sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 17

- SOPHIA -
CONTO
Naquele início de noite, Sophia estava em sua casa, folheando revistas de atores, atrizes e de assuntos gerais, até chegar o horário do café da noite. No seu apartamento, não tinha mais ninguém. O sofá estava a um canto como todo o mobiliário da sala. Estantes, radióla, escriavinha e todo o utencílio que cabia na sala. As cortina que dava para a janela de fora estava fechada para evitar que olhares maledicentes pudessem ver o que se estava a fazer no interior do apartamento. Na mesinha de cabeceira que Sophia colocava na sala, dormia, silencioso, o telefone fixo que a moça não ligava muito para ele. Eram 7 horas da noite quando, de sopetão, assustando até, o telefone tocou. A jovem, que estava absorta, lendo as revistas da semana, se levantou e foi até à mesinha atender ao chamado, que poderia ser de sua mãe ou de uma irmã. Logo que pegou o telefone, uma voz de homem, misteriosa, lhe disse, então:
--- Safada! Você não presta! Abra a cortina! - disse a voz.
Sobressaltada, a jovem perguntou quem estava na ligação, pois a voz era de um estranho, pelo menos, de alguém que Sophia não identificava. Ela queria dar mais tempo ao homem e, mesmo assustada, temendo o pior, tentava manter a calma. Quem estivesse fazendo a ligação, deveria ser alguém de um apartamento próximo ao seu, do outro prédio, com certeza, pois estava falando de que a moça deveria abrir a cortina. Mesmo com as palavras chulas do homem, ela procurou manter a calma, dando margem ao interlocutor falar por mais um pouco. De início, tão logo atendeu a ligação, pensou no homem do apartamento do prédio ao lado. Quem seria ele? Ela apenas o conhecera de longe. Homem gordo, cinquentão, andava só, com sobretudo, uma pasta, roupas escuras, sapatos pretos, meias pretas. Era tudo o que se lembrava a moça naquele instante. Então, perguntou, sem dar margem a outro desaforo.
--- Quem fala? Pode-me dizer? - falou Sophia.
--- Você não presta e nunca prestou!. Sinha rameira! - falou o homem.
Então, Sophia foi tomada de susto. Algo tenebroso lhe passou pela mente, procurando decifrar de quem podia ser, além do homem, aquela voz sinistra. Devagar, a moça foi até a cortina, abrindo parcamente um dos seus lados, olhando por uma fresta, verificando alguma coisa que pudesse identificar o homem do terno escuro. Sophia, nervosa, temendo o pior, sem saber quem estava a falar, olhou bem para o outro edificio, procurando enxergar algo de estranho que estivesse acontecendo nos apartamentos não tão distantes. Apesar de ter verificado, nada encontrou que pudesse identificar a voz do homem.
Nesse instante, o homem desligou o telefone, deixando a conversa parada no ar. Quase que desesperada, Sophia tentou chamar mais de uma vez, porém não houve resposta. O telefone, com certeza, estava desligado de vez. Um suor frio lhe desceu à espinha e um assombro fez a moça estremecer de pânico. Era aquela a primeira vez que alguém telefonava para Sophia, com certas acusações desaforadas. Ela, então, pensou nos namorados que tivera, porém nenhum deles chegava a ter a voz do homem do terno escuro. Sophia pensou até mesmo em ser um trote de algum desocupado e então não era mais inquietante levar em conta. Nesse momento, então, o telefone voltou a tocar novamente. Ela correu para atender, já presumindo de quem seria a voz.
Porém ,no outro extremo da ligação, quem falava era a sua irmã procurando saber como estava de saude, o trabalho, o namorado e outras coisas vãs. A tudo Sophia procurou responder sem maiores detalhes. Com relação ao recente namorado, esse tinha embarcado em um navio e devia demorar uns três meses para voltar, dizia ela à irmã. Na verdade, o namorado embarcara, mas o namoro havia sido desfeito há algumas semanas. Isso, ela não disse à irmã. Houve mais algumas palavras ditas entre ambas e logo a irmã se despediu. E o telefone voltou ao repouso. Ainda, um tanto inquieta, Sophia voltou a ficar próximo ao telefone e, por algum tempo, cansou e saiu para cuidar da janta que devia estar por fazer. A moça entrou no banheiro, para se refazer so susto que lhe acudira, procurando tomar um banho enquanto a janta se preparava no forno elétrico. O apito da chaleira haveria de identificar que a água do café estava quente e, com certeza, quase pronta a janta no forno elétrico.
Tão logo saiu do banho, ela se lembrou em trancar a porta do apartamento com mais segurança, coisa que a moça esquecera, afinal, de fazer. Enrolada na toalha, ela correu para fora e trancou a porta com duas chaves. Ao voltar para a cosinha, deligou a lampada, deixando a sala às escuras, com o ambiente apenas iluminado por uma restia de luz vinda da cozinha. A jovem estremeceu ao passar próximo ao telefone. De repente, sua atenção se voltou para o lado da cortina, vez que alguma coisa se mexera no lugar. Temendo o pior, a moça tomou de garra uma estatueta feita de bronze que estava em cima da estante onde outras estatuetas pequenas estavam e rumou, passo a passo, para a cortina. Ela queria saber o que estava de movendo atrás da cortina e, de sopetão, puxou o pano, descobrindo todo o ambiente. Mesmo assim, não era nada. Tudo estava trancado. Apenas devia ter visto algum movimento de algo que não era temível. Ao voltar para a cozinha, um homem robusto, de terno escuro, agarrou a moça pela garganta, enrolou uma toalha e torceu com força a garganta da moça que se locomovia com ímpeto, para todos os lados, tentando se desagarrar a todo custo daquelas mãos tão fortes que lhe acoitavam de forma assassina. A luta durou poucos minutos até que a moça desfaleceu. Nesse dado momento, ouviu-se um baque na porta do apartamento. Era a polícia que entrava de sopetão, gritando:
--- Mãos para cima! É a polícia! Você está preso! - disse um policial enquanto que outros procuravam reanimar a jovem desfalecida.
O homem de terno escuro procurou fugir e de imediato um policial disparou a arma alvejando-o na perna, fazendo o homem cair. Outros agentes se ocuparam do homem, enquanto outros reanimavam a jovem que, aos poucos, voltava a si. A polícia procurava algemar o homem de terno escuro e dizer as palavras de praxe. Com o decorrer dos minutos, um policial disse a Sophia que policia já estava sabendo da existencia do homem e que seu telefone havia sido grampeado para ouvir suas ameaças de morte. Ele foi pego quando a polícia descobriu o telefone para onde o homem chamara. Tão logo a polícia descobriu aquele alvo, se deslocou para o apartamento de Sophia onde quase chegara tarde demais.

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