quinta-feira, 12 de novembro de 2009

RIBEIRA - 371

- ITAIPÚ -
De acordo com especialistas alemães do setor de energia, o Brasil poderia ficar menos vulnerável a apagões, caso tivesse uma maior variedade de fontes energéticas e dispusesse de usinas produtoras de eletricidade mais próximas dos grandes centros urbanos. O Brasil viveu horas de pânico na madrugada de terça-feira (10/11) para quarta-feira, quando regiões e cidades em 18 estados do país ficaram sem energia elétrica durante horas. Segundo o Ministério das Minas e Energia, o apagão se deveu a problemas nas linhas de transmissão. Para o diretor do Instituto de Tecnologia Energética da Universidade de Bochum, Hermann-Josef Wagner, um dos problemas brasileiros é a dependência de uma só fonte de energia. "Mais de 80% da energia consumida no Brasil vem de usinas hidrelétricas, explicou, acrescentando que, por esse motivo a fonte de geração fica distante dos centros urbanos, fazendo com que sejam necessárias longas redes de transmissão, como é o caso de Itaipú. Wagner acha que o governo deveria investir na diversificação de suas opções energéticas. "O Brasil deveria ampliar suas fontes, seja acoplando, por exemplo, usinas convencionais acionadas por combustível fóssil ou mesmo energia nuclear à sua rede de distribuição", disse. Ele mesmo viveu o problema na própria pele, quando visitou o Brasil há sete anos. "Estava no país quando houve um blecaute, em 2002", recorda. "Mas naquela época, o problema foi o período de poucas chuvas. A escassez de água atingiu o fornecimento de eletricidade e o povo foi incentivado a poupar energia", lembra.
O professor de economia energética da Universidade Jacobs de Bremen, Wolfgang Pfaffenberger, concorda que as grandes distâncias são um empecilho. Para ele, o problema dos apagões é inevitável nessas condições. "Itaipú produz enormes quantidades de energia, mas está a uma distância muito grande de São Paulo e Rio. Nesse caso, problemas com as linhas de transmissão são normais", afirmou. "Blecautes são e é um risco que se corre quando a rede é aérea, como no Brasil", afirmou o alemão, que já esteve em Itaipú e conhece os equipamentos da usina. Ele afirma que a tecnologia utilizada pela hidrelétrica é uma das mais modernas que existem. "O Brasil dispõe de uma rede de distribuição de alta tensão muito moderna, mais que a européia", ressaltou. No entanto, ele considera uma saída inviável a instalação de cabos de distribuição subterrãneos, como os existentes na Europa. "Os custos seriam muito altos, em distâncias imensas como as brasileiras, os investimentos seriam cerca de cinco a seis vezes maiores, o que não compensa em um sistema que dispõe de uma energia a um preço muito baixo".
Pfaffenberger recomenda um melhor mix energético, lançando mão de outras fontes geradoras de energia e usinas mais próximas dos centros urbanos, sejam elas de combustível fóssil ou mesmo nuclear. "Os brasileiros tem que pensar sobre isso, investir em outras soluções, apesar de a água ser uma fonte barata e renovável, principalmente se um aumento do consumo de energia é esperado nos próximos anos", completou. Ele compara a situação brasileira com problemas enfrentados pelos europeus. "Nas regiões do sul da França já chegaram a ficar várias semanas sem energia, localidades na Suécia também chegaram a ter uma interrupção de seis semanas no inverno", observou.
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