quarta-feira, 14 de outubro de 2009

RIBEIRA - 437

- IMAGEM -
Eu me lembro de Racilva, no tempo em que ela era menina. A sua imagem era igual a essa da fotografia que eu agora mostro. Uma menina!. Eu lembrei-me porque nesta madrugada eu tive um sonho vendo Racilva vindo pela Av. Getúlio Vargas, em Petrópoles, Natal (Rn). Ela caminhava em direção ao Hospital "Miguel Couto" e eu seguia em direção oposta. Logo que a vi, fui tomado de uma leve inquietação e perguntei: "Racilva!!! Voce aqui?!!", Ela me olhou a sorrir. Apenas sorria e caminhava para onde pretendia ir. Trajava um vestido branco que imaginei fosse o mesmo que ela tirara na foto, na praça "Pedro Velho". Vestido amplo e rodado que lhe cobria do pescoço até o meio da canela. Então eu fiquei a pensar: "Mas ela morreu. Não morreu? Morreu nada. Está viva. Olha ela como está viva!" O sonho terminou aí, eu vendo Racilva a caminhar em direção do lugar que devia ir. Talvez o Hospital "Miguel Couto".
Racilva era uma menina viva, cheia de encantos e meiguiçe, magrinha que dava espanto. Todos os dias eu estava em sua casa. De manhã, de tarde e de noite. Era um vício eu estar ali. Racilva tinha um irmão bem mais velho de que ela - e do que eu -. Nós o chamávamos de Deca. Porém, o seu verdadeiro nome era Francisco Canindé Revoredo. Seu pai era um capitão da PM e, certa vez, Deca me chamou para ir até a repartição onde o "velho" trabalhava. Nesse tempo. ao que parece, era o Instituto Médico Legal do Estado. Ele, o capitão, também se chamava Francisco Canindé Revoredo, mais conhecido por Capitão Revoredo, o seu nome de "guerra". Mesmo assim, apesar de terem nomes iguais, Deca não colou o Filho ou o Junior para identificar-se com seu pai. O capitão Revoredo teve um romance, quando moço, com dona Cecí (Cecília), o que resultou no nascimento do menino. Depois, foi cada um para o seu lado. Ceci casou, tempos depois desse tal romnce com o arquiteto Miguel Muniz de Melo, de quem teve três filhos: Racilva, Marconde, e Ralph. Pelo o que eu soube, hoje, só tem um vivo: Ralph. Os demais, morreram, inclusive Racilva que, a esta altura, teria 64 anos ou 65. Racilva teria morrido de câncer no pulmão em decorrencia do cigarro, pois ao que se diz, ela era "viciada" em fumar cigarro. Ao que parece, ela morreu em 2002 ou um ano antes, parece. No entanto, para o meu sonho, Racilva está viva, pois foi assim que se projetou em minha mente já um tanto esquecida. Eu lembro que Racilva, quando criança, morou na Rua Mipibú, na ultima casa; logo depois na avenida Hermes da Fonseca e, depois disso, parece que na Rua Santo Antonio. Ali, ela encontrou uma amiga que fizera quanto então morava na rua Mipibu: Miriam. Essa outra menina mudou-se também para a rua Santo Antonio, próximo ao Convento Santo Antônio. Depois desse viajar, eu não soube mais notícias de Racilva, a não ser uma bem mais recente, que ela havia morrido no Recife (Pe). Mesmo assim, diante de tudo isso, em minha mente Racilva continua viva, igual a foto acima, pois em minha lembrança tudo que vem é a imagém de uma menina linda, amorosa, travessa e muito esperta para cuidar com ternura de seus livros, cadernos, lápis e borrachas. Eu jamais esqueci aquela menina amada que nem o tempo inconsequente apaga, nas ilusões dos nossos furtados sentidos. A cada menina que passa, eu vejo a imagem de Racilva, esperta e ágil para o despertar de sua juventude. Olhos brilhantes, talvez azuis, talvez esverdeados, talvez de qualquer cor. Para mim era uma Héstia a defender os laços de sua família ou Ísis, a deusa da fertilidade. Isso, também pouco importa. Só me deixo furtar pela menina que foi um dia a mais bela, estonteante e sagaz criança de nome Racilva.
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Um comentário:

Karina disse...

Obrigada por detalhar tão bem em palavras escritas a imagem de minha amada mãe. Com certeza nesse sonho ela estava de alguma forma se comunicando, assim como nos inúmeros sonhos que tenho com ela. Gostaria de ter mais detalhes da infância dessa pessoa que jamais sairá de meu coração.