quinta-feira, 12 de novembro de 2009

RIBEIRA - 370

- AV. RIO BRANCO -
Esta é a Avenida Rio Branco (foto), centro da cidade de Natal (Rn), qualhada de gente.
---- Gente?! Num estou vendo! -.
Ah! É mesmo. Não tem gente. Aliás, umas três pessoas. (risos). Mas isso foi lá pelos ídos de 1930. Tinha gente, sim. Mas, dentro de casa. Algumas, sairam para trabalhar nas repartições ou no comércio lá para os lados da Ribeira. Aqui, era o centro da cidade. Quer dizer: quase. Quase. Pois o centro ficava mais.....para o centro..he,he. Porém, olhando bem, se nota as casas tudo direitinhas, num plano que não parece haver ladeira. É por isso que eu digo o centro. De moda, só havia pés de pau, alongados que parece bater no céu. Casas? Muitas! Todas de morada. Pois é. A cidade se dividia entre os bairros da Cidade (Alta) e da Ribeira, onde havia o comércio. Também tinha o Alecrim, Lagoa Seca, Quitas, Carrasco, Petrópolis, Tirol, Rocas e as praias do Meio e de Areia Preta. Para esses (novos) bairros (se é que se chamavam de bairros), só tinha casa de morada para o povo pobre. Pobre mesmo. De mala e cuia. Para os lados do Carrasco tinha um que povo chamava "Baixa da Coruja". Isso deu uma confusão! Niguém queria ou pretendia morar na tal chamada "Baixa da Coruja". O que se ouvia da gente era que morava no Alecrim, palavra mais nobre, apesar de Alecrim ser apenas um mato. Alecrim de Tabuleiro. Esse é o nome completo. Para os lados das Rocas...Xiiii! Era ruim! Rocas era de gente pobre. Quem morava no Tirol ou Petrópolis, era remediado. Nem pobre, nem rico. Remediado. Pois é. Agora, que morasse na Cidade, era rico. Era "doutor". Ora está. Governador, prefeito, secretário, diretor, dono de jornais,donos de livrarias e coisa e tal. Gente rica prá ninguém botar defeito. E essa gente morava na Avenida Rio Branco ou mais pra perto. Suas casas? Eram muito bem arrumadas. Toalete, (prás moças), pitisqueiro, (pra se guadar comida fina), estante (de livros importantes), birôs (para os donos da casa), quadro-negro (para se escrever) e sem falar em centros, cadeira de palha, camas de casal (ninguém entrava em tal recinto. Só o casal e a mucama, o seja, doméstica), guarda-ropas, onde se guardava as roupas finas de linho e vestidos de organdí e seda. Esses eram os equipamentos de uma boa casa de gente de bem que morasse na Avenida Rio Branco. Nota-se na rua os postes de iluminação encurvado no alto como um "J" ao contrário e as lanças dos bondes, que íam e vinham por suas estradas de trilhos de ferro. Um caso interessante era que, quando o bonde passava na emenda de um trilho para outro, soltava uma faísca que dava medo nas pessoas que vinham ou estavam nas calçadas. E por falar em calçadas, na Avenida Rio Branco, essas eram largas, de ambos os lados. Além das calçadas da rua, havia também umas calçadas menores na entrada da casa. Quem vinha da rua, tinha que limpar os pés na calçadinha, esfregando para um lado e pra outro até ter a certeza de que os sapatos estavam limpos das fezes dos animais que perambulavam na avenida: burros, cavalos, cachorros e até mesmo vacas. Se, por acaso, alguém pisava no estrume de um burro, tinha que tirar todo o escremento logo que subisse a calcada grande e, para entrar em casa, limpava ainda mais na calçada pequena. Esse ensino era dado nas escolas, aos meninos, rapazes e moças. Esse era o costume de quem morava em Natal, hoje, já bem diferente. Quem disser que alí é o centro da cidade, o chamado Grande Ponto, vai ter que rebolar até encontrar um local de referencia, pois onde tinham as casas de moradas, são, hoje, casas de comércio, lojas, bancos e outros locais de igual procedimento. Casas de barão? Nunca mais!
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