quinta-feira, 29 de julho de 2010

MEIAS DE SEDA - 27 -

- MEIAS DE SEDA -
- 27 -
Em um sábado de algum mês o Solar de Alba estava repleto de gente de todos os tipos para ver a estréia da ruiva Zilene que se fazia de ruiva. Era uma linda mulher que dançava as mais belas musicas de sua época. Todos os amantes estavam à espera dessa suprema deusa. Eram às 9 horas da noite onde todo se completava em sonhos e mentiras com os amantes lerdos a ouvir promessas de sabor enganoso. Entre bebidas e sonhos todos aguardava Zilene a bailaria. E foi em um tempo que a jovem mulher surgiu das sombras do enigmático Solar de Alba soltando beijos para todos os clientes de alcova que Zilene surgiu. Ao som de orquestras de radiola, ela retratava em passos curtos aquilo que os homens alucinados pediam: um instante perene de amor. Ao tocar de uma balada a jovem e eterna mulher se fez presente em meio do salão de baile. A todos dedicava o seu amor caliente e ardente. A nenhum se oferecia então. Apenas deliciava o amor de cada um. A conquista se esvaia em sombras do noturno amor vital que sombreava cada olhar soturno. Frases de carinhos e paixão eram o que se mais ouvia dos dementes de carinhos e paixão. Ela era a namorada de cada um que deixava as sombras da ilusão. O pedido de um beijo nos lábios era a freqüência de se ouvir dos ébrios apaixonados. O frenesi freqüente era dos embriagados dolentes, cujos pecados eram o de pedir para que Zilene pudesse dar um beijo e a chama ardente do seu amor.
As rendas de Sevilha eram o que mais fazia a exuberante fêmea algo impressionante naquelas vigílias de amor. Alegres e bravios os homens apenas se lançavam a divina deusa do salão de baile no Solar encantado. A cada qual lhe cabia a sua cruz pela esperança sentida em cada enlace que Zilene fazia ao passar como uma esguia e eterna flor de lótus perfumada que desabrocha a sua beleza eterna. A jovem mulher sobrepunha-se a todas as adversidades do eterno encanto demonstrando a sua primaz grandeza e exuberância acolhedora. E a cada passo ela demonstrava que os corações dos seres são como um lótus fechado. O bailado acalentado continuava pelo salão com Zilene fazendo voltear todos os seus amantes enamorados. Era uma verdadeira promessa de enganar que a todos os brunos amantes da noite. O tempo se passava e a mulher fatal descia ao seu camarim para seduzir alguém que ela enfim escolhia. Na noite desse sábado, após a dança em que Zilene mostrou o seu ventre, um amante do tempo se fez amante da deusa mulher. E os dois saíram concubinados. A débil fêmea entrou abraçada na alcova onde ambos fizeram amor completo.
Foi então que, nesse instante, alguém impeliu à porta da alcova de supetão a procura da mulher que ele mais amava por toda a sua vida delinqüente. Nessa ocasião o homem se deu por fé que sua mulher amante estava completamente despida a fazer amor ao sabor de tudo. O homem, desesperado, acionou a sua arma e desferiu tiros contra Zilene, tendo alcançado um deles. Sem a menor resolução a alcançar, Zilene apenas gritou como uma fera:
--- Não me mate!!! – gritou a mulher naquele instante extremo desprezando até mesmo o amante de ocasião.
O homem desferiu três balas sendo que uma atingiu a exuberante dama da noite e de todos que no extremado da sorte caiu desfalecida. O homem disse os impropérios contra a mulher e saiu correndo da alcova. Na cama estava o amante que não chegou a ser atingido pelas balas. Ele estava pasmado com o desespero do homem. Totalmente despido, o homem ficou atônito com a cena, tendo ficado escorado com seus cotovelos na cama enquanto outros entravam no quarto para atender a mulher com ferimento nas costas a altura da espinha dorsal, no ponto da sua cintura fina. Ao desespero de todos os que conseguiram entrar na alcova, soergueram a mulher de forma cautelosa e a levaram enrolada com cobertores para o veículo do Solar e a levaram para o hospital. Temendo por tudo e por todos, os homens e mulheres que socorreram Zilene se perguntavam o que dizer ao chegar ao hospital.
--- Diga apenas que era uma mulher da vida! – respondeu o mais velho de todos.
Uma das mulheres afagava a face de Zilene com se ela fosse sua própria filha. E corava então sendo consolada por outra mulher do lupanar que dizia apenas.
--- Ela fica boa! Ela fica boa! – dizia à mulher que acompanhava Zilene ao hospital.
O motorista e demais passageiros deixaram a mulher no pronto socorro. Ficou apenas a mulher mais velha que vinha na companhia de Zilene, preocupada por demais com a vida da jovem moça. Passaram horas e mais horas. Ali chegaram outras divas do Solar para saber de noticias. Os médicos se submeteram a cirurgiar a jovem e bela moça em uma operação que durou horas a fio. As amigas de Zilene estavam todas em pânico a espera de algum pronunciamento dos que faziam a cirurgia. Sono e despertar eram o que mais sofriam as damas. Por volta das quatro horas um enfermeiro chegou até onde as damas estavam e perguntou.
--- Quem é parente da jovem Zilene? - - perguntou o enfermeiro.
Uma mulher se levantou e nesse instante falou um tanto com assombro.
--- Sou eu. Mãe da moça. – declarou dona Doca. Ele teve conhecimento do caso logo as primeiras horas da manhã.
Quando dona Doca chegou ao café do Mercado Publico, logo após abrir o local chegou um rapaz do Solar de Alba para relatar o caso que houve com Zilene. A mulher se assustou e deixou tudo sob a responsabilidade de sua cozinheira. Com pouco tempo a mulher já estava na parada do Bonde para pegar a primeira ou segunda condução que a levaria até o hospital. Quando Doca chegou ao hospital, já estavam as mulheres de programa da noite. Elas estavam pela casa de saúde desde a madrugada esperando notícias. E passaram toda a manhã em companhia da mãe da moça sem conversar sobre nada a não dizer:
--- Como custa! Ave Maria! Que horas? – era o que elas diziam mais de uma vez durante o dia se aconselhando umas as outras. A mãe de Zilene chegou apressada e perguntou a atendente sobre o estado de saúde de Zilene, moça de vinte e poucos anos que entrara a primeira hora da madrugada. A atendente mandou que Doca esperasse, pois ainda não tinha notícias da cirurgia pela qual a moça passava. Desse minuto em diante ficou o andar de Doca por todo o corredor do salão a espera de qualquer noticias. A mulher não sentia fome apesar de nem tomado café da manhã. Chega à hora do almoço e a mulher ficou como estava. Era um domingo. O Café já fechara no Mercado da Cidade. Uma mulher chegou do Mercado e perguntou a Doca.
--- Como ela está? –pergunta a mulher assombrada.
--- Não sei. Ninguém sabe. Ninguém diz nada. Já passa da uma hora. - a mulher chorou naquele instante pela terrível sensação que lhe sacudira. Apesar de tudo, Zilene era sua filha. Tinha a cabeça dura. E se meteu com quem não tinha nada para dar. Era isso que Doca dizia a todo instante. O tempo era ingrato para com ela na forma como estava. Uma, duas, três. Quando era quase quatro horas da tarde o enfermeiro chegou de forma branda e educada perguntou por parentes da moça. Doca se apresentou. Ele então disse à mulher que podia falar com o médico. A mulher entrou de hospital adentro acompanhado o enfermeiro que conservava calado que não adiantava a falar com ele, pois nada responderia. Quando chegou a Direção da casa de saúde o enfermeiro fez a vez para que a mulher entrasse. E nada ele disse, fechando a porta em seguida. Dona Doca ficou sentada em uma cadeira de pau a espera dotal diretor. Tudo era silencio naquele corredor. Um grito de criança ela ouviu vindo de muito longe como se estivesse nascendo. Dois auxiliares de enfermagem entraram de repente pela sala empurrando uma maca e desapareceram no fim do espaço. Não havia ninguém na maca que os maqueiros levavam. Com pouco tempo, os maqueiros voltavam com uma pessoa deitada em cima da maca. Ela olhou assombrada e logo viu não se tratar de Zilene. Com um pouco de tempo surgiu um médico abrindo a porta do seu consultório. Ele se dirigiu à dona Doca e perguntou:
--- A senhora é parente da vítima? – perguntou o médico.
--- Sou sim doutor. Sua a sua mãe. Ela morreu, por favor? – inquiriu a mulher em uma forma de quem rezava com as mãos postas.
--- Não. Ela vai ficar alguns dias no hospital. As visitas só na parte da tarde. Não se preocupe. Ela vai ficar curada. – respondeu o médico.
Nesse momento a mulher não teve forças para sustentar e desmaiou.

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