quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

LUZ DO SOL - 31

- LIMITE -
- CONTO -
Duas almas em desalinho. Quando Elisa atendeu ao telefone já sabia que era ele. Todos os dias, Joel fazia essa ligação. Às vezes, mais de uma vez. Chegou o momento de se desfazer tudo, por completo. Por mais que Joel insistisse, para Elisa já não era mais possível suportar. Seu modo ativo de resolver, não teria modos de guardar por mais tempo. Havia conflito de ambos os lados. Elisa tinha em nome um significado semelhante ao de Joel. Ambos eram os adorados de Deus. Mas isso nada de importancia levava. Na sua altiva posição de mulher, ela era mais que uma simples senhora dos desejos profundos e em nada os seus nomes se aglutinavam. E ela nem pensava nisso. Apenas queria ser Elisa. Quando os dois se conheceram, na verdade, era um mar de rosas. Jantares à luz de vela, passeios em parques privados, viagens de canoas à luz do sol. Com o passar do tempo, o mar secou como um rio em tempo de estiagem. A moça, então, pensou duas vezes. Para ela, conviver com um homem que não lhe dava prazer era o mesmo que possuir um candelabro que não mais iluminava. Esbelta, rosto redondo, mãos suaves, cabelos curtos, ela era uma deusa ao contrário de Joel que nada do que ela possuia ele haveria de ter. Magro, longo, mãos grossas como um trabalhador de pedras, ele viera do interior onde a sua familia tinha um rancho de criação de gado. Mesmo assim, apesar do franco poder econômico, Joel não era um verdadeiro homem ativo e consciente. Para ele, gostar de gado era o mesmo que não querer saber das coisas que, por certo, ele queria viver. Bebidas, mulheres e prazeres. Ao conhecer Elisa. na verdade, Joel mudou o seu proceder. Já não queria mais saber dos prazeres que se encontrava com facilidade nas avenidas da vida. Mesmo assim, Elisa não se conformou, pois sabia que o rapaz, um dia, teria que voltar a sua vida de sempre. A mudança era uma questão de horas. Tão logo a jovem moça se acostumasse com seu modo de viver, ele trairia tal confiança. A jovem já tivera outras experiências de tal modo. Por certo, o jovem homem não lhe seria o primeiro. Com a sua perspicácia de vida, Elisa não se deixaria levar por outras iguais. Talvez, mesmo sendo uma jovem prudente, ela não temia o futuro de ser uma mulher ativa e sem esposo. A sua imaginação era de que haveria um espaço para alguém ou não havia espaço algum. Esse era o seu modo de pensar e de viver. Moça de grandiosas posses que nem sabia o quanto, na verdade, pois seus pais não lhes dizia do qual precisava e nos seus lastros bancários a fortuna era imensa como nem podia imaginar. Mesmo assim, Elisa não parecia querer saber o verdadeiro valor da furtuna. Ela morava sozinha, em um apartamento luxuoso e amplo onde dividia os espaços com os seus empregados e um mordomo. Não recebia visitas, a não ser dos pais e irmãos além de alguém muito conhecido. Por isso, nem o próprio Joel aparecia por lá, a não ser em outro requintado apartamento que ela reservava para os encontros de amigos, em um outro edificio onde pouco habitava. O seu cômodo ambiente era dividido entre muitas poucas coisas, como um cama de casal coberta por uma cortina de ampla e iluminação parca como Elisa gostava. Naquele dia de outono, ao tomar o seu café da manhã, o telefone tocou antes na sala onde o seu mordomo o atendeu. De modo, que ela sabia quem era o incômodo visitante da manhã quando o mordomo lhe transferio a ligação. Foi então que a moça ouviu com presteza os argumentos dados por Joel e, ao final, disse-lhe que não queria mais continuar aquela amizade, de forma duradoura, pois seu limite chegara ao fim. O acaso da vida teve um final que nem ela saberia dizer por quanto tempo. Era o inverno que acercava entre os dois corações amargos e solitários. Tudo acabou como um verdadeiro sonho de amor.

Nenhum comentário: