terça-feira, 27 de outubro de 2009

RIBEIRA - 351

- MARTINHO LUTERO -
Eu lembro, quando era criança, minha mãe costumava dizer que "aquele é capa-verde". Eu não sabia o sentido da palavra. Então, eu perguntava o que era "capa-verde". E ela me dizia: "Protestante". Eu ficava calado. Então, eu ficava sabendo que um capa-verde era um protestante. Se bem soubesse, eu não entendia o que era esse negócio de "protestante". Devia ser algo ruim. A minha mãe falou, então não restavam dúvidas. Eu fui criado em uma família católica. Meu avô era católico e minha mãe assim também era. O meu pai, com seus vai-e-vem, terminava também como católico. Era - o meu pai - Irmão dos Passos, igual ao meu avô, pai de minha mãe. A Irmandade dos Passos é uma órdem em que seus participantes assistem as Missas, comungam e participam das procissões. Quando um Irmão dos Passos adoece para morrer, a Irmandade ajuda a familia com o dinheiro necessário. Por isso é que eles são Irmãos. Na minha vida de adolescente, eu fiz muita presepada. Certa vez, estava havendo, em Natal (Rn) um culto com a presença de pastores norte-americanos. O culto se deu no Campo de Futebol do ABC, onde é hoje o CCAB-Norte. O campo era estenso, pegando da Av. Afonso Pena até o Ginásio Sílvio Pedrosa. E os protestantes se reuniam nesse local para fazer as suas pregações. Era um barulho e tanto com os amplificadores de som dando tudo o que podiam para a fala do pastor ser ouvida. Uma noite, por volta das 7 horas, eu ía com o meu amigo Aloísio perambulando pela calçada do campo que ficava na Rua Potengi. Um barulhão danado feito pelas músicas. Lá na frente, pela rua Potengí, tinha uma cigarreira vazia, pois não era alugada a ninguém, não sei por qual motivo. Só sei é que a Cigarreia ficava na calçada do Campo - no final do campo de futebol - e quem vinha - no caso, para o culto -tinha que passar entre a Cigarreira de o muro do campo, espaço bem estreito. Do lado de fora, tinha a pista, bem ao largo, e muita areia logo depois da cigarreira. Eu arquitetei com Aloísio, um plano. Nós entravamos na cigarreira e quando alguem passasse - e tinha que passar entre a cigarreira e o muro do campo - nós faziamos um barulho, algo como assim: blu-blu-blu, once-once-once -. Foi tiro e queda. Quando vinham as mocinhas em grupo de tres, ao passar pela cigarreira, ouviam aquele barulho. O diabo é quem pegava. Era carreirão. As moças, apavoradas saiam gritanto: "Aaaaaaaaii.. O Demônio! O Demônio! O Demônio!. E nós morrendo de achar graça dentro da cigarreira. Passou-se um bom tempo nesta algazarra até que uma delas, que correu também, disse: "Não é demonio, não. São dois sujeitos que estão alí dentro. Eu vou chamar o meu pai". Eu olhando, cheguei e disse: "Ela vai mesmo, Aloísio. É melhor a gente sair daqui, se não nós vamos levar bala". E para sair só tinha o beco. A porta da cigarreira estava trancada. E nós começamos a empurrar. Puxa pra cá, puxa pra lá, e nada. Eu olhava pela fresta de tábuas da cigarreirra se vinha gente, e Aloísio fazendo força para arrombar a porta: vuco-vuco, vuco-vuco, vuco-vuco. E nada, Depois de algum tempo, eu olhando pela fresta, vi que estava vindo um homem magro e de pouca estatura cheio de livro em baixo dos braços que teria que passar entre o muro e a cigarreira. Nesse momento, Aloísio conseguiu abir a porta. Ao sairmos, só vimos livros espalhados por todos os lados e o homem deitado de qualquer forma, por baixo da porta que, não suportando mais tanto sopapo, se abriu, caindo para cima do muro. E nós não contamos conversa; saimos na carreira, desembestados, até sumir da vista.
Na minha infância eu não sabia quantas Igrejas tinham em Natal do culto de protestante. Talvez umas très. Mas, protestantes tinham à beça. Nas noites de louvor do campo do ABC, juntou gente até demais. Então eu vi que as Igrejas eram de uma beleza suntuosa. Não havia altar, nem santo. Porém, havia pinturas maravilhosas, coisa que a Igreja católica não tinha. Rebuscando os alfarrábios, encontrei histórias do protestantismo. Tudo começa por Martinho Lutero. alemão, filho de um homem que vivia de dirigir várias minas de cobre. Lutero escapou de ser morto por um raio no ano de 1505, Foi então que resolveu a ser Frade, entrando para ordem dos Agostinianos. Lutero, dedicou-se por completo à vida do mosteiro. Horas de meditação, autoflagelação, orações, peregrinações e confissões. Com dois anos que estava no Mosteiro, Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1512, ele graduou-se Doutor em Teologia. O desejo de obter títulos acadêmicos levaram Lutero a estudar as Escrituras em profundidade. Mergulhou nos estudos sobre a Igreja Primitiva. Mais tarde, Lutero reintroduziu o princípio da distinção entre Torá (Lei Mosaica) e os Evangelhos. Durante algum tempo o sacerdote se deu conta dos problemas que o oferecimento das indulgências aos fieis poderiam redimir os pecados.Nesse tempo a pessoa poderia comprar uma indulgência para sí ou para um parente morto que estivesse no Purgatório. Por essa razão, Lutero se rebelou e redigiu as 95 Teses rompendo com a Igreja Católica. Daí, nasceu o Protestantismo com Martinho Lutero se opondo à autoridade do Papa, que era, na ocasião, Leão X. O Sumo Pontífice o escomungou como apóstata.. A Igreja de Lutero foi crescendo e alcançou a França, Inglaterra e Itália. Hoje, as religiões evangélicas estão se diferenciando do que Martinho Lutero ensinou, cobrando dízimos no peito e na marra, chegando até tomar de um frequentador de um Igreja evangélica o que ele tiver de bem, pode ser até um simples relógio. Em contrapartida, vem se aproximando da Igreja Católica, por reconhecer no catolicismo a maior força entre seus adéptos. A Igreja católica, hoje, já tem pacto com todas as Igrejas do mundo, como anglicanas, ortodóxas e islamismo.
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