma mezzo-soprano como personagem principal, a cigana Carmen. Não teve êxito imediatamente, apesar do mérito reconhecido por compositores como Saint-Saens, Tchaikovsky e Debussy. No entanto, Brahms considerou a maior ópera produzida na Europa desde a Guerra Franco-Prussiana. Georges Bizet não viveu para ver o seu sucesso. Morreu de um ataque cardíaco aos 36 anos de idade, na data do seu aniversário de casamento, em Bougival (Yvelines), cerca de 10 milhas a oeste de Paris. Embora tenha sido mais famoso como compositor, Bizet foi também um grande pianista, elogiado inclusive por Franz Liszt, que o considerou um dos melhores executantes de toda a Europa. Devido à sua obsessão pela perfeição nunca terminava a maior parte dos seus trabalhos. Cerca de quarenta óperas nunca passaram da fase de esboço.
Carmen, de Bizet, foi um escândalo. Na noite de 3 de março de 1875, a platéia presente à Ópera de Paris saiu chocada com a estréia de Carmen. Acostumado com histórias ditas "edificantes", o público ficou incomodado com aquele espétaculo singular, no qual uma cigana desprovida de qualquer moral, sem a menor sombra de remorso ou piedade, enfeitiçava e levava os homens à perdição. Em vez de final feliz, um assassinato em cena. Carmen é morta pelo amante, a punhaladas. A música, tão perturbadora quanto o enredo, foi motivo de igual contorvérsia no seu tempo. A crítica, na imprensa mostravá-se dividida. A maioria tratou a ópera de Bizet como um espetáculo repugnante e obsceno. Na peça original tem a presença de Carmen totalmente nua, deitada em um divã, o que não foi mostrado na peça feita no Paraná. A originalidade de Carmen acabaria triunfando sobre os preconceitos e valores da época. Mas Bizet não viveria a tempo de assistir a seu próprio triunfo. Exatamente três meses após a polêmica estreia, recolhido a Bougival, uma pequena cidade do interior da França, ele morreria de um ataque do coração. Sua trajetória musical havia sido rápida e surpreendente. As primeiras obras, Os Pescadores de Pérolas, de 1863, A Bela Moça de Perth, de 1867, e Djamileh, de 1872, pouco ou nada deixaram a antever a revolução proporcionada por Carmen.
Nascido na capital francesa em 1838, Bizet era filho de um professor de canto e de uma pianista. Aos nove anos, os pais o matricularam no Conservatório de Paris. Em 1857, com 19 anos de idade, ganhou o cobiçado Grande Prêmio de Roma e foi estudar na Itália, onde passaria três anos. Os pofessores viram nele um promissor instrumentista, mas Bizet preferiu tentar uma carreira como compositor. Pouco depois de retornar a Paris, perdeu a mãe, morta em 1861, e teve um filho com a empregada doméstica que servia à família. Casaria apenas em 1869, com Geneviéve Halévy. Bizet mergulhou no projeto que resultaria em Carmen, em 1875, a sua obra-prima. Após ler a história original do escritor francês Prosper Mérimée, novela publicada pela primeira vez em 1845, decidiu transformá-la em ópera, com libreto escrito por Henri Meilhac e Ludovic Halévy. Sem nunca ter posto os pés na Espanha, Bizet pesquisou alguns elementos da música espanhola e acrescentou alguns outros, derivados deles, mas fruto de sua própria imaginação. Isso levou parcela da crítica da época a denunciar um certo artificialismo da composição, que soaria como "música francesa querendo se passar por espanhola". Dez anos após a sua morte, Carmen seria apresentada cerca de mil vezes, em diferentes montágens, em toda a Europa. Depois de arrebatar as platéias em sua versão lírica, Carmen também seria celebrada no século 20 com várias versões cinematográficas, entre elas as dirigidas por Carlos Saura e Jean-Luc Godard.
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