sábado, 11 de outubro de 2008

RIBEIRA - 151


CAJU

Quando eu era menino, certa vez, saí com Antônio, filho de João que se chamava de Parrudo, para irmos colher uns cajus dentro da mata, no morro de Ponta Negra, onde o fruto tinha em ambundância, nos meios dos galhos cheio de folhas verdes e cheirosas sem contar com as secas que enchiam todo o chão. O caju não é o fruto, e sim, a castanha é quem é. Mesmo assim, não me importava em uma coisa ou outra. Só de olhar os cajueiros, me deixava alucinado com tal visão com tantos cajus, tanto no chão como no alto do pé. Os mosquitos da mata, zunindo, era o que me chateava. Mesmo assim, pouco ou nada os bichinos me importavam. O negócio, para mim, era chupar caju, tirado do pé, deixando pingar na camisa o que sobrava do suco. Nem me importava que aquilo fosse prejudicar a camisa, botando nodoa que não saía núnca. Andamos, eu e Antônio, por vasta região onde tinha mato de toda a espécie, inclusive urtiga, que se a gente tocasse nela, pegava uma coceira dos diabos. O canto onde batia a urtiga ficava inchado, vermelho e cheio de conceiras. Mas era coceira mesmo, ora essa. E para completar, o zunido dos mosquito, que atormentava muito mais. Mesmo assim, isso não conta. Eu sempre me livrei das urtigas. Antonio era mais sabido que eu, acostumado na mata. Ele, sempre ia com sua mãe colher caju, quase todos os dia para vender na praia. Ponta Negra é uma praia. Naquele tempo, a praia só tinha gente que ia ali tomar banho. Hoje, a coisa está muito diferente. Como eu dizia: Nas casas de taipa, caju não faltava. Tinha muito mesmo, além dos que dona Nazaré levava para vender na Cidade. Dona Nazaré era a mãe de Antônio. Pois bem! O suco do caju está entre os mais populares, inclusive entre os industrializados. Hoje em dia, se faz a Cajuína, bebida não alcoolica feita somente do caju. Naqueles ídos tempos de minha meninice, peito magro e braços nús era um prazer eu ter que ir aos morros não tão uivantes, pois o calor era demais, buscando cajú, mangaba, arraçá, camboim, minha-tia, pitanga e tantas outras frutas silvestres que enchiam os cestos de trança que se levava para trazer de volta para casa. O caju, diziam os homens grandes (adultos) servinham inclusive, para quem era careca, pois quem passasse na cabeça, por certo nascia cabelo.

O cajueiro é uma planta brasileira, que é cultivado no litoral nordestino. O caju é a segunda fruta com maior área plantada no Brasil, perdendo da laranja e ganhando da banana. Hoje em dia se pode contar que as lavouras de cajueiros estão concentradas no Nordeste, principalmente nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e do Piaui, em regiões muito secas e de terras arenosas, nas quais o cajueiro tem extraordiñária adaptação. Para ainda quem não conhece o caju, com ele se faz o doce - (o doce de casa é bem melhor do que os empacotados. E também o doce de calda, e o doce do cajú espremido) - se usa o penduculo - que é o caju - para se fazer ou tirar "parede" com cachaça ...Tem uma musica que diz: "Caju nasceu pra cachaça". E nas "guerras" do cajú, a meninada atrevida atira um contra o outro, para ver quem acerta mais no companheiro. O perfume que exala do caju é inebriante deixando a vista da pessoa mais acesa que nem brasa, querendo adquirir tudo o que puder comprar. O morro de Ponta Negra, mesmo agredido pela civilização, ainda é um grande repositório de cajueiros brabos ou não. Brabos, são de cajus pequenos e azedos. Você nasceu no Nordeste? Não? Então venha! No Nordeste dizem que tem fruta que pega de mais. Fruta da pele tão lisa que o gosto não se desfaz.

Nenhum comentário: