sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DANÇA DAS ONDAS - 23 -

- Jeanne Moreau -
- 23 -
Nesse ponto, Honório agradeceu ao homem mais parecido com um monstro e seguiu para o seu automóvel. Ao chegar ao interior do veículo estacionado bem perto da casa que seria da tia do Adélia, olhou com a cara trancada e bastante feia para Ângela e perguntar-lhe se ela estava querendo zonar com a cara dele. A moça respondeu com uma pergunta do que era que ele estava falando. Honório respondeu:

--- Ali, aquele monstro veio dizer que Adélia nenhuma morava. – falou forte o homem.

A moça desceu do veículo, andando as pressas e chegou à porta tendo batido e esperado o troglodita aparecer. Quando o homem monstruoso abriu novamente a porta ela deu-lhe um chute na canela do mastodonte que fez o homem se torcer de dor e entrou ligeiro para dentro da casa chamando de forma rasgada pelo nome de sua irmã Adélia. A moça ouviu e de repente mandou a irmã fazer silencio, pois sua tia estava dormindo.

--- Tem um macho lá fora que quer falar com você! – respondeu Ângela de forma atrevida.

--- Eu disse ao “Tigre” que era para ele dizer que eu não morava aqui. Que foi que ele disse? – perguntou nervosa a moça Adélia.

-- Não sei. Vai sair ou não? – quis saber Ângela a perguntar de forma com bastante raiva.

--- É ele? – voltou a indagar Adélia com medo de ir para a rua com roupa de dormir.

--- Não sei! Vai? – quis indagar novamente Ângela de forma acalorada.

--- Já sei que é. Mande-o esperar um pouco. Eu vou vestir uma roupa qualquer! – respondeu Adélia com voz baixa para evitar acordar a sua tia.

Nesse instante, Ângela deu meia volta e começara a sair d casa quando se topou com o grande tarugo que ainda estava quase morto de dor na canela e a se lamentar. Ela olhou o homem e disse bem forte.

--- Energúmeno! – e fechou a porta com força chamando Honório para entrar.

--- É aí mesmo? – quis saber Honório.

--- Entra seu merda! Estou puta da vida! Vamos! Venha embora! – respondeu a moça bastante zangada a Honório. O homem veio com certo temor de ver novamente o troglodita e entrou para o interior da casa. Enquanto isso Ângela foi para dentro do automóvel. Ela entrou para o veiculo se acomodou de qualquer forma com a cara dura de ódio.

--- Putos! São uns putos! Agora fica esse veado com aquela choradeira ao pé da mulher que ele pensar ser moça! Tá aqui, ó! – resmungou de ódio a moça bem nova, de vinte anos.

Com essa acusação de Ângela surgiu uma nova luz. Adélia parecia não ser mais virgem. Se não fosse desagrado da jovem e majestosa mocinha, era um ponto o qual Honório deveria tomar conhecimento. Afinal, ser virgem ou não, para o rapaz tinha pouca importância. Mesmo assim, ele tirava Adélia como sendo virgem. Mesmo assim, ele não sabia de tal acusação. Aquele teria sido um desabafo de parte de Ângela apenas. Talvez. Talvez. Mesmo assim, o tempo se passou curto, dentro da residência a tia de Adélia. O rapaz fez o convite estendido a sua irmã, para que eles fossem para a posse do Presidente do Clube Lagunas no domingo seguinte. A moça de fininho descartou poder ir, pois teria de ficar na casa da sua tia, pois não havia ninguém para estar com a doente. Ela deixaria a missão por conta da sua irmã mais nova. Talvez a mocinha fizesse companhia e logo se ajeitaria as coisas de modo a ela poder estar de volta ao lar. Mesmo com a insistência de Honório, a moça Adélia não teve condições de dar um sim. Então, o caso voltou ao zero. Para Honório seria uma terrível decepção, mesmo tendo a garantia da presença de Ângela ao seu lado. Com essa decisão, Honório voltou ao automóvel tecendo as maiores descomposturas pelo seu azar.

--- Eu não disse que ela não aceitava? Agora você tem o “estepe”. – reclamou Ângela.

Honório teve receio de se irritar com Ângela e lhe pediu que não fizesse daquele modo o convite feito por ele. Afinal, era ela a sua companhia e companheira no almoço de Ernani e tantos outros prestigiosos companheiros. Pois se ela soubesse o significado de tal homenagem feita a um novo presidente, era bem de se acolher com simpatia e amor fraterno.

--- Eu sei bem me comportar. Você há de ver. Dez horas da manhã. Eu agradeço. Agora, você me diga um negócio! – falou Ângela.

--- Pode perguntar. – respondeu Honório.

--- Você, e claro, conhece mulheres. Disso eu sei. Nem precisa mentir. Mas, um alguém que você jamais vira em sua vida. Agora, me diga: Você conhece quando ela é uma moça? – indagou Ângela.

--- Bem. Eu pressinto! Algumas mulheres são mais seguras diante desse fato. Outras se deixam levar pelas palavras. Eu mesmo, não ligo bem para se uma jovem é virgem ou não. Se não for, tudo bem. E se for tudo normal. – relatou o homem a sua companheira.

--- Tudo bem. Eu pergunto por que eu fiz com você. E você sentiu na ocasião que eu era virgem? – indagou a moça.

--- Claro. Você era virgem! Ora que pergunta! – relatou o rapaz.

--- Quer dizer se eu não fosse mais virgem você percebia? – indagou a moça.

--- Percebia, sim. Nesse ponto eu sou mais experiente do que muita gente. – disse Honório.

--- Até que é. Até que é. Apesar de uma bananinha, eu era virgem. – sorriu Ângela.

--- Bananinha? Que bananinha? – perguntou cheio de curiosidade o moço.

--- Nada não. Só pensei. Posso pensar? – indagou a sorrir a moça.

--- Claro que pode. Mas que caso é esse de banana? – fez questão Honório em saber.

--- Não é nada. Apenas mera suposição. – relatou Ângela a sorrir.

--- Você com alguma banana? – indagou curioso o rapaz.

--- Eu não. Nem banana, nem abacaxi e nem jaca. – sorriu delirante a jovem.

No dia seguinte, Honório visitou Ângela em sua própria residência, à noite. Ele foi tratar de negócios, os quais não tinham namoro ou mexerico. Após cumprimentar a mãe de Adélia Honório foi direto ao assunto. No caso: trabalho. Durante esse tempo que convivera com Ângela e Adélia o homem notou alguma coisa a faltar. Por tal motivo foi que, após consultar o seu tio Jorge Dumaresq, ficou, a saber, de fato a volta de Luiza era quase nula. E nesse caso, Honório indagou do tio caso arranjasse outra moça se poderia levar, pelo menos para um teste. Com o acerto do tio Dumaresq, foi assim o convite feito durante aquela noite à moça Ângela. Ela ficou perplexa por não acreditar no que estava acontecendo. Porém, Honório lhe disse: seria uma fase experimental. Sou houvesse produtividade, ela ficaria em definitivo. A moça olhou para mãe e não teve uma resposta de dona Almira. Como se tratava de uma resposta urgente, Ângela então concordou em aceitar o trabalho.

--- Desde que me ensine, eu aceito. – sorriu Ângela aprovando a idéia de Honório.

--- Não tem problema. Amanhã mesmo eu passo aqui para levar você. Indo de carro é mais rápido. – argumentou Honório.

--- Certamente! – sorriu Ângela contente e feliz com o anuncio feito por Honório.

Depois de duas palavras o homem se despediu de dona Almira, mãe de Ângela e de Ângela ao dizer ter de ir a uma reunião na sede do clube Lagunas, do qual assumiria a diretoria de esporte no domingo e a posse de Ernani Salgado como o novo presidente. E por isso, era um dia de festa e aqueles convidados estariam logo cedo, no almoço de confraternização e ao final da tarde tinha a disputa do jogo entre Lagunas de Esmeralda, time convidado de outro Estado, cuja chegada se daria na sexta feira. Com isso, Honório se despediu da moça e de sua mãe.

Ao chegar a casa, a Mansão dos Dumaresq, tarde da noite, Honório teve uma surpresa. No quarto de dormir de Damiana, ela estava na porta com se estivesse esperando pelo rapaz. Ao passar na porta do quarto, Honório teve um ligeiro susto com o chamado de Damiana, quinze anos de idade, para lhe contar algo de novo. Ela falou da entrada da porta que seria melhor eles entrar para o cômodo, pois como estava à moça em roupa de dormir ela despertaria a atenção de alguém que aparecesse. Honório, então, obedeceu ao pedido da mocinha e entrou ficando a espera que ela falasse.

--- Diz menina! – falou Honório, com pressa para urinar.

--- Já te disse que não gosto que me chame desse modo. Bem. É o seguinte: Eu vou embora. Pretendo viver junta com Domingos. Conhece? – perguntou Damiana com a cara firme.

--- Aquele rapaz? Sei quem é. Hoje mesmo eu o vi. Mas você vai assim sem eira nem beira? Aqui tem comida, dormida, cama, roupa, aquilo que não terás com ele. – falou surpreso o rapaz ao mesmo temo em que dava graças a Deus por a moça ter tomado a iniciativa.

--- É. Isso é. Mas posso voltar uma vez por outra a esta casa. E ele é o rapaz de confiança de dona Do Carmo. – respondeu a moça.

--- Tá certo. Concordo. E nós? – perguntou Honório querendo seduzi-la.

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