sábado, 4 de outubro de 2008

RIBEIRA - 143

ESTÁDIO DE FUTEBOL JUVENAL LAMARTINE

Ainda me lembro muito bem das tardes de domingo, quando meu pai me chamava para irmos ver o jogo de futebol que se realizava no Campo "JUVENAL LAMARTINE", no Tirol. Nessa época, esse não era o unico campo existente na cidade, pois o ABC possuia o seu campo e o América também tinha o seu. Porém, a história do campo é muito mais antiga. Vem do tempo em que a garotada jogava bola mesmo na rua. Era o camado trave-a-trave. Em Natal (Rn) o futebol começou há muito tempo. Aqui, tinhamos os times, mas faltava um local para se jogar. Foi então que o marmanjos foram falar com o Governador do Estado que, na época, era o Dr. Juvenal Lamartino, para se construir um campo de futebol. Isso se deu em 1928. O governador atendeu ao apelo e emitiu 74 contos de réis em letras do tesouro pagos ao então proprietário do imóvel, dr. Núnzio Gianatázio, com o objetivo de naquela nobre localidade do bairro do Tirol, construir o primeiro estádio da cidade. Para o projeto da obra, foi contratado o funcionário do IBGE, Clodoaldo Caldas, uma vez que a cidade não possuia nenhum arquiteto naqueles ídos. O trabalho se fez e muita gente teve como pagamento um salário de jerimum, daí vem o nome de papa-jerimum a quem é de Natal, pois os operários comiam apenas jerimum, pois era tudo o que sobrava como dinheiro. De réis, nem um tostão. Só tinha jerimum e pronto. O terreno era vazio e o que nascia no local eram muitos jerimuns. Uma mata enorme de jerimuns. Mas, independente de tais chamados jerimuns, o governador JL inaugurou o estádio do dia 28 de outubro de 1928. Então, Natal passou a ter o seu estadio, todo murado, com arquibancada, uma parte para as autoridades, ficando no meio da arquibancada e essa seguia para um lado e para o outro, ficando o centro para o Governador, o Prefeito o Presidente do Tribunal de Contas e outras autoridades, como militares e civis. O estádio foi concluido no prazo de seis meses. No jogo inaugural, o ABC venceu o Cabo Branco, da Paraíba, por 5 a 2 em um jogo válido por um torneio interestadual que teve também a participação do América. O primeiro gol marcado no novo estadio foi feito por Deão, jogador do ABC. A capacidade do mesmo era de 600 pessoas sentadas numa arquibancada de madeira e cerca de tres mil em pé ao redor do campo. Muita gente no decorrer dos anos, aproveitavam para ir ver o jogo do alto do morro que ficava atras. Lá em cima não tinha água e quem sentisse sede, bebia nos pés de xinxo, uns pés pequenos que armazenavam água nas suas raizes. Homens acompanhados de suas esposas, tinham acesso ao Estadio de Futebol pelo portão de entrada, após pagar o seu ingresso em uma bilheteria que havia ao lado. As mulheres não pagavam entrada. As partidas defutebol eram aos domingos e pela tarde, pois no campo não havia iluminação. A luz só veio em 13 de julho de 1946, instalada em uns postes altos que pudessem iluminar todo o estádio. Dai então, se começava a ter jogos à noite. A entrada principal era por um portão onde ficavam hasteadas as bandeiras do Estado, no centro, e de cada clube que estaria disputando a partida. No final do jogo, faltando dez minutos para encerrar, era aberto o segundo portão por onde entravam e saiam os jogados e o restante da torcida. Nesse ponto, tinham direito ao ingresso aqueles que ficavam pelo lado de fora. Era um verdadeiro turbilhão de garotos, fazendo a maior algazarra. Antes disso, havia a turma do pulo. Os garotos e rapazes subiam no muro para ver o futebol e quando o vigilante saia para outro local, eles, em outro ponto, pulavam o muro e se acocoravam entre as outras pessoas, para não serem notados. Uma outra forma era assistir o jogo do alto das mangueiras da Escola Maria Auxiliadora, quando o Exercito desocupou o local. Os ingressos tinham dois preços: os da arquibacada eram mais caros que os dos afixionados que ficavam em pé, em torno do campo. De qualquer forma, muita gente aproveitava para ver o jogo de perto, ficando encostado na mureta de proteção do estádio. No meu tempo, tinham aqui, os times do ABC, America, Forroviario, Atlético Potiguar, Força-e-Luz, Santa Cruz, Brasil, Riachuelo, Globo, Alecrim. Hoje, só temos o ABC, América e Alecrim.


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