sábado, 20 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 33

- LARISSA -
- CONTO -
Larissa vem do grego e diz ser pessoa cheia de alegria. E era assim Larissa Orseide, nome pelo qual a identificava. Foi dessa forma que Hélio a conheceu, muito embora não a chamasse pelo seu sobrenome pois sentia certa dificuldade de pronunciar. Não se importando com o seu nome, a jovem procurava ter o mais alto respeito dos seus amigos. Rosto redondo, olhos quase mortos, nariz afilado, boca de eterna candura, seios repletos, era desta forma a jovem mulher dos seus 22 anos. Mas parecia uma deusa grega como o seu pai costumava dizer ao brincar, quando ainda era uma menina. Seus avós chegaram ao Brasil no século 19 e daí, tiveram filhos e, um deles era o pai da jovem e inquietante Larissa. Seus avós seguiram o plantio de uvas. Seu pai era funcionário publico e Larissa era apenas estudante procurando completar os seus conhecimentos no terceiro grau e se formando como professora de Linguas Mortas ou Desaparecidas, uma colocação sem par para uma deusa como a jovem dama. No meio disso tudo, encontrava-se Helio, rapaz jovial, elegante, terno completo, mãos sempre limpas, esguio e de certa altura, coisa em torno de 1,70 metros. Para Larissa, ele era um homem completo. Formaram conhecimento na Faculdade onde Hélio também cursava Letras e assim, veio aquele contentamento para ambos. Com passar dos dias, os dois amantes fugiam para algum lugar onde namoravam, passeavam de barco a remo, conduzido apenas por Helio, tendo no apoio a sua namorada, brincavam de se esconder, caíam cansados na margem do rio e passavam o domingo inteiro a fazer tais travessuras.
Certa vez, os dois acertaram o casamento, ao descontento do pai de Larissa. Mesmo assim, resolveram casar ao costume dos gregos, com danças folclóricas, ropas típicas, comidas e bebidas . O casamento grego pode ser considerado um tributo ao festejo e quem presencia jamais esquece. A recepção de um casamento grego é uma verdadeira festa onde a diversão e a dança são palavras de primeira ordem. Algumas tradições são originárias da antiga Grecia. Tal como em muitas outras culturas, no passado, o casamento grego era uma espécie de acordo entre a família do noivo e a familia da noiva. A família da noiva oferecia o dote, que poderia ser uma parcela de terreno, dinheiro, ou outros bens da família. Na cama de casados dos noivos, era colocado o dinheiro oferecido, e quem visitasse também a casa costumava contribuir com dinheiro para a nova vida dos noivos. E assim se fez no casamento de Larissa e Helio. O seu matrimônio ocorreu no mês de Janeiro, pois seria mais provável à proteção da mulher, pois neste mês se dedicava a celebrar a deusa Hera, mulher de Zeus e defensora das mulheres. Por outro lado, Janeiro é considerado pelos gregos o mês da fertilidade. Doces e flores faziam parte dos convites que eram entregues em mãos às famílias. Era prática comum a noiva levar consigo, grãos de cereais como um ritual de fertilidade. O bolo de casamento era tipicamente feito com mel, sementes de sésamos e marmelo, simbolizando o bom e o mau que poderiam aparecer pela vida fora. De uma forma ou de outra o casamento representa um Sacramento. A cerimônia de núpcias de Larissa teve início como todos os casamentos gregos. A cerimônia foi iniciada fora da Igreja. com o sacerdote dando a benção e em seguida os noivos dirigiram-se para o interior do Templo onde acenderam as velas e seguraram durante o restante da cerimônia. Logo depois seguiu a coroação, ritual que simboliza o reconhecimento do papel dos noivos no reino de Deus. Por fim, o sacerdote segurou os braços da noiva e do noivo e conduziu os dois à volta da plataforma da Igreja três vezes. Assim, terminou a cerimônia ficando os noivos unidos como marido e mulher. A recepção da festa foi até o amanhecer, repleta de comida e bebida além de música clássica e de dança. Na tradição da dança, Helio e Larissa seguiram o costume de dançar juntos e unidos por um lenço e cada um agarrado nas pontas. Na festa de Larissa não faltou o quebrar de pratos para dar sorte ao casal. Esse ritual foi uma demonstração de se quebrar os pratos na soleira da porta para espantar os maus espíritos. Enfim, Larissa casou de forma mais antiga da tradição grega, com seu vestido rodado, longo e de luvas brancas igual ao véu da noiva. Helio vestiu um fraque como mandava o figurino. Alto era o dia seguinte, quando ambos se recolheram a seu lar. E a festa continuou para além das horas.

Nenhum comentário: