terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 29

- RELICÁRIO -
- CONTO -
O relicário estava exposto na galeria da Loja dos Sonhos, onde todos podiam admirá-lo com ternura e devoção na sizudez do mágico tempo. E alí estava também Euclides pensando em poder adquirir aquela esplendorosa joia que de há muito vinha ele a meditar em poder dar o presente a meiga e doce Racílva, uma boneca de louça, mais parecia ser. A menina, certa vez, perguntou a Euclides para que servia o relicário. Em resposta, o rapaz lhe disse que aquele era um presente valioso e só poderia tê-lo quem tivesse relíquias para guardar em eternos instantes de sua vida. A garota, nesse instante, sorrio de prazer como era o seu hábito costume. Ao dizer tal alocubração, Euclides quis enfeitar o poder de um relicário, simples, talvez, mas de eterno real valor. Relíquias são prendas de se guardar perto do próprio coração para o eterno penhor da devoção. Naquele real instante, Euclides estava a admirar o adorno da Loja dos Sonhos, pensando em poder adquirir tal pendor para satisfazer aos sonhos e quimeras que Racilva por ele inquietante soluçava. Aquela era uma peça tão simples que a alguém com afeto se doava em dias festivos. Porém, podia ser um objeto sacro-santo que apenas os monumentais templos ostentariam tê-lo, guardado nos esconderijos mais íntimos das tendas dos encontros ou no tabernáculo do mistério. O seu valor, tão singelo significava o preço de uma jóia rara como um translúcido e maravilhoso rubi. O encanto da primaveril Racilva era a carência de algo tão esplendoroso como aquele mágico e frugaz relicário. Para o poder e a devoção de Euclides fez o adquirir o brilhante adorno que o faria chegar às mãos sublimes da encantadora e devotada menina cujos encantos eram tão requintados e magestosos como as musas dos sonhos de alcova do jovem rapaz. Do momento então ao conquistar o relicário, Euclides saiu garboso e feliz pois tinha em suas mãos o guardador das miragens tranquilas da imberbe musa do seu eterno santuario. Era a consagração plena de uma volúpia onde jamais alguem seria atraido para ver os sacros segredos de uma menina. A autêntica escolha de um relicário por parte da delicada e eterna Racilva era o exemplo de sublimes intenções de riqueza multiplice dos que buscam rezar peregrino diante do altar dos distintos gestos da real nobreza. E então, Euclides, refletindo sobre a devoção daquele adorno procurou caminhar adentro a rumo onde a garota estava a esperar e sem saber o que lhe teria os seus bonissimos pendores à luz de um sonho que dele nunca antevera descortinar. Aquela lembrança seria página sublime que a guardaria para sempre no eterno do seu ser. Sobre as margens do seu sentir, outras mãos não tocariam para o seu ousado final. E, então, movido por tanta ternura, Euclides com delicadeza chorou.

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