sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 32

- CRISTAL -
- CONTO -
O seu nome era Josephinne Cristal. Uma bela e atraente mulher de olhos claros, boca suave, cabelos estirados e ligeiramente ondulados, sombrancelas arqueadas, nariz afilado e de uma altura mediana. Todos os seus amigos a conheciam e chamavam-lhe por Cristal, nome que herdou dos seus pais. Movendo-se a passos largos, muito embora vagarosos, a dama nutria afeição por um velho amigo cujo nome era Albert Joffre, nome de um Conde ou Duque inglês de tempos remotos. Durante a Iº Guerra Mundial, Cristal, inda menina, veio com os seus pais para o Brasil, residindo em uma cidade do sul do pais. Muito embora, parte de sua família foi residir nos Estados Unidos, em um território ainda pouco conhecido, em um lugar que nem se falava em guerra. Desse longinquo parentesco, Cristal não teve mais notícias. Com relação a Albert, ela somente veio a conhece-lo depois de anos quando estudava em uma Colégio existente no lugar e onde também estudava Albert que alguns lhe chamavam de Conde. Conde Albert Joffre, caso que ele não levava em consideração. Ainda pequeno, Albert brincava na fazenda de seus pais como qualquer garoto. Já, por seu modo de decencia, Cristal procurava ler autores célebres e imortais, negócio que faziam as suas amigas de estudos. Quando Cristal atingiu sua puberdade, aos 15 anos, houve festa em seu lar com a presença de várias moças donzelas, estudantes também, que comemoravam aquela bela idade da virgem. Nesse ponto, Albert igualmente estava presente. Seus pais não cabiam de regozijo e contentamento junto a outros nobres cavalheiros que falavam no começo da IIº Grande Guerra, mesmo muito antes do seu início, onde se falava apenas na Alemanha que sofrera forte derrocada. Eram as conversas do homens enquando as senhoras damas trocavam olhares para com os seus filhos vendo se alguém arcaria vantagens sobre alguma senhorita, vez que, no caso, todas as moças de 15 anos eram então chamadas por esse derivado. Houve danças à moda francesa, onde Cristal tomou aos seus braços a figura de Albert, bailando ao som suave de uma orquestra de cordas com esmero e bom senso. Alguém chamou baixinho a atenção onde se ouvia ao som dos violinos o casal de jovens a dançar.
--- Parece noivos! - disse uma voz.
--- E não repare! - dizia outra de cara torcida,voz abafada, e olhares medrozos.
O baile durou até altas horas da noite, quando todos os convivas foram para as suas mansões e Cristal convidou, apenas algumas amigas para que fossem dormir com ela, em um quarto amplo e bem arejado. Nesse ponto, Albert e os seus pais foram igualmente para as suas manções. Nos albores da adolescencia, as amigas de Cristal conversaram por mais algum tempo, histórias de salão até que veio o sono e, então, todas as mocinhas adormeceram. A luz da lua penetrava pelas brechas das janelas que entreabriam ao quarto escuro de Cristal e ela ficou a cismar por um tempo enorme até que o sono também a apanhou. Foi um acaso notavel aquele do dia dos 15 anos. Tempos depois, quando a moça já completara seus 18 anos, ouviu com espanto, alguém a tossir na sala ao lado do Colégio Imperial onde a jovem continuava os estudos para um grau maior. Ela calou e ficou a ouvir tão somente. Com o passar dos minutos, Cristal notou a presença de Albert que voltava de algum lugar ainda a tossir. Nesse instante, um calafrio lhe tomou o ser. Embora não quisesse admitir, Albert era o tal que tussira antes, pois ao voltar à sala de aulas, ele ainda tossia vagamente. Logo que terminou a aula, Cristal procurou Albert, porém esse, com temor, saíra intempestivamente. Desse dia em diante, Cristal não mais notara a presença de Albert. Curiosa que ficou, ela procurou saber, em casa do jovem o que acontecera de modo que Albert não fora mais a aula. Na mansão, o mordomo disse apenas que ele estava viajando com os seus pais.
--- Estranho! Muito estranho! - comentou a moça, baixinho.
E dalí, seguiu para a sua mansão, sem nada dizer a ninguém, mesmo a seus pais. Com o passar dos dias e a ausencia de Albert, a moça resolveu a perguntar à direção do Colégio a razão de tanta falta que causava o jovem. E a resposta veio meio fraca, pois em nada lhe satisfazia:
--- Tomar ares no bosque! - foi o que lhe disse a preletora.
--- Ares? - comentou baixinho somente para sí a jovem Cristal.
Vindo o passar das semanas correu a notícia mais grave que ela poderia receber: Albert morrera. Estava com tuberculose. A moça, desmaiou. Em sua mansão, a criadagem correu para socorrê-la, esfregando-lhe os pulsos, passando cânfora no nariz até que Cristal tornou. O mordomo a levou nos braços para o seu quarto de dormir e lá deixou a jovem acomodada de modo no seu leito. Uma mucama veio até o quarto e por lá ficou. Dapois, uma outra criada, acercou-lhe com um chá de ervas para que ela tomasse. Apesar de relutar insistente, Cristal tragou um leve e pouco da beberragem enquanto a mucama a acudia enrolando o lençol de linho para que a moça não sofresse de frio tanto assim. Não era frio que Cristal sentia. Era apenas a dor de perder um ente tão amado e querido por causa de uma doença cruel. A jovem ficou recolhida por um bom tempo, com a presença de seus pais, de modo especial, de sua mãe que lhe fazia afagos sem cessar desde o dia que soube da notícia da morte do seu jovem amigo. Com o decorrer dos meses, Cristal, já refeita do que acontecera, foi até o cemitério da cidade com um ramalhete de rosas depositar no túmulo da família Joffre onde Albert também fora sepultado. Desse dia em diante, Cristal não mais se importava em querer saber de outra ligação com alguém. Foi Albert o seu único e derradeiro amor, apesar de nunca ter revelado a ninguém. Desde então, passou a lecionar no Colégio Imperial até o último dia de sua vida.

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