quinta-feira, 1 de outubro de 2009

RIBEIRA - 422


- CHINA - 60 ANOS DE COMUNISMO -

A China deu início nesta quinta-feira às comemorações de 60 anos de fundação da República Popular, estabelecida em 1949 pelo partido comunista sob a liderança de Mao Tsé-tung. Uma grande parada militar e civil marcou a abertura das celebrações. O evento, que durou 3 horas, contou com mais de 200 mil soldados e civis marchando em formações, numa demonstração do poderio militar e disciplina popular chinesa. O desfile, que ocorreu na Praça da Paz Celestial, começou às 10 horas da manhã e foi até o meio-dia. Após saudar as tropas, o presidente Hu Jintao fez um discurso elogiando a vitória comunista em 1949 e o estabelecimento da República Popular sob a liderança de Mao Tsé-tung. Ladeado por autoridades do partido Hu disse que "só o comunismo pode salvar a China". O líder também afirmou que o país deve aderir "inabalavelmente ao socialismo com caracteristicas chinesas" e acrescentou que "apenas com reformas e abertura" o país conseguirá continuar a se "desenvolver". O presidente voltou a reforçar que apesar da demostração de poder militar a China vai "inabalavelmente perseguir uma política externa de paz e cooperação amistosa" com outras nações por um "mundo pacífico e harmônico". Após o discurso de Hu Jintao, o Exército fez uma parada de 14 pelotões de soldados marchando e inúmeros veículos carregando mísseis, aviões de espionagem e artilharia pesada nunca antes vista em público. À parada militar se seguiu um colorido desfile de civis vestidos em roupas típicas representando as 56 etnias que vivem na China e diversos carros alegóricos retratando momentos positivos da história recente, como as missões espaciais, os Jogos Olímpicos e a evolução tecnológica experimentada pelo país.
O esquema de segurança para as comemorações de 60 anos de fundação da República Popular da China é mais complexo do que o adotado durante os Jogos Olímpicos em 2008. Mais de um milhão de voluntários ajudaram a polícia a patrulhar a cidade para garantir que não huovesse surpresas desagradáveis. Os acessos a Pequim foram fechados e para entrar na cidade era necessário passar por postos de identificação. O espaço aéreo permaneceu bloqueado durante o desfile. A rede de transporte público foi suspensa e o comércio não abriu as portas nesta quinta-feira. Os moradores da capital foram encorajados a acompanhar a celebração pela TV, pois apenas 30 mil convidados do governo tiveram acesso às cercanias da Praça da Paz Celestial. O esquema de segurança foi reforçado depois que ocorreram casos suspeitos de violência na capital às vésperas da comemoração.
O Partido Comunista chinês terá que passar por severas reformas democráticas para permanecer no poder por mais 60 anos, acreditam especialistas ouvidos pela BBC. "Somente com um milagre" o partido conseguiria conduzir o país com a mesma mão de ferro nas próximas décadas, tendo em vista que a população é cada vez mais rica, educada e exposta à cultura ocidental, segundo o historiador especializado em China, Xu Guoqi, da Universidade de Hong Kong. "Para permanecer no poder, o partido precisa garantir crescimento econômico, estabilidade social e uma política externa em sintonia com os interesses nacionais. Atingir tudo isso sem reformas políticas é uma missão impossível", diz Xu. Para Vivian Jing Zhan, da faculdade de Administração Pública da Universidade Chinesa de Hong Kong, "o PC chinês vai ter que alargar a base e incorporar as opiniões do público em geral no processo legislativo ao invés de se fiar pela liderança da elite". Já outros analistas não acreditam que reformas sejam suficientes para manter o PC no poder. Ciente de que a prosperidade econômica demanda maior abertura política, o PC estuda aumentar o nível de democracia interno e vem debatendo a possibilidade de introduzir o voto direto para os 75 milhões de membros do partido na eleição de lideranças nacionais. A ideia, no entanto, não significa um passo concreto em direção ao modelo ocidental de democracia, pois apesar de os 75 milhões de membros do partido superarem em número a população do Reino Unido, eles correspondem a apenas 0,57% dos 1,3 bilhoes de chineses. O partido comunista ascendeu ao poder em 1949 depois que as forças populares lideradas por Mao Tsé-tung expulsaram os soldados nacionalistas do Kuomintang, comandados pelo generalíssimo Chiang Kai-shek, para a ilha de Taiwan.
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