quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 22

- JULIA -
- CONTO -
Uma tristeza imensa acudiu o coração de Julia naquela tarde de outono. Era tudo como se fosse uma ilusão que lhe cobria a face com lágrimas sentidas de ver um amor partido em busca de um horizonte distante para todo o sempre. Uma música dolente e cheia de prantos chegava até Julia como para dizer algo que ela não podia nem saber. A única causa que a moça esperava era o amor que findara ser um temível desamor. Roberto partira sem destino para uma guerra no meio das selvas sem querer nem mesmo saber de quem era a razão. Parecia ser o seu destino de lutar, lutar, vencer ou perder. Da última vez que foi a luta, quando voltou, Roberto era todo um farrapo estranho. De tal vez, ele disse que não voltaria mais à luta de povos distantes, de línguas diferentes, costumes diversos, razão enigmática. Para Roberto, aquele era o fim. No entanto, chegara agora um novo convite para a luta. Apesar de pensar e pensar, ele não se conteve e, arrumando a mochila, partiu de vez. Não tinha apelo de Julia que o fizesse mudar de idéia. Era uma questão de sobrevivência para ele ou para os rebeldes, como se tudo aquilo lhe rendesse algum elogio e proveito. No entanto, era a fome de ir à luta que o levava as selvas distantes dos Andes. Ele pedira a Julia que o esperasse pois tão logo terminasse o seu empenho, ele estaria de volta. A mulher não acreditou. No silêncio profundo do seu ser, Julia apenas chorava lágrimas de dor. Que seria das promessas de amor que ele jurava ter por Julia se a dor de uma saudade não refleteria os casos melhores da vida!. Nada além de uma quimera a soluçar decaída pelas venturas de pleno evanecer nos desalinhados sonhos do eterno impossivel. Para Julia, todo aquele pendor de um notívago sonho perderia o seu sentido de vez para sempre. Ao partir, Roberto lhe dera uma rosa, com se fosse para lembrar do seu verdadeiro e único amor. Rosa que empalideceria de tristeza para lembrar tão somente o naufragar do seu amargo coração. Naquela nostagia profunda, a mulher somente lembrava de que, um dia, aos pés da imaculada santa cruz, ajoelhados, em nome de Deus ele jurara eterno e grande amor. Era tudo isso que lhe passava pela mente desprovida de meras ilusões. O seu coração tinha razões desconhecidas da memória. As promesas e juras de um tempo atrás seriam afogadas no primeito canto do esquecimento. Ao dizer que voltaria muito em breve era o mesmo que aludir o clarim ao longe o chamava. Sempre no seu coração Roberto teria um canto de afeto, que fosse perto ou distante, além do horizonte. Ela não podia jamais esquecê-lo, quer sofrendo quer na felicidade, quando juntos ou separados. Disso ela podia crer, nas puras emoções da vida. Mesmo que ele jamais voltasse, guardando o seu lindo nome apesar da solidão lembrada em suas preces ressentidas que ao rezer pedia a Deus para que o ajudasse a voltar para o seu aconchego e não guardar os pezares de um amor.

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