sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DANÇA DAS ONDAS - 30 -

- Madge Bellamy -
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Honório tão logo ficou sabendo do caso de Jorge Dumaresq. Naquela hora ele estava internado na UTI e maiores informações apenas com o médico de plantão. O rapaz procurou saber qual era o médico. A atendente logo lhe deu a informação desejada. Honório e sua noiva pediram licença e logo entrou no salão a procura do consultório do referido médico. Tão logo eles encontraram o consultório, foram entrando e ali havia outra atendente. A moça ouviu as explicações desesperadas de Honório sob a companhia de lágrimas de sua noiva. Ela recomendou apenas que o casal aguardasse um pouco, pois o médico estava atendendo outro paciente naquela hora.

Por quase meia hora Honório e Ângela ficaram a esperar paciência para o médico atender. Na oportunidade, Honório foi logo a perguntar qual o estado real de saúde do senhor Jorge Dumaresq. O médico lhe disse que era bom esperar as primeiras vinte e quatro horas para se ter uma noção do progresso da enfermidade. Reconhecido pela informação, Honório foi ao protocolo para tratar de internar como paciente de primeira classe, pois Jorge D estava localizado na indigência. Enquanto isso, Ângela ligava para a residência de Jorge D a comunicar o caso havido. A esposa Anita Colares Dumaresq soltou um grito febril.

--- Ai meu Deus!!! Onde ele está agora?! – indagou amedrontada a esposa de Jorge D.

--- Na UTI do Hospital Geral. Mas eu não pude vê-lo! – comentou Ângela chorando bastante.

--- Minha filha! Me espere que eu vou para o Hospital! Urgente! – falou a mulher Anita como quem começava a chorar.

A moça fez uma segunda ligação. Desta feita para a Mansão de Honório comunicando por sua vez a dona Do Carmo o mesmo acontecimento. A mãe de Honório falou que seguiria para o Hospital tão logo se arrumasse. O que sucedeu Ângela comunicou a Honório tão logo concluiu a tarefa. O rapaz olhou para a moça, enquanto preenchia os formulários e depois desviou a vista para o que estava fazendo. Foi passado um minuto então Honório observou o semblante mais que depressa da moça e então indagou:

--- Minha mãe disse o que? – perguntou alarmado o rapaz.

--- Ela vem também! – respondeu Ângela chorando as pencas.

--- Ô meu Deus! Logo a minha mãe! Você o que a ela? – perguntou o rapaz desatinado.

--- Que seu Jorge estava hospitalizado! – respondeu Ângela chorando muito.

--- Isso é uma merda. Agora vou ter que cuidar da minha mãe também. É merda. – argumentou o homem ainda insensato.

--- Vou avisar à minha irmã! – falou Ângela assuando o nariz.

--- Faça. Faça isso, - argumentou Honório enquanto enchia os formulários de primeira classe.

Em meia hora o Hospital Geral estava cheio de gente, a sua maioria, os Dumaresq. Cada qual que perguntasse como estava passando Jorge D. Era uma algazarra tamanha chega ninguém podia entender qualquer um. Ângela se apoiava no noivo e esse falava que era melhor todos terem calma, pois estavam numa casa de tratamento de gente doente grave. Um auxiliar de enfermagem vinha passando com um carro de mão e um paciente enfermo. O homem quase que cai dado o empurra-empurra do pessoal no corredor. Foi preciso vir gente de dentro do hospital para organizar a bagunça formada por parte de gente rica. Ao passo de alguns minutos, dona Anita à porta, foi recebida pelo médico de plantão. A mulher chorava tanto cujo lenço todo cheio de lágrimas teve que ser tirando da mão da mulher e lhe entregue outro.

O senhor Jorge D estava sob cuidados médicos, na UTI, com sintomas de problemas do coração. Uma vez ele estando a dormir sob efeitos de anestésicos, nada mais se podia fazer ou dizer, argumentou o médico de plantão.

--- A senhora é a sua esposa? – perguntou o médico bem paciente e calmo.

--- Sim! Anita Dumaresq. – respondeu a mulher entre prantos.

--- Eu recomendo à senhora esperar até amanhã à tarde quando o médico pode dizer a realidade do seu marido. - confessou o médico de Platão.

--- E eu não posso vê-lo agora? – indagou a mulher às lágrimas.

--- Temo que não seja possível. Mesmo assim a senhora poder dar uma olhadela através do vidro da porta. Ele está dormindo nessa ocasião. – recomendou o médico.

Anita, acompanhada do seu sobrinho Honório, se arrastou até a porta recomendada pelo médico e viu de longe o senhor Jorge D a dormir. Ela ficou naquele local a observar por uns cinco minutos e depois voltou, arrastando os pés, lacrimejando a todo o tempo e se reuniu com Do Carmo, mãe de Honório. As outras pessoas presentes perguntaram a Honório o que o médico havia dito. Com muita calma, Honório respondeu:

--- Só amanhã. O médico vai esperar as vinte e quatro horas para dar um diagnóstico real. – falou Honório acompanhado de sua noiva, Ângela, e de sua mãe, Do Carmo. A senhora Anita foi se sentar no banco posto no corredor onde já havia outros parentes de Jorge D. Passou-se mais de meia hora e Honório decidiu ir para a sua Mansão, levando a noiva para deixá-la em casa junto com a irmã Adélia e a sua mãe, Do Carmo, apesar da resistência da mulher em querer ficar no Hospital. Então, Honório, respondeu à sua velha mãe de que não adiantava ficar ali, pois não haveria coisa alguma a que se pudesse fazer.

--- Anita vai ficar! – respondeu Do Carmo chorando lento.

--- Eu volto mais tarde e a convenço de tornar para a sua casa. – respondeu Honório paciente.

Desse modo, a situação foi contornada. Ficaram Anita e alguns parentes de Jorge D. No caminho de volta para a Mansão, Honório sugeriu que no dia seguinte, salvo algum imprevisto, Ângela devia voltar para o ateliê e no local ela devia esperar por alguma novidade. Honório tinha o que fazer no Porto e, desse modo, ele voltaria logo depois ao Hospital para saber das providencias que haviam tomadas com relação ao internamento em primeira classe. Ângela ouviu tudo e até concordou com o que disse o rapaz. Contudo, Ângela indagou por que não ficava na Mansão em companhia de Dona Do Carmo. Nesse ponto, Honório ouviu a sua mãe se concordava ou não. No caso, a mulher concordou, mais pela aflição que estava a viver durante o momento sofrido, onde só lembrava-se do passar em que esteve metida quando perdeu o seu marido igualmente de um infarto repentino e fulminante.

Quando a moça foi a sua casa, para trocar de roupa, ele olhou para Adélia como a perguntar se haveria modo de Ângela suportar aquela dor terrível.

--- Suporta, sim. Tem que suportar! – respondeu Adélia quase a chorar.

--- É uma bosta! Isso é uma bosta! Isso é uma bosta! – retrucou Honório com relação ao fato, com todo o ódio do mundo.

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