sábado, 10 de abril de 2010

LUZ DO SOL - 82

- AMADA -
- CONTO -
No domingo seguinte, Francisca esteve logo cedo na casa de Dino. Ela foi saber de sua mãe – de Dino – se seria possível deixar o menino ir com ela a missa na Matriz e depois eles irem até a praia onde tomariam banho de mar. A mulher ficou meio desconfiada pelo fato de ir à praia. Nos jornais da cidade era freqüente se noticiar que certo alguém morrera afogado. Isso era o que preocupava a mãe de Dino. Porém havia a Missa da manhã, o que a mulher estava de pleno acordo. Desse modo, a mãe de Dino perguntou ao marido e esse respondeu:
--- Deixa-o ir. Se não tomar banho em local profundo, não tem nada demais. Deixa. – reportou o homem que naquela hora estava lendo os jornais do dia.
Então, a mulher, mesmo cismada franqueou o garoto não se esquecendo de orientar a Francisca que todo cuidado era pouco.
--- Pode deixar. Eu tomo conta dele. Nem se vexe. – disse Francisca.
E assim, se deu. O menino, de calça comprida e cor branca, camisa também de mangas compridas e de cor branca para completar o traje, relíquia que teve de sua primeira comunhão, se compôs para sair com Francisca. Ele estava alegre e feliz por estar com a sua primeira “namorada”, apesar de ser bem mais velha que Dino. E assim com pleno entusiasmo do garoto os dois caminharam para a Igreja Matriz do bairro onde eles moravam. De mãos dadas, o garoto seguiu com Francisca que sempre lhe orientava para ter todo cuidado na hora da comunhão.
--- Eu não vou comungar. Já tomei café com pão. – falou Dino.
--- Ainda bem. Ainda bem. Esse negócio de comunhão é coisa muito seria. – falou a moça com os temores que lhe atormentavam o coração.
Após a Missa, ela se lembrou de voltar por casa de Dino, pois o menino não vestira o calção de banho de mar. E assim, fez. Ao voltar, foi dizendo a mãe do garoto.
--- O calção! O Calção! Esqueci da peste. – falou Francisca achando muita graça.
--- Sim mesmo. O calção. Entra! Vou buscar o calção de Dino. – respondeu sua mãe.
Ao entrar, Francisca cumprimentou o pai do garoto, homem ainda jovem, fazendo um sorriso sem muita graça. Com o terminar do apronto, então o garoto, vestindo o calção por baixo de outra calça, então curta, mostrou-se alegre e sorridente:
--- Estou pronto. – disse o garoto.
E assim, os dois saíram para a praia. Francisca nem deu importância aos comentários feitos pelo pai do garoto ao passar na sala.
--- É muito boa. – falou o homem.
Apenas sorriu para o que ouvira, pois o homem falara baixinho. A mãe do garoto de nada escutara.
Ao sair de casa, Francisca passou por outra rua onde tinha uma bodega e de lá ouviu outras pilhérias de lhes soltaram os beberrões que estavam àquela hora tomando umas caipirinhas na mercearia. Da bodega a mulher e o menino tomaram o caminho do morro. Para subir o morro, eles tinham que caminhar cerca de duzentos metros até o sopé. Dali em diante era só mato, árvores e arbustos. No local não havia casebre ou choupana. Era tudo mato fechado. A mulher e o garoto subiram o morro até topar em cima com um descampado. Ali não havia mato a não ser do lado esquerdo e direito. A moça estava exausta de tanta caminhada. E viu o garoto tossir, como alguém que estava com falta de ar.
--- Tai doente? – perguntou Francisca de forma assombrada.
--- Não. Só tossindo. Estou quase bom. – respondeu Dino ainda tossindo e piando no peito.
--- Tenha calma. Respire devagar. – recomendou a moça.
Com o passar do tempo, sol quente de lascar o tacho, o menino se recuperou do puxado e estava pronto para caminhar. Francisca reclamava do sol. Era uma quentura sem fim apesar do vento morno que soprava. De onde eles estavam podiam visualizar a bodega por onde passaram as pequenas e grandes casas que havia ao lado, a pista que fazia o roteiro para os carros que chegavam ou saiam para as cidades do interior. Mesmo com o sol quente, os dois ainda se juntaram para ver aquelas casas por onde há pouco passaram.
--- Longe, não é? – indagou Francisca com um leve sorriso na face.
--- Muito. E tem os navios lá longe. Estou vendo eles. – respondeu Dino.
--- É verdade. Mas deixa-os pra lá que eu vou fazer xixi – sorriu a moça.
Ali a moça se baixou para cumprir suas necessidades. Logo após, a mulher subiu as calcinhas diante do olhar inquieto e irreverente do menino que procurava ver direito por onde ela fazia o tal xixi.
--- Por onde é que sai? – perguntou o garoto.
--- O que, menino? – quis saber a moça com o seu ar alegre.
--- O xixi! – investigou o garoto de modo estranho.
--- Por aqui, olhe! – e a moça retirou a calcinha e mostrou com toda calma o local onde a mulher fazia xixi.
O menino ficou delirante com aquela visão que acabara de ter. O seu membro sexual então ficou inquieto por ele ter visto a genitália daquela encantadora e atraente dama, coisa que não pensara fosse assim de modo tão simples. E então de vez perguntou a sua namorada de infância.
--- E por onde a gente nasce? – indagou o garoto pleno de curiosidade.
--- Por aqui, também. A mulher engravida e com o tempo a criança nasce por aqui. Tá vendo como é a coisa? – inquiriu a dama de forma acalentadora e de modo insinuante mostrando a sua genitália.
Então, Dino fez força para não querer buscar mais informação por parte de Francisca, pois a mulher estava em forma fascinante com todo aquele narrar do que acontecia entre o homem e uma mulher. O garoto, enfim, perguntou a sua namorada do tempo.
--- Eu posso fazer você ficar buchada? – perguntou Dino extasiado com aquele perfume que jorrava das partes intimas da dama.
--- Agora? Vamos! Estou com uma bruta excitação. – respondeu Francisca ao garoto.
E ali, em plena terra de ninguém, os dois fizeram sexo sob o sol quente de verão onde se ouvia com insistência e pura delinqüência o mar bater nas pedras imersas da praia com um jeito de afago entre as sublimes ondas do oceano e os arrecifes sagrados do dilúculo e soberbo pélago. As sobras das arvores que estavam ao largo faziam a vez de olvidar os ternos lamentos daqueles dois amados.

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