sábado, 27 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 40

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Às 10 horas da manhã, Otto entrou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para trato de assuntos particulares de sua empresa de aero-taxi quando se deparou com a figura por demais admirável da mulher que nunca mais a encontrara: Emma. A jovem de 28 anos estava ali, parada, olhando para Otto, com um sorriso amplo na face no seu modo de sorrir. Emma acabara de desembarcar do avião procedente da Europa, onde fora a negócios de exposição de quadros de sua empresa. Ela estava feliz por encontrar Otto sem ao menos ter que avisá-lo que estava para chegar. Aliás, na verdade, Emma não teria nenhum sentido em avisar a Otto, apesar da amizade nutrida entre ambos. Num ocaso da vida, eles se enamoraram em um virtuoso amor sentimental que ambos somente queriam desfrutar desse pelo afeto como se nada mais os importasse. Com o passar do tempo, eles romperam a angustia de tal bem querer e seguiram cada um para o seu lado. Otto era uma importante figura de negócios, já um tanto velho para Emma, pois, nessa altura dos acontecimentos, ele já estava com seus 47 anos. Casara e descasara com uma jovem mais nova que ele, depois do affair que teve com Emma durante algum tempo. De modo que Emma era ainda muito jovem e aquele amor não passara de uma chuva de verão para bem se dizer. Um amor de simples colegial com seu mestre. Porém, ao passar dos anos, com ambos mais experientes a jovem mulher já estava no esplendor da vida onde os negócios, as exposições teriam mais amplo lugar no seu ambiente. Com uma firma bem solidificada, a custeio de seu próprio pai, um alemão que residia em Berlim, sua terra natal ela viveria a seu bel prazer, conseguindo obras de certo modo clássicas para expor na Europa e, assim, viver a vida.
Ao desembarcar em Congonhas, Emma deveria seguir a seu atelier, onde haveria, por certo, outro volume de material para fazer mais de uma exposição. Contudo, a imagem de Otto, neto de alemão nascido no Brasil, imobilizou a jovem, pois não esperava encontrar tão cedo aquele mestre que, um dia, fora o grande amor de sua vida.
--- Tu estás perdido? – perguntou Emma de sobressalto.
--- Olá você! Que agradável surpresa. Nem pensava em encontrá-la – sorriu Otto ao responder tal questão.
--- É verdade. Cheguei agora, no avião. Ave. Quanto atraso! Duas horas e meia. – respondeu Emma.
--- Deixa-me comprar um desses que você não vai mais atrasar. E nem precisa dizer a hora. É entrar, e pronto. – respondeu sorrido, o homem.
A jovem sorriu e desfez-se da incomoda mala que puxava, passando para Otto que naquele instante de tensa ansiedade procurou ser gentil, Emma sempre alegre e exultante demorou-se a conversar sobre tratos e negócios. Em questão de minutos, Otto lhe perguntou um tanto apreensivo, onde Emma ficaria em São Paulo.
--- Não sei ainda. Em um Hotel, provavelmente. Depois sigo para a minha estância. Antes, porém, vou até o meu atelier, no centro. É isso. O retrato de uma dama! – e sorriu pra valer.
--- Ora. Não se apresse muito. Você pode ficar em meu apartamento. Sem custos. – sorriu Otto.
--- Ótimo. Agora: não tem cães por lá? – perguntou um tanto alarmada a jovem.
--- Não. Não tem. E sim, tem um gatinho. Mas é de porcelana. – sorriu Otto.
--- Ah bom. Isso não tem acuidade. – sorrio Emma.
E ambos saíram do aeroporto, pegando o carro de Otto, que o dirigiu com cuidado e ali mesmo, ficaram ambos a conversar. Onde Emma tinha ido, o que aproveitara então, passeios, Louvre, museu Schwules da Alemanha, Museu de Belas Artes, de Moscou, praças, recantos turísticos e coisas belas de se ver. Emma, em simples palavras contou de tudo o que vira e o que deixara de ver por pura falta de tempo. Além disso. Emma sorriu ao contar das cervejarias de Moscou, de um excelente requinte que dava gosto de se ver. Vinhos, as mais elegantes marcas e as cervejas, em copo até parecia um presente, acontecimento igual que a Alemanha.
No apartamento de Otto, todo mobiliado com acuidade e apreço, a jovem mulher deitou num amplo sofá de veludo, admirando os quadros expostos no ambiente e retratos mostrando o Velho Mundo que Otto guardava com o mais amplo carinho, recordações de seus avôs paternos. Nesse momento, o homem estava cuidado de afazeres na cozinha e, com pouco tempo voltou com uma xícara de café para Emma.
--- Obrigada! – respondeu a mulher.
--- Quando quiser, é só dizer. Eu faço o seu almoço. Acabaram-se os dias de sacrifícios que você enfrentou em Paris, Berlim, Moscou. – sorriu o homem
--- Deixa que eu mesma faço. Comida caseira. Isso que é vida. Comer e dormir. – sorriu Emma com orgulho e prazer.
--- O seu quarto já está pronto. – respondeu o homem.
--- Já? – perguntou a mulher de forma surpresa.
--- Se preferir. – arrematou Otto.
--- Bem, Nesse caso. ...Posso escolher? – sorriu a moça de forma deslumbrante.
--- Como quiser! – respondeu Otto um tanto alegre.
--- Vou dormir no seu quarto. Aconchegada a você. – rebateu Emma.
--- Ora vejam só. Depois de tantos anos. – contrapôs Otto, de forma alegre.
Nesse instante, Otto e Emma seguiram para o quarto de casal, esquecendo até as fotos perdida que Emma trazia em sua bolsa. Uma delas sugestiva expondo a mulher com o turbante na cabeça, enrolada em vestimentas alegres e sem altivez, mostrada suas coxas pequenas e macias ao final do robe, pernas enlutadas por uma espécie de perneiras que findava aos pés onde um sapato descansava ao seu dobrar. Aquela era uma foto tirada em Moscou por um rapaz homossexual. Seu rosto sério era encoberto quase no total, enrolado apenas por um turbante de peles de castor. As mãos, somente apareciam, pois a coberta de penhor lhe encobria por completo. Era uma imagem exuberante aquela da mulher meiga e lasciva como uma deusa do arcanjo. No claro-escuro do quarto Otto e Emma se abraçaram em torno de si e sem dizer se amaram frenéticos como dois anjos de imensa adolescência.

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