terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 36

- CANTANDO NA CHUVA -

- CONTO -

Era o ano de 1965 quando Rinaldo viu exposto em cartaz o "HOJE" de "Cantando na Chuva", filme rodado em 1952. Era aquele um ré-lançamento, pois o filme fôra o máximo no seu tempo de estreia. Para todos que os viram , Rinaldo ainda se lembrava dos comentários alusivos à película, fato que o impressionou bastante. Na época, Rinaldo ainda era pequeno e, assistir a um filme sozinho, não era recomendável para um garoto. Desde criança era ele o rapaz que tinha a sua simpatia por cinema. E, algumas vezes, chegou a ir, aos domingos, assistir com o seu pai filmes onde ele pudesse entrar, pois a censura proibia entrada de crianças e garotos em certos espetáculos, o que o deixava bastante constrangido. Então, Rinaldo se acostumou em assistir filmes de categoria inferior, pois era assim que a censura permitia. E ele costumava dizer, ao ver o anúncio de uma fita onde era censurado até 18 anos:

--- Bosta! Eu queria ver tanto este filme! É uma merda total! - comentava o menino.

Sendou ou não "uma merda total", o fato é que Rinaldo se contentava em assistir filmes de classe bastante inferior e nesses filmes ele vibrava com a ação do "moçinho" para acudir a"mocinha" que estava em perigo. Esses eram os filmes da Norte- América, pois não passavam outros de países como França, Itália, Alemanha, Inglaterra e bem mais. Até mesmo os filmes nacionais tinham censura, a não ser as comédias de última categoria. Quando passava um filme mais sensato, mesno sendo brasileiro, a platéia aplaudia com entusiasmo os últimos instantes daquela história. Porém, para Rinaldo, de pouco importava saber de uma película vibrante e até sensual onde a ação se passava com tal envergadura que, não raro, a platéia deslumbrava por enredos onde apenas diziam coisas que eram escondidas até do grande público, como cacheiras, rios e lagos para se opor até mesmo às grandes necessidades dos enlaçados amantes, até porque, cena alguma deixava ver a moça se agarrando ao rapaz para ter um orgasmo fatal. Com o passar do tempo, tais fenômenos se tornaram menos púdicos, pelo menos no cinema francês e italiano. Contudo, no tempo de Rinaldo, tais aventuras eram consideradas "feias" para quem assistisse o cinema americano. Havia cortes até mesmo na hora da projeção, no Brasil, onde cada filme merecia a sua censura.
Quando Rinaldo fez 18 anos, um peso se desfez do seu corpo. Nessa idade, ele poderia assistir a filmes até então proibitivos para alguém de idade inferior. Foi aí que ele assistiu a todos os filmes poibidos até 18 anos que chegavam a passar no cinema da cidade. E, no caso do filme desejado que o cinema anunciava para aquele dia, ele não olhara nem mais a censura, pois a todos os filmes Rinaldo tinha acesso. E foi assim que ele se empolgou em ver a atriz mostrando suas sensuais coxas em "Cantando na Chuva". Na verdade, o filme não tinha nada demais, a não ser a presença da atriz, Cyd Charisse que era um irradiante explendor, muito bela e meiga, por sinal. A estrela foi de todo enigmática no filme que encantou a platéia naqueles idos anos que Rinaldo assistiu ao espetáculo por ñ vezes que passava nos cinemas do Brasil.. Ao fim do espetáculo, o rapaz comentou severamente:
--- Ô bosta! Não teve nada demais para censurar! - comentou Rinaldo.
E foi assim. por longos anos que ele se acostumou em assistir tais filmes de categoria então alemãs, irlandesas, suécas, japonesas e até mesmo chinesas onde também se tem censura para o desagrado de outros tantos Rinaldos da vida como foi, igualmente, para o jovem que não se contentava em saber de tais recomendações impostas pelo governo do seu país. Afinal, tais censuras nem precisavam ser recomendada, pois, no caso dos garotos, estes sabiam bem mais do que um filme onde tudo se passava às escondidas, mas se vendo por alguém que tinha mais saber do que os censores.

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