sexta-feira, 27 de novembro de 2009

RIBEIRA - 388

- SÃO TOMÉ -
Um apóstolode Cristo, aquele do "ver para crer", São Tomé protagonizou um dos raros mitos luso-brasileiros: o de sua própria estada na América do Sul. Sua presença no Oriente, desenvolvendo uma comunidade cristã naquela parte do mundo, já era conhecida no século VI, quando Gregório de Tours citou o fato em seus escritos. Logo sua fama chegou à Inglaterra, cujo rei Alfredo lhes mandou em embaixada, com muitos presentes, em 883, o bispo Sigelmus de Sheborne. Consta aínda que alemão Henrique de Murungen, nascido por volta de 1150, teria ido à Índia para visitar a cidade de São Tomé, retornando com relíquias que pelo menos até 1899 foram conservadas no mosteiro de Leipzig dedicado ao apóstolo. No século III outras relíquias do Santo teriam ido para Edessa, sendo levadas em 1144 a Quios e em 1258 a Ortona (Itália). Aberta em 1523 sua pretensa sepultura em Meliapor, nela se acharam ossos decompostos, um vaso de terra ensanguentada e um ferro de lança. Enviados alguns desses restos a Cochim, Goa e Basrein, ficaram em São Tomé um fragmento de costela e o ferro de lança. O dia dedicado a São Tomé é 21 de dezembro e, na Índia, ele é tido como um verdadeiro santo. Na Idade Média, essa devoção tomou conta por todos os países do Ocidente.
A presença de São Tomé no Brasil já registrada em 1507, no mapa-mundi, o mesmo que pela primeira vez cita como América a parte austral do continente. A lenda de São Tomé se difundiu rapidamente, tanto quem em 1516 já se falava em sua estada na costa do Brasil. Os índios das terras brasileiras tinham recordação de São Tomé e de suas pegadas pelo interior do país. Tais índios lhe chamavam de o Deus pequeno e mostraram as cruzes que São Tomé demarcou pelo interior da mata. Os silvículas acreditavam na existencia de um Deus maior e se diziam ser eles os filhos de São Tomé. Reforçando a idéia, a existencia das pegadas do santo impressas nas rochas em, pelo menos, cinco lugares da costa brasileira: São Vicente; em Itapoã, fora da Baía de Todos os Santos; na praia de Toqué Toqué; em Itajuru, perto de Cabo Frio; e na altura da cidade de Paraíba. Outras visitas identificaram as pegadas de São Tomé proximo a Grojaú de Baixo, próximo ao Recife. Nas rochas citadas botavam águas que os nativos consideravam "milagrosas". Tais rochas, com o passar do tempo, foram sendo raspadas como para se tirar relíquias e assim, a água secou. A maior obra de São Tomé teria sido a abertura da grande estrada que liga o litoral atlântico brasileiro ao Paraguai nas vizinhanças de Assunção. Chamavam-lhe o lugar Caminho de São Tomé. Também no Paraguai, e em sua própria capital, há registros sobre as pegadas do santo marcadas em rochas. O santo também caminhou até o Peru.
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