sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 39

- VERÔNICA -
- CONTO -

Já passavam das 7 horas da manhã e Verônica estava com pressa para chegar ao trabalho, visto que o expediente começava a partir das 8 horas. Ela era filha de um casal separado que, a despeito de tudo, habitava a mesma casa em companhia de outras três filhas e um neto, filho de Eunice, a mais velha de todas, e que vivia separa do seu marido. Quando o relógio marcava pouco mais as 7 horas, Verônica se apressou em tomar banho em uma lata cheia de água, pois a condição de morada da família era de precária extrema. Na parede de fora tinha uma janela que vivia sempre fechada. Um varal de roupas era visto da janela pata outra parte do cômodo. Um fogão queimando a carvão também era visto no lugar, que se improvisava como cozinha. Duas cadeiras velhas era o resto da mobília da casa. E no compartimento tinha um guarda-louça de uma forma aparente, pois era feito todo de mosaico pregado na parede do cômodo. Em cima do guarda-louça, umas quinquilharias e uma toalha ao lado. Verônica enxugava seus pés com outro pano de passar no chão, quando era preciso. Ela calçava um tamanco e vestia naquela ocasião uma modesta camisola que cobria parte do seu corpo. Essa era a vida doméstica de Verônica.
Em questão de minutos, a moça estava pronta para sair, aos gritos da irmã mais velha com seu filho no colo pedindo que desocupasse a lata, pois precisava fazer café da manhã e preparar o mingau do filho:
--- Deixa-me entrar! – gritou Eunice.
--- Já vai!! – respondeu Verônica como pode com voz de quase louca.
Em instantes, a moça saiu da cozinha e passou pela irmã, empurrando para cima, ela e o seu filho, cruzou com outra das três irmãs, em verdadeiro desespero, mesmo ouvindo um xingamento a irmã mais nova:
--- Tá louca, megera?! – gritou com certa brutalidade a sua irmã mais nova.
A moça não deu resposta e procurou de imediato de arrumar às pressas, passando o pente no cabelo solto e bem composto, vestiu uma roupa surrada de tanto usar, não observando a sua mãe que entrou e saiu do novo velho recinto, tocou o batom de todos os dias e saiu às pressas como não se importasse em ter que tomar café. Na frente do casebre, o velho pai estava de costas a arrumar as roseiras. Outra irmã, ainda dormia, pois chegara tarde do comércio do sexo.
Logo depois do casebre de tijolo, ela deu chamada a um ônibus que se aproximava para que fizesse para no local. Independente disso, o ônibus teria que parar, pois era obrigatório fazer uma parada no local, onde cinco outras pessoas procuravam entrar a todo custo no seu interior. Verônica procurou forçar a sua entrada no meio das outras pessoas, uma das quais fez finca-pé para que ela não transpusesse o lugar. Enfim, o transporte deu partida, dirigido por um homem soberbamente gordo e um cobrador soberbamente magro. Na rua, os carros a passar, frenéticos num vai e vem de loucos, buzinando como se com aqueles buzinassos os loucos desvairados fizessem com que os carros da frente andassem mais depressa. A jovem se segurou onde pode ficar no meio de tanta gente que já enchia o ônibus, pondo-se bem perto de um jovem que estava sentado no banco e se aproveitava para cheirar aquele suave e doce encanto desejoso da moça. Ela olhou de cima para baixo e viu a intenção do jovem em querer sentir o cheiro do seu sexo. E permitiu ao jovem fazer o que lhe aprovava acercando-se mais do rapaz quase colando seu sexo com o rosto do moço. Vendo como lhe agradava o tal ensejo, Verônica sorriu e disse com leve empolgação:
--- Ai meu Deus. Como tem besta neste mundo. – sorriu a moça ao dizer tal caso.
E aí pensou em outro jovem que trabalha com ela. Todos os dias ou quase todos, eles estavam a fornicar quando o relógio batia o meio dia. Com todos saindo para o almoço, Verônica e Cícero ficavam a sós e, então, ambos aproveitavam para se esconder na sala onde tinha umas máquinas de revelação de filmes de jornal e lá, aproveitam as horas de ternura e enlevo. Cícero levantava o seu vestido e ela delirava de encantos com aquela delicadeza do amor. Era minutos de prazer e sedução que os dois amantes se deixavam extasiar. Em certas ocasiões, a moça se acercava do rapaz com total idealidade para ter um frêmito orgasmo enlouquecedor. Era o momento final daquela atração inevitável nos seus dias de real prazer. Ao terminar a passagem de eterna loucura. Ela se abraçava ainda mais com Cícero até o êxtase fervoroso de inesquecível brilho. Após àquela hora de delírio extremo, Cícero e Verônica deixavam o encantador recinto, onde o cheiro predominante era o de sais, nitrato e demais produtos de revelação, então procuravam o banheiro da redação onde se limpavam do odor esquisito do sêmen de uma cópula.
Ao parar o ônibus a moça desceu sem deixar de olhar o rapaz que estava inquieto em seu assento, com o agasalho sobre suas pernas, suando como um louco, incapaz de se refazer de sua insanidade delirante, olhando em virtual companheirismo da mulher sempre amada e se despediu de Verônica, sem mesmo o nome de ela ele saber. O carro prosseguiu viagem com o rapaz tresloucado em seu interior, olhando para qual lado a jovem caminhava. Ele notou apenas um olhar sorridente da jovem e de imediato a moça dobrou em uma esquina ao lado e seguiu sua viagem pensando então apenas no seu amado do meio dia. Aquele era o furor imortal que Verônica estava a pregar na juventude do belo Cícero, homem que ela tanto o amava. Desse instante em diante, ela somente teria o gozo para o seu companheiro de redação. O resto, era interminável passado.

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