segunda-feira, 6 de setembro de 2010

DANÇA DAS ONDAS - 12 -

Donna Reed
- 12 -
Ao voltar para a sua casa ou mansão naquela noite, Honório viu as duas mulheres – Do Carmo e Damiana – lendo certo livro cujo autor era desconhecido por ele. Ele cumprimento a sua mãe e deu uma piscadela para a garota. Damiana de imediato entendeu o seu significado. Durante o dia a moça esquadrinhou a casa de cima a baixo procurando um local de maior segurança para que os dois pudessem amar. De tanto procurar, sempre de olho na moça Catarina, para ela uma feroz rival, com mais idade e filha de dona Rosa a mulher da cozinha, encontrou um local mais sossegado dentre tantos existentes. Encontrou o local, mas não tinha sua chave. Então ele deixou o caso para ser resolvido por Honório. A questão era ela ter o quarto, mas não ter a chave. Na verdade, o castelo era com certeza um prédio assombrado. À noite, ninguém andava no sótão e tudo ali era escuro, certamente. A questão é haver iluminação. Porem, com o tempo, aquele recanto ficou desprezado pelos seus moradores e pouca importância se dava em ter ou não ter iluminação elétrica. Nesse caso, da falta de luz elétrica, a jovem menina acabara de pensar.

--- Escuro, ali! Deve morar o Diabo! Nossa! – ela comentou sozinha durante o tempo de espera pela chegada de Honório.

Mesmo assim, aquele era um local ideal para se amar, com ou sem iluminação. E Damiana ainda atentou sobre a participação de Honório e, com certeza, o mistério se acabaria. De modo foi que por volta da meia-noite, à moça esteve no quarto de dormir de Honório e percebeu que ele estava dormindo a sono solto. Devagar e muito cautelosa Damiana chamou o rapaz para poderem ir para o quarto escuro de cima do casarão. O rapaz não acordou, mesmo com a força empregada por Damiana a sacolejar o rapaz a todo custo. Ao desespero, a moça puxou o rapaz para fora da cama como a dizer:

--- Acorda homem!!! – clamou Damiana com voz baixa.

Com o tombo no chão o rapaz acordou assustado. Entre o pavor e o medo, ele quis gritar não fora Damiana tapar-lhe a boca. Em um instante, Honório estirado no chão, Damiana apoiada em cima do rapaz com um joelho e o outro, de um lado e do outro, ela sentada em cima do rapaz, então a sorrir, e fazendo Honório calar e então lhe dizer:

--- Tenho um quarto. Não tenho a chave. Arranje! – recitou Damiana para o atônito rapaz que não podia nem mesmo respirar.

--- Você é maluca? Há essa hora? Saia de cima de mim. Estou morrendo sem fôlego. – respondeu o rapaz querendo tossir e deixando a tosse correr para dentro de seu organismo.

--- Bosta! Você é um bosta! Fiquei acordada até agora e você me vem com essa! – reclamou a moça horrorizada com a decaída de Honório.

--- Espera! Está vendo que não consigo achar a chave de porta nenhuma há essa hora? – falou baixinho o rapaz.

--- Procure. Eu quero. Você sabe. Não estamos em casa? Pois pronto. Se arrume e vá buscar a chave. Se não eu grito. – respondeu a moça.

--- Espere. Tenha calma. Primeiro saia de cima de mim. Depois deixe eu me levantar. Em seguida vamos ver como fazemos. Pode ser aqui mesmo. Amanhã procuro a chave. Me diga qual é o quarto. – reclamou Honório.

A moça se levantou e liberou Honório que desse modo pode se soerguer do chão frio. O que ele disse até que fazia sentido. Dormir com ele em sua cama não era coisa ruim. De um pulo a moça ficou de pé. Sorriu para o rapaz e o deixou se soerguer ainda sonolento. Do seu lado, Honório soergueu de imediato e se limpou da poeira do chão pregada em sua cueca fazendo um aceno para a mocinha falar baixo, pois podia acordar a casa toda. A moça sorriu contente de ver o rapaz apenas de cueca. Bolinou nas partes intimas de Honório e quis fazer sexo ali mesmo levantando seu vestido ornado de organdi que a mãe de Honório lhe dera como mais um presente entre outros tantos.

--- Espera menina! Assim não! Vamos pra cama! – reclamou o rapaz inquieto.

--- Aqui mesmo! Não tens coragem? – indagou a moça com seu ar excessivo.

E ali mesmo eles começaram a se amar.

Na manhã seguinte, já por mais de sete horas, Honório ainda dormia com Damiana ao seu lado com o seu quieto sono. A filha da empregada foi quem notou a ausência a moça e perguntou a sua mãe por onde ela andava.

--- Por aí. – respondeu a mulher meio desconversando.

--- Estranho! Não vi a moça ainda hoje! – conjecturou Catarina com a cara meio inquieta.

--- Eu não gosto de você com esse agarra-agarra com a menina. Você sabe quem sou eu! – reclamou dona Rosa que ainda lavava os pretos para deixá-los bem limpos.

--- E eu estou com agarra-agarra com ninguém! – respondeu de forma antipática a moça.

--- Eu te meto uma panela dessas no teu focinho se você me responder outra vez! – brigou a mulher com a sua filha.

Certo tempo foi passado quando, de repente, Honório abriu os olhos procurando o relógio de pulso e topou com Damiana. Ele ficou alarmado. A hora marcava quase oito da manhã e ele ainda estava a dormir. Damiana roncava, dormindo no sexto sono. Ele nem acordou a mocinha e se levantou sorrateiro, despontou do quarto com escova de dente, sabonete e toalha de banho trancando com chave a porta do seu quarto. O rapaz estava patético com o horário de chegada no escritório. Já era muito tarde para quem costumava a chegar antes das sete horas e dessa feita não chegaria antes das nove. Ele não teve tempo de tomar banho e apenas escovou os dentes, passou água no corpo, urinou e voltou correndo para o seu quarto, arranjando tudo como se tivesse passado à hora. Felizmente a sua mãe não se levantara. Com certeza estaria rezando ou dormindo. Honório olhou para a cama e notou por mais a presença de Damiana. Nesse instante foi ele que sacolejou a moça até acordá-la.

--- Levanta! Levanta! Veja se sai às pressas. Corre! Não faça barulho! Levanta! – chamou Honório com muita pressa a moça.

Então Damiana se espreguiçou toda olhando para o rapaz e voltando a dormir coisa que era mais para fazer dada à hora avançada da manhã. O rapaz estava se ajeitando quando percebeu a moça a dormir novamente. Ele açoitou com o lençol feito uma corda e puxou para fora da cama como Damiana fizera com ele pela madrugada.

--- Levanta moça. Vou trancar a porta! Ouviu! – falou baixo, mas um pouco severo Honório

--- Ah. Não se pode nem dormir nessa casa! – levantou a moça com a cara meio atravessada, soltando gases fedorentos como ninguém e abriu a porta do quarto. Ela olhou de mansinho para ver se tinha alguém na sala. E fez um sinal para o rapaz dizendo:

--- Tudo limpo! – e saiu para o seu quarto pegado com o de Honório.

Ninguém vira dessa vez as arteirices de Damiana passando de um quarto a outro. De imediato, ela ouviu alguém gargarejar longe do quarto e pensou na senhora Do Carmo. Ela então se acomodou na cama, deixando a porta trancada a chave. E pegou no sono novamente até dez horas da manhã. Quando acordou de verdade, ele ouviu a Catarina dizer que o quarto de Damiana estava fechado a chave. Outra voz perguntou:

--- A menina está dormindo a esta hora? – voz de Do Carmo inquieta.

Damiana sorriu baixinho fazendo uma careta de tanto achar graça. Quando alguém bateu na sua porta, Damiana então abriu e sem cerimônia declarou:

--- Que horas? – disse isso com a cara pregada do sono.

Era Catarina quem veio chamar a moça que àquela hora ainda dormia. A doméstica voltou-se como uma bomba e não disse coisa alguma. Mais uma vez demonstrava que as duas não cabiam no mesmo balaio. E saiu enfezada de mundo afora torcendo o rosto. A chegar à sala de jantar foi que ela resolveu falar. E falou com Dona Do Carmo.

---Vem aí. – falou Catarina saindo da casa ampla com amplo puder de moça.

A mulher viu a sua “neta”, como chamara desde a primeira vez e soube de sua existência, Do Carmo acercou-se a “menina” e a acolheu eu um abraço dizendo que a menina tinha acordado àquela hora tardia da manhã. Porem a deixara ir tomar um belo banho para largar e cumprir suas outras necessidades de costume. A garota demorou um bom tempo para fazer o que tinha que ser feito. Então, ao terminar suas obrigações, voltou para o lado de sua protetora dizendo-lhe palavras de afeto e carinho. A mulher, encantada com tanta preciosidade de palavras, a guardou em seu seio como um querido ou querida neta que tanto precisara. A menina encostou a sua cabeça de forma a sentir afagos da velha senhora. Porém, Damiana tinha que tomar café. A empregada Catarina veio trazer a sua refeição com um tremendo mal humor, pois aquela novata estava tirando o lugar que ela sempre desejara ter.

--- Tai a refeição. Beba se quiser. – disse a moça mal humorada.

--- Que é isso, moça? Estais com ciúmes da minha menina? – perguntou Do Carmo.



Nenhum comentário: