domingo, 15 de novembro de 2009

RIBEIRA - 374

- NATAL DE ONTEM -
Nesta foto vemos Natal (foto), capital do Estado do Rio Grande do Norte. Aqui, viveram os nossos ancestrais e vivem, ainda, os seus herdeiros. Uma cidade bucólica onde as pessoas mais velhas eram respeitadas pelos mais moços. Uma cidade onde se dava "bom dia" a todos e a qualquer um. No tempo antes do ano de 1970, não havia turismo, coisa que só aconteceu dez anos depois. Quem fosse visitar Natal nem mesmo se admirava de um progresso que já vinha tomando, devagar, os pontos mais distantes da cidade que era uma metrópole: metrópole de uma provincia do Rio Grande. Aqui, não se cuspia no chão, antigamente. As crianças - pobres ou ricas - tinham o direito de não ter direito. Natal era uma verdadeira Natal. E foi aqui que Alice casou com Antônio. Alice Leandro e Antonio de Castro. Ela nasceu em 25 de agosto de 1914 e viveu muitos anos em casamento. Ainda hoje, vive, com seus 94 anos. Da prole de Alice que se chamava "Minha", pode-se contar Valda, Airton, Ney, Berilo, Euclides e Ana Cristina. Além desses, Alice teve mais tres filhos que morreram quando ainda eram crianças. Portanto, foram seis os filhos de Alice. Dos seis, apenas um morreu: Valda que se chamava Valdinha. Ela morreu quando jovem, em acidente de carro. Foi uma longa tristeza para os seus pais e irmãos e irmã. Ana Cristina, sendo a última, nasceu em 1958. Os demais irmãos já eram grandes e se afagavam com a sua irmã pequena. Parecia com o papai e com a mãe também. Parecia com a vovó e com o vovô também. Não. Era ela só. Sua Magestade, a Nenen. Eu conheci Cristina quando criancinha. Nós - eu, minha mãe e meu irmão - moravamos em uma vila de Tio Zeca, na rua Professor Zuza, onde tia Alice morava. Uma casa de frente. Ao lado, um beco por onde se entrava e se encontrava os quartos da vila. Eram 8 quartos. A casa de frente, talvez pertencesse também a tio Zeca. Não me lembro mais desse pormenor. Sei que, eu, não raro, entrava pela porta do lado da casa de tia Alice, percorria toda sua extensão e saía por outra porta, também do lado, e pegava caminho até a vila. A casa era muito bem arrumada. Um esmero. Móveis de última geração. Cadeiras, mesas, pitisqueira, guarda-louças, quarda-roupas e mesmo camas de casal e de meninos. Por alí eu entrei várias vezes. Tudo isso, depois de meu pai morrer, em 1959. Por conta de sua morte, nós nos mudamos do bairro de Petrópolis e fomos morar em uma vila do tio Zeca, na Cidade. Essa foi a última vez que eu vi tia Alice. Depois. minha mãe encontrou uma casa já velha no bairro das Rocas e fomos morar lá. Mas tia Alice, continou a sua vida de cigana. Eu lembro que ela morou na rua Mossoró, esquina com a Av. Rodriges Alves, muito tempo antes de ir morar da rua Professor Zuza. Depois dessa casa, ela foi morar em uma rua estreita que dava acesso ao Matadouro, local onde se abatia o gado para levar aos mercados da Cidade, Ribeira e Alecrim. Depois disso, já não me lembro mais. Sei que, o seu marido, Antônio de Castro, que era militar da Polícia, saindo como Coronel, montou uma fábrica de sabão, nas Rocas, por trás de um lupanar de uma sonhora de nome Francisquinha, bem próximo do Campo de Futebol "João Câmara". A sua saboaria era em um beco muito estreito entre a Esplanada Silva Jardim e a rua General Glicério. E foi alí que ví, pela última vez o coronel Antônio de Castro, pois era aquele o meu caminho para o colégio Marista. Já hoje, tia Alice reside em um bloco de apartamentos na zona sul da cidade onde habita boa parte de seus filhos. Airton é aposentado da UFRN (Universiidade). Eu, algumas vezes encontrei com Airton no Campus Universitário. Ney se formou em Direito, mas preferiu seguir carreira de publicitário, principalmente no Rio de Janeiro. Ele publicou alguns livros, é poéta, integrou-se ao "Poema Processo" e, depois, largou tudo. Às vezes vejo uma poesia sua que ele faz para matar o ócio. Este ano, teve um livro seu que foi transformado em filme. Berilo, ah, eu o vi, quando estava em uma clínica médica na rua Potengi. Tempos depois, ele estava em outra clínica na Rua Jundiaí. Euclides tomou o curso de Veterinário e montou uma clínica no bairro de Capim Macio, na rua Roberto Freire. O terreno onde está a sua clínica pertenceu a seu tio José Leandro. Resta ainda Ana Cristina, que não quis fazer curso superior e se tornou dona do lar. Hoje, Cristina, pacientemente, vive ao lado de sua mãe já tão idosa e querendo assistir apenas o que passa na televisão, como que para se distrair. Desse modo essa é a longa e memorável história de tia Alice, vinvendo como a última herdeira de Miguel Leandro e Estefânia Leandro nessa bela cidade de Santos Reis que se chamou sempre Natal.
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