sábado, 3 de abril de 2010

LUZ DO SOL - 74

- LUANA -
- CONTO -
Era quase noite, dia de sábado, Luana acordada, pois não havia nada a fazer. E mesmo que houvesse, ela não estaria disposta para se enfrentar com tarefas que podiam muito bem esperar. Do seu apartamento, no bordel, Luana parecia não estar ou dormindo ou acordada. À noite passada fora de intenso labor e naquele instante ela preferia ficar no leito, a despeito da criada que fazia limpeza do quarto dizer a Luana que já era hora de se levantar do leito. Por alguns momentos Luana olhou para a criada e sorriu. No mesmo instante voltou a tecer sua rosa o que era bem melhor e atrativo para aquele instante. A criada saiu do quarto dizendo claro:
--- Levanta mulher. É hora de trabalho. Tem gente esperando. – disse a criada.
Porém Luana em nada se importou. A garrafa de champanhe estava vazia no depósito de ágata e buscar outra era um sacrifício para a jovem moça. Então, a ninfa voltou a dormir ou cochilar pensado em tudo que tinha o que fazer naquela noite. A mesma coisa de todos os dias. Abraçar quem ela não sabia, dizer palavras e sussurros a um delirante homem velho, beber ou fazer que estivesse bebendo em uma mesa de bar onde dois ou três homens já estavam para lá de bêbados.
--- Uma chateação. Eu não vou hoje. Estou doente. E pronto. – falou baixinho Luana.
O dia já estava noite e a governanta entrou no ambiente onde Luana estava. Sem meias foi logo dizendo com uma voz de quem mandava mesmo:
--- Levanta vadia. Tem gente a te esperar. Vamos! – disse a governanta.
A jovem dama-da-noite apenas respondeu:
--- Hoje estou doente. – com sua voz chorosa.
--- Doente de que? Deixe-me ver! – falou a governanta de forma ríspida.
A dama se encolheu de forma que a mulher não resolveria ver se ela estava ou não menstruada. Luana ficou comprimida como uma concha. Dessas conchas do mar. Com sua voz chorosa exclamou:
--- Deixa-me aqui por um instante. – pediu Luana.
--- Doente que nada! Levanta!! – e a mulher agarrou um balde de água e sacudiu no corpo da ninfa.
Nesse momento, Luana, como se estivesse se afogando na água, levantou da cama e esbravejou incontida.
--- Bruta! Covarde! Não acredita? – contestou Luana.
--- Não! Não acredito!. Cinco minutos para estar no salão!. E pronto!!! – rechaçou a governanta de forma austera.
A jovem dama se levantou de vez, calçando a sandália de felpo como couro de coelho e saiu direto para o banheiro onde abriu o chuveiro e deixou a água cair enquanto a moça ficou sentada no sanitário, com as mãos prendendo os queixos. De forma desaforada e abrupta, a jovem apenas dizia:
--- Droga. Droga. Droga. Puta! – exclamou a moça.
Com tamanhos desaforos ela procurava ter a sua frente à imagem da governanta a quem a detestava fielmente.
--- Mulher vulgar! Pensa que eu não sei o seu passado? – falava Luana de forma impecável e afrontosa.
O passado da governanta era igual ao de todas as damas do bordel. Quando Luana assumisse tal idade, se tornaria governanta também.
Após algum tempo, a dama deu descarga no aparelho sanitário e foi tomar o seu banho onde poderia tirar todas as suas mazelas do corpo sofrido pelos amores de primavera dos senhores de alcova. Algo lhe chamou a atenção naquele instante. A porta do quarto se abriu e a voz da governanta disse ao provavelmente homem que este podia entrar.
--- Ela já vem. Está no banho. Espere um pouco, doutor. – disse a governanta.
Em seguida, a governanta chamou por Luana com voz altiva dizendo que tinha um freguês para ela contemplar.
--- Depressa. Ele não pode estar. Está ouvindo? – perguntou com sua voz altiva a governanta.
Luana não deu resposta. Calou, simplesmente. A governanta bateu na porta do banheiro e voltou a dizer.
--- Depressa!!! – voz da governanta para chamar Luana.
Demorou-se um pouco e Luana saiu do banheiro olhando o seu freguês quase que completamente despido. Era um senhor de longa idade. Talvez tivesse os seus sessenta anos ou mais. Ele estava sentado da cama, olhando o seu pênis que já não erguia mais com tanta facilidade. Naquele momento, era tudo que o homem temia. Passava-se por sua cabeça os instantes de mocidade, as doenças venéreas que tivera o cuidado para não contrair alguma outra. Talvez um HIV ou algo semelhante. E o velho homem começou a chorar baixinho enquanto da porta do banheiro Luana percebia o que lhe estava esperando para fazer.
--- Boa noite. Como está você? – perguntou Luana ao se aproximar do velho homem.
--- Boa noite. Eu estou mais ou menos. Vejo que você é jovem. – disse o homem.
--- É, Tenho 20 anos. O que você quer? – perguntou Luana.
--- Eu? Creio que nada. Vim para cá para não ficar só. – respondeu o homem meio choroso.
--- Está bem. Conforte-se. Toma alguma bebida? - indagou Luana.
--- Só se for refrigerante. – replicou o homem.
Após alguns minutos Luana estava ao lado do homem velho ao dizer-lhe.
--- Um refrigerante para o nobre senhor! – e sorriu ao dizer tal linguagem.
--- Você não bebe? – perguntou o velho.
--- Com mais um pouco. – respondeu Luana.
--- Você não se incomoda? – indagou o velho.
--- De que você fala? – averiguou Luana.
--- De ficar apenas comigo? Assim? Sem nada fazer? – respondeu o velho.
--- De forma alguma. É o seu desejo! – sorriu Luana.
--- Sabe por quê? É porque eu tenho medo de pegar AIDS! – chorou o velho senhor.
--- Que nada. Você é um homem sadio. – reparou Luana sorrindo.
--- Mas a gente pode pegar assim mesmo. – contestou o velho senhor.
Então a dama sorriu.


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